domingo, 7 de novembro de 2010

Mundo Árabe: tensões e conflitos

Boa noite. Confesso que me sinto gratificado pelo convite de falar sobre o mundo árabe seu problema crucial e crônico,um problema que chega a ameaçar a frágil paz mundial. Gostaria de me apresentar para esta platéia jovem, esclarecida, politizada, e que gosta de saber sobre os problemas internacionais, a fim de tomar uma posição justa - progressista e humana - participando assim na resolução dos problemas da humanidade e mostrando e afirmando que e um mundo melhor e possível.

Meu nome é Khader Othman, sou membro do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino. O comitê foi criado em 2002, durante o ataque israelense ao campo de refugiados de JENEEN que mostrou uma resistência extraordinária, de maneiro que foi chamado JENEENGRAD , em alusão a Leningrad ou Stalingrad, duas cidades russas que ganharam este nome pela resistência fora de comum apresentada pela população durante a segunda guerra mundial.

A historia registra duas sérias tentativas para dominar o Oriente Médio. A primeira foi no século 11 e durou ate século 13, e que foi chamada “as cruzadas”. A segunda tentativa é o conflito árabe-israelense que esta perdurando até hoje. A causa palestina é a causa mais longa, mais injusta feita pelo colonialismo europeu, temperada por forte dose de ódio e racismo, para servir aos interesses econômicos colonialistas, sem se importar nada com os valores humanos. Suas características foram bem conhecidas, pela brava resistência do seu povo, sua vitalidade e dinamismo, e pela solidariedade dos povos amantes da paz e da justiça.

Para entendermos melhor o conflito árabe-israelense e suas conseqüências, precisamos voltar na historia, exatamente para ano de 1895, quando no final de século 19, quando Teodor Hertzel ( um jornalista judeu) consegue realizar o primeiro congresso judeu na Europa. Era o auge da euforia das idéais imperialistas e ações colonialistas no mundo, lideradas pelas forças máximas da época, a Grã-Bretanha e França. Aquele pequeno congresso produziu uma idéia que consistia em: as etnias judaicas no mundo todo poderiam buscar um projeto de povo, e que esse povo já que e perseguido na Europa, precisa de uma pátria. Esta idéia nova no cenário internacional precisava de uma mãe protetora, e não tinha melhor mãe, que o colonialismo, a mãe dominante de então. Para realizar este papel, não foi feita apenas uma aliança, muito menos foi uma cooperação. Foi a realização dos interesses entre dois, desencadeando sentimentos de violência e barbarismo na região .

Os demônios imperialistas guardavam a oportunidade para colocar a força Judaica em ação, e era necessária uma prova de fogo para dar a benção dos colonialistas. Oportunidade que veio na primeira guerra mundial 1914- 1917, onde a legião judaica participou ativamente na guerra a favor dos aliados Britânicos e Franceses, de maneira que este legião ganhou a confiança dos imperialistas que pagaram à vista o preço da sua participação na guerra.

Em 02 de novembro 1917, meses depois do fim da guerra saiu uma nota oficial do escritório do ministro das Relações Exteriores britânico, Lorde James Balfour, que dizia o seguinte : O Governo da sua majestade encara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povo judeu, e empregará todo o esforço no sentido de facilitar a realização desse objetivo, entendendo-se claramente que nada será feito que possa atentar contra os direitos civis e religiosos das coletividades não-judaicas existente na palestina nem contra os direitos e o status político de que gozam os judeus em quaisquer outros países. Desde já me declaro extremamente grato a v. sa. pela gentileza de encaminhar este declaração ao conhecimento da Federação Sionista

Esta declaração desmascara claramente a conspiração feita a mão e temperada pelo racismo e o ódio cultivado pela burguesia dominante na Inglaterra e França e a burguesia judaica, pois sem consultar o povo palestino decidem enviar para palestina, sem nenhuma base legal, um indesejável intruso, contrariando frontalmente o interesse palestino. Será esta atitude “uma simples pena dos judeus perseguidos” ou será que eles acertaram um papel para esta força recém-nascida atuar no futuro da região a serviço do criador ?.

Passaram-se mais de trinta anos e uma outra guerra mundial para a promessa do governo da sua majestade se realizar e se concretizar. Foi em 1948, e os sionistas como um grupo bem treinado e bem armado com ajuda dos britânicos e franceses, exatamente em 15 de maio de 1948, conseguem expulsar uma boa parte do povo palestino e instalar um governo judeu na terra conquistada.
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Podia terminar a novela neste ponto e com o tempo se acharia uma solução para o problema dos judeus perseguidos e dos palestinos injustiçados. Mas parece que o trato acertado era diferente do papel traçado para o estado recém-nascido. Era outro. O seu papel era perturbar, desestabilizar e atrapalhar qualquer possibilidade ou tentativa de progresso econômico, militar, ou até cultural para a região, mantendo sua dependência do centro econômico mundial . Para sustentar esta teoria e não ficar na mera acusação, vamos analisar os fatos históricos que foram surgindo na região, em virtude da criação do estado de Israel.

O mundo testemunhou e documentou em 1956 (8 anos após concretizar o estado judeu) a agressão israelense ao Egito pelos britânicos e franceses com participação ativa e violenta dos Israelenses.O motivo: o Egito nacionalizou canal do Suez. O mondo testemunhou e documentou em 1967 os ataques israelenses sobre três estados árabes, ocupando grandes áreas dos três estados árabes, no que foi chamado guerra dos seis dias, sob um motivo nada aparente para um contexto de guerra.

O mundo testemunhou e documentou em 1973 a guerra de Yom Kippur entre Egito e Síria, de um lado, e Israel de outro. O motivo da guerra era a reconquista das terras perdidas em 1967. O mundo testemunhou e documentou em 1980 o ataque aéreo relâmpago dos caças israelenses às instalações do programa nuclear do Iraque, onde destruiu por completo estas instalações mantendo a supremacia nuclear israelense sobre toda a região. O mundo testemunho e documentou em 1982 o ataque israelense e a ocupação do sul de Líbano para eliminar as forças da OLP. Durante 88 dias as forças israelenses cercaram a capital do Líbano, Beirute. Terminada a guerra, com a expulsão das forças da OLP do Líbano para Tunísia.

O mundo testemunhou e documentou em 1988 e durante cinco anos o levante palestino contra ocupação e pela liberdade e independência, chamada INTIFADA, que permitiu o surgimento das conversações de OSLO. O mundo testemunhou e documentou em 1996 a agressão israelense ao sul de Líbano, atacando a resistência libanesa que lutava para libertar sua pátria , os civis, entre mulheres, velhos e crianças fugiram procurando abrigo e seguranças nas instalações das forças da ONU. Foram duramente abatidos pelos caças israelenses dentro das instalações da cidade de QUANA, matando 103 pessoas, na sua maioria crianças e idosos, e dois soldados a serviço da ONU. O mundo testemunhou e documentou em ano 2001 a segunda INTIFADA, que durou também quatro anos, proclamando a independência, a liberdade e a seriedade nas conversações.

O mundo testemunhou e documentou em 2006 o ataque israelense sobre o sul do Líbano, cujo motivo foi liquidar as forças do Hizbollah, quando morreram 97 militantes do Hizbollah e 1.397 civis, além da destruição da infra estrutura que servia o povo libanês.

Mal termina uma guerra...começa a contagem regressiva para a guerra seguinte. E agora, alguém tem dúvida do papel destrutivo e racista israelense para toda a região? Basta olhar o mapa da palestina no começo das conversações de OSLO onde todos procuravam a perdida PAZ e o mapa atual !!! Para concluir, digo que dado o papel exato das forças sionistas israelenses, nós vamos permanecer em choque constante e em luta permanente até derrotá-las para o bem da humanidade e para o bem dos próprios judeus.

Palavras de Khader Othman, membro do Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino, proferidas durante a I Semana da Cultura Árabe e do Islã no Contemporâneo, realizada na Universidade do Estado de SC, de 18 a 21 de outubro. (foto: outdoor no Forum Social Mundial 2003, em Porto Alegre).

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