Esgotada a munição, os defensores d´O Maragato empreenderam a retirada, abandonando a tipografia e procurando abrigo nos prédios vizinhos. Nem todos, porém, conseguiram refúgio seguro, sendo muitos deles aprisionados. Nessa oportunidade, procurando evadir-se, o preto Francisco foi atingido por diversas descargas, caindo sem vida em frente à Livraria La France. Do pessoal que defendia o prédio atacado, apenas fora ferido o tipógrafo Pedro Caranta, administrador das oficinas do jornal, que, sem condições de fugir, ocultou-se dentro de uma grande caixa que servia para guardar o papel. Quando os blancos conseguiram entrar foi ele descoberto e ali mesmo degolado. Boaventura Izaguirre, julgando-se inseguro no local onde se encontrava, saiu à rua e investiu sobre a linha divisória, na esperança, talvez, de atingir a guarda que custodiava a Alfândega (localizada onde hoje se encontra o Varejo Sayon), mas foi alvejado várias vezes. Antes de cair mortalmente ferido quase na esquina da Avenida Tamandaré, matou com certeiro balázio ao jovem Pedro Curvello, de apenas dezessete anos, e que integrava o contingente civil às ordens de Gentil Gomes. [..] Ali mesmo Boaventura Izaguirre foi degolado pelo tenente Conceição Coronel, pertencente às forças do Caty.
O historiador santanense Ivo Caggiani, narra no texto acima o espastelamento dos jornais federalistas O Maragato e O Canabarro, em 16 de março de 1903. Opositores ferrenhos do governo Julio de Castilhos, derrotados em 1895, os desterrados federalistas editavam os dois jornais em Rivera. Na fronteira, castilhistas e Blancos mantinham um equilibrado entendimento político, nas figuras dos caudilhos Abelardo Márquez, chefe político uruguaio, e o coronel João Francisco Pereira de Souza, republicano. Publicado em "Retratos do Exílio - solidariedade e resistência na fronteira" (Edunisc, 2009).
Nenhum comentário:
Postar um comentário