Dona Isabel realmente é uma figura incomum. Aos 90 anos parece ter a vitalidade de uma jovem de 20. Com seus olhos azuis vibrantes, que emanam luzes quando o assunto é comunidade árabe, "los paisanos" e as coisas de seu partido Blanco, mantém em seu cotidiano um ritmo quase juvenil. Para isso, costuma utilizar uma estratégia muito prática: "nem me acuerdo que tengo 90 anos, que me importa!" Essa uruguaia, nascida no meio de uma família de tradicionais pecuaristas, é fruto de um hibridismo cultural típico da fronteira.
Filha de pai brasileiro, avó italiana e mãe uruguaia, desde a infância acostumou-se a ouvir a linguagem miscigenada de seus parentes. Desde cedo a jovem Isabel aprendeu o significado da luta por seus ideais de vida e mais tarde por seus desígnios políticos. Quando entrava na adolescência, deparou-se com um jovem e atraente mascate libanês, que vendia com seu "cache" pelos campos de sua família. O amor à primeira vista havia feito então seus prisioneiros! Embora contasse apenas 15 anos, a jovem tomou posição quando seus pais fizeram pouco caso do seu candidato. Será porque ele era árabe? A proibição desse relacionamento levou Isabel para a casa de um tio, onde novamente foi descoberta por seu pretendente, cerca de três anos depois. Os pais então a mandaram para Montevidéu, onde aproximou-se da comunidade árabe, da poetisa Laila Neffa e da juventede militante do Partido Blanco. Agora, Mussi Najas,o pretendente de Isabel, já era um promissor comerciante em Rivera, um rapaz que havia demonstrado muita coragem e iniciativa desde os primeiros anos no árduo ofício de trabalhador ambulante.
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