" Tu sabe, de repente foi aquele fogueteio, parecia um mundo de foguete e eu digo, óia Seu Sabino, e esse mundo de foguete o que será, vamos ver o que é? E saímos, nós não tinha chegado na esquina quando uma bala assobiou. Eu digo: -olha Seu Sabino, é tiro isso. E fomos até lá, o Seu Sabino ficou na esquina em frente aonde é hoje o (supermercado) 300 e eu entrei sozinho pela calçada. Fui passá num auto e já tinha um caído aí na calçada, arruinado, morto. Caminhei mais um pouco e num canteiro já tinha outro caído, um rapaz bom que eu conhecia, morava perto da casa da minha irmã lá. E no meio da rua tinha um, que estava ventando, e a roupa dele abanava assim, tava morto, mataram uma porção de gente. E eu quando entrei caminhando no Largo, um sargento da Brigada vinha com um revólver na mão correndo atrás de mim, e eu fui e botei as mãos no bolso, e segui caminhando e ele veio e se parou na minha frente e viu que eu não era de peleia e se foi embora. É que o sargento viu que eu não reagi, me olhou só. Aí eu dei volta e disse pro Seu Sabino: - Seu Sabino, vamo embora! "
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O barbeiro Humberto Bisso morava a uma quadra do Parque Internacional, quando deu-se a chacina dos militantes comunistas, em setembro de 1950. Aos 100 anos, em depoimento a Liane Chipollino Aseff, gozava de uma vigorosa memória. Na ocasião - julho de 2001 - lembrou daquele domingo primaveril, quando findava mais uma concorrida sessão do Cinema América. Bisso saía de um bar das redondezas, em companhia do seu amigo, o guarda noturno Sabino. Conforme o barbeiro, escutaram um forte barulho de fogos e, curiosos, foram verificar o motivo de tamanho alvoroço, deparando-se com a cena do crime. [A fotografia é de cartão postal do Parque Internacional, de meados dos anos 50. O crime se deu no Largo Hugolino Andrade, logo em frente aos automóveis estacionados].
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