Apenas...Impressões!
(...)O limiar da luz há de
chegar, talvez não estejamos preparados para isso.  Meu motivo maior nesta vida, disto tenho
certeza, não será vagar, penar ou perambular pelas pessoas.
A utilidade social a que nos
permitimos, pouco adianta nessa obediência contínua e estéril: - Bom dia, como
vai você?  Não quer tomar um café?  Está tudo bem?...
Passarim pelos camarins e
meu aroma será degustado, apenas pelo ar e pelo brilho das canções.  Sorvido pelo cheiro inebriante dos
jasmins.  Estrelas andam vigiadas e
viciadas... Além de Namôr(es), além de Áfricas queremos viver, somos seres de
águas claras, ilhas soltas, exóticas... 
O importante nisso tudo,  é
preservar a lucidez.  Nestas épocas de
“crises”, sempre será possível descartar as poluições quando se está lúcido.
Penar a espera dos
desconhecidos que perambulam os arrabaldes da vida, é...desesperador, pelo
menos prá  mim que estou perdendo a noção
real do “quereres”.  É como ficar ouvindo
Sex Pistols, bem baixinho.  As ondas que navegam nas correntes límpidas
de CO(monóxido de carbono), são como o próprio movimento contínuo de moléculas
de poeira estelar, star dust.  
Alice Cooper esvai-me em melancolia.  Acho
que para escrever terei de “curar-me” de mediocridade e medos.  As coisas passam, mas tudo está now and forever irremediável. Oh! que desilusão brega, diante de espíritos
profanos sem sabor de ousadias mais profundas e profanas.  Tudo não passou de um paradoxo, as tramas se
enrolam aos traumas. 
Vou...ressuscitar-me.  O que mais
vale dos momentos é a intensidade de vida dedicada a eles.
Detesto a juventude besteirol, quero a integridade dos
momentos e neles me ilimitar.  Vivenciar os momentos, sem ao menos degustar
as horas em que eles são gastos, é desperdiçar o tempo e não senti-lo.  Tudo já está inevitavelmente decidido,
talvez, porque o espaço para a loucura e devaneios esteja curto demais.   Tenho que passar pelas chamas, sem virar
cinzas.  O quê?  O quês? 
De onde vem tantos por quês?
A “intesão” de não ser e não ter é terrível.  A eternidade em que se propagam as coisas é
desproporcional à intensidade em que a vida se consome.  A “decadance” já se tornou habitual, tudo bem
Rola um jazz a mil (Billy Holiday), e a vida segue rolando, rodando e
rolando...Alguns dançam e a morbidez é sorvida “on the rocks”. 
“...Chega do lirismo comedido, tipo funcionário
público.  Estou farto do lirismo que não
seja libertação...”, bradava o poeta Manuel Bandeira.  Não é preciso querer impressionar, já que
tudo se tornou tudo.  Isso é o que não
quero...  Desejo...                                     Apenas Impressões...
Texto do poeta santanense Luis Carlos Bueno (1961-2001)
Imagem:  "new", de Marlon Aseff, 2006.

 
