segunda-feira, 21 de junho de 2010

Hélio Santana Alves: lembranças da luta


"Para se analisar a situação da fronteira naquela época, era como se fosse um partido só. Tanto se militava no partido brasileiro como se militava no partido uruguaio. Onde havia um ato do partido iam quase todos das duas cidades. Aos grandes atos do partido comunista brasileiro, compareciam os comunistas do partido uruguaio, e assim também do outro lado. Mas o fundamental para mim, é que o marxismo-leninismo vinha de Santos Soares, que muitas vezes dava aula no partido comunista uruguaio. Foi o único elemento que mais se aproximou do marxismo naquela época (...) Eu sempre tive, na minha concepção, que nós não entendíamos de marxismo-leninismo, nós entendíamos de esquerdismo. Marxista era esse velho, Santos Soares, que mesmo com a saúde abalada, dava orientação de cima da cama. Todos os operários de fábrica e padaria lidavam com ele. Tinha mil e tantos operários militantes, entre o Armour, a Padaria Aragonez e outras, uma quantidade enorme. Foi um baluarte das lutas políticas entre Santana do Livramento e Rivera. Tinha uma biblioteca marxista, que era notável que um operário tivesse uma biblioteca tão perfeita!"
Hélio Santana Alves (foto) foi militante do Partido Comunista Brasileiro, desde 1946, quando deixou a propriedade rural da família e juntou-se a luta do operariado de Santana do Livramento e Rivera. Sobrevivente da chacina que vitimou quatro militantes comunistas em 1950, manteve-se ligado aos preceitos comunistas até sua morte, aos 96 anos, em 2008. Neste depoimento, ele relembrou a figura do líder Santos Soares, organizador do operariado da fronteira. Texto originalmente publicado em Retratos do Exílio, solidariedade e resistência na fronteira (Edunisc, 2009).

2 comentários:

  1. O "velho" Hélio....
    Quantas lembranças . . . .

    ResponderExcluir
  2. Me gustaría contactarme con Nubem Medeiros
    nestor.chumbo@gmail.com
    Para hablar de historia

    ResponderExcluir