Na obra Comunidades Imaginadas, o historiador norte-americano
Benedict Anderson busca explicar as origens do nacionalismo, enquanto
fenômeno abrangente nas sociedades modernas. Para entender o crescimento do
nacionalismo enquanto fenômeno político, Anderson aponta as raízes históricas
para o surgimento do conceito, que ele vai creditar, finalmente, a contribuição
decisiva dos países colonizados, fora do eixo europeu, ligados às lutas
asiáticas e latinoamericanas.
Benedict Anderson nota, logo no início da obra, que as
guerras entre países que tiveram sua origem moderna em revoluções marxistas,
hoje tem o “nacional” acima de outra qualquer categoria. Conforme nos
lembra Hobsbawn, os estados marxistas tem
mostrado a tendência de se tornarem nacionais não só na forma, mas no conteúdo,
ou seja: nacionalistas. Dessa forma, a condição nacional (nation-ness), é o valor de maior legitimidade universal na vida
política de nossos tempos. (p.28)
Anderson, em sua crítica a tentativa marxista de entender o
fenômeno, aponta no texto do Manifesto Comunista, as referências nacionais –
aqui ligadas ao conceito de burguesia, como uma “anomalia” da teoria. Se a
burguesia é uma classe mundial, na medida em que é definida pelas relações de
produção, porque Marx utilizou o termo “burguesia nacional” ?, indaga-se
Anderson. (p.29)
Para o autor, nacionalismo,
nacionalidade e condição nacional são produtos culturais específicos, que
devem ser investigados em suas origens históricas e de que maneira seus
significados se transformaram ao longo do tempo, para chegar aos dias atuais
com uma legitimidade emocional tão profunda.
Ao avaliar o conceito de nação, Anderson observa alguns
paradoxos, como uma “modernidade objetiva” versus uma “antiguidade subjetiva” ,
ou seja, a universalidade formal da nacionalidade como conceito sócio-cultural,
e o poder político dos nacionalismos versus uma “incoerência filosófica”.
Por outro lado, o declínio das monarquias e o fim da crença
em uma centralização dinástica acelerou o processo, junto ao fato de que a
difusão de idéias e fatos em condição de simultaneidade criou uma noção de
co-existência.
Anderson também formula o conceito de “capitalitalismo
editorial”, onde aponta o aparecimento de livros em línguas seculares e de
jornais como relacionados ao surgimento do nacionalismo. Seria a união da
tecnologia na imprensa ao capitalismo emergente, que juntos impulsionaram o
surgimento de fronteiras lingüísticas e cognitivas que, entre outros fatores
associados, estabeleceriam uma base para o surgimento das nações modernas.
Comunidades
imaginadas. Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo,
Benedict
Anderson. Companhia da Letras, 2008.
Resenha de Marlon Aseff.
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