quinta-feira, 18 de março de 2010

Hélio Santana relembra Santos Soares


"Eu sempre tive, na minha concepção, que nós não entendíamos de marxismo-leninismo, nós entendíamos de esquerdismo. Marxista era esse velho, Santos Soares, que mesmo com a saúde abalada, dava orientação de cima da cama. Todos os operários de fábrica e padaria lidavam com ele. Tinha mil e tantos operários militantes, entre o Armour, a Padaria Aragonez e outras, uma quantidade enorme. Foi um baluarte das lutas políticas entre Santana do Livramento e Rivera. Tinha uma biblioteca marxista, que era notável que um operário tivesse uma biblioteca tão perfeita(...) Para se analisar a situação da fronteira naquela época, era como se fosse um partido só. Tanto se militava no partido brasileiro como se militava no partido uruguaio. Onde havia um ato do partido iam quase todos das duas cidades. Aos grandes atos do partido comunista brasileiro, compareciam os comunistas do partido uruguaio, e assim também do outro lado. Mas o fundamental para mim, é que o marxismo-leninismo vinha de Santos Soares, que muitas vezes dava aula no partido comunista uruguaio. Foi o único elemento que mais se aproximou do marxismo naquela época."
Hélio Santana Alves (foto), comunista e ativista sindical, falecido recentemente, aos 96 anos, relembra a atuação de Santos Soares, criador da Liga Operária na fronteira, em 1918. Figura mítica, organizador dos trabalhadores fronteiriços das padarias, da construção civil e do Frigorífico Armour, cuja atuação se estendeu do começo do século até o início da década de 50.

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