tag:blogger.com,1999:blog-47647820804833968302024-03-21T19:22:34.936-07:00Jogos da Memóriajogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.comBlogger120125tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-66849650126860704732023-12-08T04:11:00.000-08:002023-12-08T04:11:04.136-08:00<p> </p><p><span style="font-size: large;"> Lutas operárias na fronteira: as mulheres na linha de frente </span></p><p><br /></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1zOfAolxhyUewUCuYYfOO12lMOSNKolVkMvyqKwQ1jC9jadZiB30GChsdsdeyKkeFJY07J22s8X7jRnmch06Dqav9sTTPHeSMO21J7xI65kDfjffKDm9zNauSX4yix1RIVvz4CfevFWhKdFAxx8VsnUwY0zTI7Uw1-Vs-1Rzskl8ApEjMN5LQ0JfBm3Q/s1276/Celina%20Perez.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1205" data-original-width="1276" height="302" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1zOfAolxhyUewUCuYYfOO12lMOSNKolVkMvyqKwQ1jC9jadZiB30GChsdsdeyKkeFJY07J22s8X7jRnmch06Dqav9sTTPHeSMO21J7xI65kDfjffKDm9zNauSX4yix1RIVvz4CfevFWhKdFAxx8VsnUwY0zTI7Uw1-Vs-1Rzskl8ApEjMN5LQ0JfBm3Q/s320/Celina%20Perez.jpg" width="320" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A prisão de Hélio Santana Alves após se recuperar do tiro
que levou no confronto do Parque Internacional, e seu encaminhamento ao cárcere
em Montevidéu, foi um fator determinante para salvar a sua vida. Se fosse entregue
à polícia brasileira, ninguém poderia prever os desdobramentos que poderiam ocorrer,
dado a tensão extrema daqueles dias e a caça deliberada aos militantes comunistas.
O que poucos sabem é que por trás de toda a operação de salvamento de Hélio esteve
presente sua esposa, Celina Perez (foto), que como parte expressiva das mulheres militantes
foi invisibilizada da história “oficial”, seja do partido ou das esquerdas em geral.
Em uma sociedade estruturalmente machista, a atuação das mulheres na política, ou
mesmo sua mera influência, conforme assinalou a historiadora Michelle Perrot, é
nada menos que temida:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;">O lugar das
mulheres no espaço público sempre foi problemático, pelo menos no mundo ocidental,
o qual, desde a Grécia antiga, pensa mais energicamente a cidadania e constrói a
política como o coração da decisão e do poder. (...) Prende-se à percepção da mulher
uma ideia de desordem. Selvagem, instintiva, mais sensível do que racional, ela
incomoda e ameaça. (...) Elas inquietam os organizadores das cidades, que veem nas
multidões onde elas estão presentes, o supremo perigo.</span><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn1" name="_ftnref1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Dentro de um contexto de invisibilidade trafegaram boa
parte das militantes fronteiriças, relegadas a apêndices das narrativas e culturalmente
enquadradas na camisa de força patriarcal que as obrigava a conciliar a atuação
política nos seus diversos níveis ao suprimento da vida doméstica e aos deveres
do privado, espaço a elas relegado. No momento da prisão de Hélio, Celina teve de
agir rapidamente para que o companheiro não fosse entregue aos algozes. Sérgio Alves,
filho do casal, rememora:<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;">A minha mãe,
no mesmo dia em que meu pai ficou baleado no Uruguai procurou um deputado que era
de Rivera, chamado Maximiliano Luz, e esse homem constatou que a prisão de meu pai
não estava registrada em lugar algum. Então minha mãe liga para um advogado do partido
chamado Garcia Moyano. E ele liga para cá e a polícia diz que não havia preso nenhum.
Quer dizer, estavam armando para passar ele para o outro lado, e iam matar. Então
esse advogado disse, não, há um preso político aí chamado fulano de tal e amanhã
eu estarei aí para defendê-lo. E talvez isso tenha feito o comissário não ter entregue
ele</span>.<a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Para Celina Perez, a parceria com o companheiro e o esforço
para a sustentação dos filhos sempre foi a tônica de uma vida de lutas. Quando da
prisão de Hélio, teve de manter a um alto custo pessoal a pequena engarrafadora
de bebidas que o casal possuía no bairro da Tabatinga. A camioneta usada para as
entregas fora sumariamente confiscada pela polícia e jamais retornou. Celina teve
de trancafiar em um porão alguns barris de anis, que usou para fabricar novas bebidas
e continuar o negócio na ausência do marido. Nos anos que viriam a luta não seria
menos intensa. Pouco mais de duas décadas depois, Celina veria o filho Sérgio ser
preso e torturado durante a ditadura uruguaia. Frente ao poder avassalador dos novos
tiranos, reuniu um grupo de mulheres que enfrentava o dia a dia inquisitorial dos
militares e acompanhava de perto os deslocamentos para outras cidades e quartéis
dos filhos prisioneiros. Essa luta foi de fundamental importância para que uma série
de militantes simplesmente não desaparecessem, como ocorreu com outras duas centenas
de pessoas, além de mais de 100 mortos nas prisões uruguaias. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Assim como Celina Perez, a presença de mulheres fronteiriças
como Gecy Rodrigues Soares, filha de Santos Soares e esposa de Francisco Fagundes
Lima, de atuação intensa no acolhimento de exilados brasileiros durante a ditadura
iniciada em 1964, precisam ser melhor iluminadas em pesquisas futuras. O que dizer
da relevância de uma mulher como Maria Rodríguez, esposa de Santos Soares? Aguarda-se
uma produção historiográfica que se debruce com o tempo necessário na fundamental
atuação dessas mulheres, assim como outras citadas nesta pesquisa e que dentro de
seus espaços locais dialogavam, de forma consciente ou não, com as ideias de ativistas
fundamentais como Leolinda de Figueiredo Daltro, Olga Benário, Bertha Lutz, Lila
Ripoll, entra tantas outras. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">As ações mais visibilizadas das ativistas ligadas de alguma
maneira ao PCB podemos encontrar em registros esparsos dos jornais do partido e,
especialmente, nos relatos da Memória. A trajetória de Placelina Santana, por exemplo,
esposa do líder Jovelino Santana, nos chega através do olhar de sua filha Olga.
Conforme ela nos mostra, a casa da família, no bairro Industrial, era ponto de encontro
e local de reuniões onde compareciam Renée Canabarro, Teresa Nequesauert, Francelina
Cabeda, Virginia Apoitia. Olga Santana recorda-se que nesses momentos as mulheres
reuniam-se à parte dos homens, e os assuntos discutidos giravam em torno das ações
partidárias para arrecadação de fundos, mesmo que nem sempre a política fosse a
tônica: <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;">Elas vinham
para cá, faziam chazinho, cafezinho, e conversavam, mas acredito que elas não conversavam
assunto de política. Tinham umas que eram bem politizadas. Diferente da minha mãe,
que meu pai sempre foi muito machista nesse sentido, então mulher não se mete em
política. Mas as outras mulheres falavam e minha mãe assimilava muito bem. E faziam
chás dançantes, para recolher algum dinheiro para o partido. Então elas eram encarregadas
dessa parte social, para auferir algum dinheiro, para que eles pudessem manter o
jornalzinho, a compra de livros... Na outra sala ficavam os homens, meu pai, o Solon,
o Heron...</span><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Renée e Teresa Nequesauert, esposa de Solon Pereira Neto,
eram das mais atuantes na liderança da ala feminina do partido. Na ocasião da chacina,
Heron foi detido ao tentar interceder como advogado, denunciando a arbitrariedade
e inconstitucionalidade da prisão de Solon. O ambiente exalava a tensão dos recentes
assassinatos e Renée organizou a ala feminina, reuniu as viúvas, e se encaminhou
ao quartel onde estavam detidos Solon e Heron, exigindo a soltura, falando em nome
das famílias dos mortos e em desagravo ao crime. Foram recebidas pelo comandante
Ciro de Abreu. Marlova Canabarro recorda de sua mãe narrar o áspero diálogo que
manteve com o militar: “O Ciro de Abreu disse, ‘É, foram vocês que inventaram essa
tal democracia, no que minha mãe retrucou, general, democracia não se inventa!”.
Para Marlova, embora os militantes e simpatizantes do partido muitas vezes tivessem
origens sociais distintas, pelo menos na sua casa os grupos não eram exclusivos,
separados entre “intelectuais de um lado e operários de outro”. Ela acredita que
para Renée e Heron não havia a distinção, muito embora circulassem também pelos
meios pequeno-burgueses e de fazendeiros mais abastados.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;">Lá em casa
desfilava gente, não tinha isso... e nas reuniões ia todo mundo. A mãe era uma pessoa
que transitava muito dentro do partido e era extremamente coerente. Ela foi responsável
pelos primeiros filmes italianos que meus amigos viram no cinema, e depois iam lá
para casa discutir, tudo por influência da minha mãe. Ser comunista e participar
de uma sociedade pequeno burguesa era complicado também, mas nunca houve... eu fui
debutante, fui tudo... bailes... Tinha descriminação na escola primária... do tipo,
minha mãe disse que teu pai é comunista</span>.<a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Mariana de Rossi Venturini, ao analisar as conferências
dos comunistas de 1956 e 2007 que trataram da questão da mulher, aborda a tradição
do feminismo marxista e seus desdobramentos entre os militantes brasileiros. Desde
a elaboração de Engels e Marx, segundo a qual somente em uma sociedade sem divisão
social e sexual do trabalho seria possível a liberação dos trabalhadores e da exploração
de classe, a questão rondava as pautas da esquerda. Conforme a socióloga, <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;">Os comunistas
passaram décadas negando e criticando o “feminismo”, mesmo nos momentos em que eles
próprios defendiam reinvindicações específicas das mulheres. A ideia de “feminismo”
se confundia com a ideia de “feminismo liberal” ou “feminismo burguês” e, só muitas
décadas mais tarde, mais precisamente a partir da década de 1970 em diante, com
o avanço dos debates entre feministas de esquerda, é que se faria a distinção entre
as correntes liberal e socialista e o termo “feminismo” passa a designar também
a luta pela emancipação das mulheres no âmbito das esquerdas partidárias, incluindo
muitos partidos comunistas</span>.<a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Com o final do Estado Novo, o movimento das mulheres comunistas
ganha um novo impulso, amparado no fortalecimento das organizações de base e a criação
de comitês populares de mulheres em todo o país. Em maio de 1949, realiza-se, no
Rio de Janeiro a 1ª Conferência Nacional das Mulheres, onde foram debatidos os
caminhos para se assegurar mais direitos para as mulheres brasileiras. A conferência
denunciava fortemente a situação de fome e miséria do povo, contudo, apontava que
era ainda mais penosa no país a situação das mulheres. Conforme Venturini, a
tomada de consciência pelas mulheres de que sofriam duplamente uma exploração
social foi gradual e consistente, e “ainda que não houvesse clareza nas motivações
ou mecanismos pelos quais isso ocorria, já era clara a percepção de que eram mais
atingidas pela pobreza, exploração, falta de liberdades e de direitos”.<a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Nesse período, a imprensa comunista celebrava a participação
feminina cada vez maior nas ações do partido, especialmente nas campanhas pela Paz,
contra as armas nucleares e contra o envio de tropas brasileiras para a Guerra da
Coréia. O <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Voz Operária</i> registrava a batalha
pela maior visibilidade das trabalhadoras e a extrema dificuldade que as mulheres
passavam no ambiente de fábrica. No Armour, a mão de obra majoritariamente feminina
estava concentrada nos setores da Picada, Latoaria e Rotulagem. A situação da mulher
na fábrica é enfocada pela ativista feminista e colaboradora do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Voz Operária</i>, Ginia Machline, em uma edição
de agosto de 1949. A nota faz um chamamento à participação da mulher na luta pela
paz e contra a iminente guerra imperialista e reforça a situação dos frigoríficos
gaúchos e especialmente o Armour como exploradores contumazes da mão de obra feminina.
<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;"><o:p> </o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 11.0pt;">Um exemplo
dessa situação da mulher trabalhadora é dado pelas operárias dos frigoríficos do
Rio Grande do Sul, que ganham salários na base de Cr$ 150,00, 230,00 e 420,00 –
que entrando 5 minutos atrasadas não ganham o descanso semanal, que não tem assistência
médica e hospitalar, que não tem creches nos locais de trabalho para deixar seus
filhos com outras crianças (prejudicando-as em seus brinquedos infantis, pois tem
que cuidar de seus irmãozinhos) isso quando não tem de deixá-las fechadas em casa,
sozinhas, outras entregues a vizinhos, mediante pagamento, no que dispende quase
todo o salário. São obrigadas a levar comida para o trabalho, pois os horários são
apertados, com uma hora para o almoço, incluindo (...) comida péssima e intragável
por preços pouco acessíveis, os “gringos” exigem pagamento à vista, pois os operários
e operárias, além de serem vilmente explorados, não merecem créditos dos americanos
fazedores de guerra.</span><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A denúncia estampada no jornal não poupa o governo Dutra,
um inimigo declarado e a ser combatido, pois estaria levando o país à bancarrota,
através de acordos com os “traficantes da guerra”, Estados Unidos e Inglaterra.
A exploração das mulheres nos frigoríficos Armour, Anglo e Swift, aponta a reportagem,
“é medonha”. De acordo com os historiadores Augusto Buonicore e Fernando Garcia,
a organização feminina entre os comunistas teve um grande impulso com a fundação
do jornal Momento Feminino, em julho de 1947, sob a direção de Arcelina Mochel.
Nesse período o jornal “tornou-se um instrumento agregador e organizador das mulheres
comunistas e progressistas brasileiras (...) impulsionou a criação de comitês femininos
em bairros e sindicatos. Num artigo no Momento Feminino fala-se na existência de
43 núcleos funcionando (...) O resultado de todo esse trabalho foi a criação da
Federação de Mulheres do Brasil (FMB) em 1949”.<a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> A entidade
congregou organizações femininas de 11 estados e foi responsável pelas pressões
que resultaram na criação da Sunab (Superintendência Nacional de Abastecimento),
durante o governo Vargas. Além das campanhas pelo Petróleo, contra as armas atômicas
e o envio de soldados brasileiros para a guerra da Coréia, as mulheres organizadas
também foram fundamentais para as vitórias obtidas na greve dos 300 mil, que sacudiu
a capital paulista entre março e abril de 1953. No entanto, a organização das mulheres,
especialmente ligadas ao PCB, teve uma retração a partir do final dos anos 1950
e a crise interna do partido. O momento de auge que iniciou com o final do Estado
Novo e se consolidou na década seguinte não se repetiria, sendo fortemente abalado
com a imposição de uma nova ditadura em 1964. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"><br /></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;">* Fragmento do livro "No portão da fábrica - uma história social da fronteira (1945-1955)" </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10.0pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="text-indent: 35.4pt;"> de Marlon Aseff </span></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
PERROT, Michelle. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="mso-bidi-font-style: italic;">Mulheres Públicas</span>.</b> São Paulo: Unesp,
1998, p. 8-9. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Sérgio Alves. Entrevista ao autor. Santana do Livramento, 25 de agosto de 2019.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Olga Santana, entrevista citada. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Marlova Canabarro, entrevista citada. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoNormal"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
VENTURINI, Mariana de Rossi. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Comunistas do
Brasil e a emancipação da mulher:</b> as conferências partidárias de 1956 e 2007.
2018. Dissertação de Mestrado em Sociologia. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.
Unicamp, 2019<span style="font-size: 10.0pt;">, p. 12, 15, 35.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>Idem,
p. 53. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoNormal"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
“A Mulher Operária na Luta pela Paz” – Ginia Machline. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Voz Operária</b>, Rio de Janeiro, 20 de agosto de 1949, p. 3.<span style="font-size: 10.0pt;"><o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="file:///C:/Users/marlo/OneDrive/Desktop/LIVRO%20MARLON%20ASEFF/Livro%20Marlon%20Aseff_2023_05_28.doc#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
BUONICORE, A.; FARIA, F. G. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">As mulheres e
os noventa anos do comunismo no Brasil.</b> Portal do Centro de Memória Sindical,
2022. Disponível em: https://memoriasindical.com.br/formacao-e-debate/as-mulheres-e-os-noventa-anos-do-comunismo-no-brasil/.<o:p></o:p></p>
</div>
</div>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-17021055564536370582023-10-13T09:51:00.002-07:002023-10-13T10:00:17.697-07:00<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><b style="background-color: white; color: #444444; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; line-height: 18.4px;"><span style="font-size: large;">“É sempre o opressor e não o oprimido </span></span></b></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><b style="background-color: white; color: #444444; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif; line-height: 18.4px;">quem determina a forma de luta” </span></b><span style="background-color: white; color: #444444; font-family: "Bookman Old Style", serif;">(Nelson Mandela)</span></span></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS8VApkR9J7tPVxus1IbyuBtUV-ArUSTQRPIkLcbcHoWPPSI9P99tUkWM0-lGdHpV6BuZVaRZ819gl0BOHuH5cuHNvYxEeP5V3r1k2yF3n0XqhXHQspLM_bCfniNTC-pXpi5fHow3sR_uzpcmL175Jo6QrGsTL_6wzlmpdDohx23JB3vkiw2FLCTFvdOM/s816/WhatsApp%20Image%202023-10-13%20at%2013.43.50.jpeg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="460" data-original-width="816" height="309" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhS8VApkR9J7tPVxus1IbyuBtUV-ArUSTQRPIkLcbcHoWPPSI9P99tUkWM0-lGdHpV6BuZVaRZ819gl0BOHuH5cuHNvYxEeP5V3r1k2yF3n0XqhXHQspLM_bCfniNTC-pXpi5fHow3sR_uzpcmL175Jo6QrGsTL_6wzlmpdDohx23JB3vkiw2FLCTFvdOM/w548-h309/WhatsApp%20Image%202023-10-13%20at%2013.43.50.jpeg" width="548" /></a></div><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 45.8pt 91.6pt 137.4pt 183.2pt 229.0pt 274.8pt 320.6pt 366.4pt 412.2pt 458.0pt 503.8pt 549.6pt 595.4pt 641.2pt 687.0pt 732.8pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Bookman Old Style",serif; font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-family: "Courier New"; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 45.8pt 91.6pt 137.4pt 183.2pt 229.0pt 274.8pt 320.6pt 366.4pt 412.2pt 458.0pt 503.8pt 549.6pt 595.4pt 641.2pt 687.0pt 732.8pt; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-family: "Bookman Old Style", serif;"><span style="font-size: medium;">Por mais de 75 anos, o povo
palestino vem lutando, corajosamente, pelos seus direitos fundamentais,
autodeterminação, independência, justiça e soberania. <o:p></o:p></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; tab-stops: 45.8pt 91.6pt 137.4pt 183.2pt 229.0pt 274.8pt 320.6pt 366.4pt 412.2pt 458.0pt 503.8pt 549.6pt 595.4pt 641.2pt 687.0pt 732.8pt; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="font-family: "Bookman Old Style", serif;">Os atos de resistência, sejam
eles pacíficos ou armados, são uma resposta legítima à opressão e ocupação
israelenses, aos bloqueios de Gaza e à continuação da colonização </span><b style="font-family: "Bookman Old Style", serif;">ilegal</b><span style="font-family: Bookman Old Style, serif;">, dentro do território palestino,
segundo as resoluções da ONU, resultando na expulsão de centenas de milhares de
palestinos de suas terras de origem. Condenamos, veementemente, os abusos
perpetrados pelo estado sionista de Israel, que, inclusive antes dos ataques de
vingança indiscriminados de hoje que causaram centenas de mortes, já destruíam infra-estruturas palestinas e matam numerosos civis, incluindo crianças.</span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: 0cm; text-align: justify;"><span style="text-align: left;"><span style="font-size: medium;">A recente intensificação da política de colonização
israelita de territórios palestinos, com a aprovação dos Estados Unidos,
constitui uma violação flagrante do direito internacional, contrariando as
resoluções das Nações Unidas e comprometendo gravemente a possibilidade de uma
paz justa e duradoura. Os colonatos israelenses ilegais resultam no confisco de
terras e na demolição de casas palestinas, na restrição de movimentos,
restringindo o direito de ir e vir e demais liberdades essenciais e na
humilhação diária do povo palestino. Agora, os sionistas pretendem ocupar
lugares sagrados para os muçulmanos, como a região da mesquita Al-Aqsa em
Jerusalém.</span></span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><o:p> </o:p>A responsabilidade pelo que se está ocorrendo, nos dias de
hoje, entre Israel e a Palestina, deve ser encontrada naqueles que incentivaram
o desrespeito pelos direitos do povo palestino e na política terrorista do
governo de Israel apoiada pelos EUA, constituída de um regime de apartheid, na
realização de limpeza étnica e na
prática de um genocídio de palestinos.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Expressando a nossa preocupação e inquietação com a escalada
do conflito, em particular com as suas trágicas consequências para as
populações, alertamos para o perigo do seu alastramento, numa região já
martirizada por décadas de ocupação, guerra e subversão por parte dos Estados
Unidos da América, de Israel dirigida pelo partido Likud, de extrema direita,
das potências da OTAN e da UE – seja no Afeganistão, no Iraque, na Líbia, no
Líbano, na Palestina ou na Síria, entre outros exemplos –, que espalharam a
morte e a destruição e geraram milhões de refugiados.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Quando por décadas não estão sendo cumpridas as resoluções
dos organismos internacionais que preveem a criação de dois Estados, a Célula
Internacionalista do PCB – RR/RS reafirma a necessidade de uma solução política
que garanta a concretização do direito do povo palestino a um Estado soberano e
independente, com as fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental, e com o efetivo
retorno dos refugiados palestinos às suas terras, conforme as resoluções
pertinentes da ONU.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Nós militamos pela solidariedade internacional dos povos, em
particular de todos aqueles oprimidos pelo eixo EUA-UE-OTAN e pelos seus
aliados, como o governo de Israel, e pela necessidade de reforçar o movimento
de solidariedade à Palestina em todo o mundo. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><o:p> </o:p>Porque, em última análise, não se trata tão-só da liberdade
da Palestina, mas trata-se da liberdade de todas as nações do mundo agredidas
pelo imperialismo, incluindo as liberdades democráticas em Israel, que estão sendo
ameaçadas pelo governo de Netanyahu, com a reforma do judiciário, por exemplo.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><o:p> </o:p>Solidários estamos com povos do mundo que estão sujeitos à
desestabilização e às consequências das políticas imperialistas, até mesmo
exterministas extremistas, do eixo EUA-UE-OTAN e dos seus aliados.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><o:p> </o:p>Nós continuaremos a denunciar a opressão do governo de
extrema direita de Israel e do imperialismo e a trabalhar por um futuro de paz
e liberdade ao povo palestino.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><o:p> </o:p>Apelamos à unidade de todos os progressistas, ativistas dos
direitos humanos e amantes da paz entre os povos para pôr fim à opressão e
ocupação israelense, para a criação de um Estado palestino soberano e
indeependente, para a realização dos direitos inalienáveis dos palestinos, com
as fronteiras de 1967, com capital em Jerusalém Oriental e a efetivação do retorno dos refugiados palestinos às suas
terras, conforme as resoluções pertinentes da ONU.</span></p><p class="MsoNormal"><span style="font-size: medium;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Por Humberto Carvalho, Célula Internacionalista do PCB RR</span><o:p></o:p></p><pre style="text-align: justify;"><br /></pre>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-37843124697313239742023-05-09T17:55:00.014-07:002023-05-18T06:58:05.068-07:00Santana do Livramento: a cultura jogada ao léu <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxj1CvusUMLLbI_KMUynLrK0i_03375aNvty7Y4gjqxVyil-Lk0Xvarl40mclRfNQJ9zciiPJK-BiC26hv6iItbKMGB9SwzmJ3grl-3WbTbj_8sL3hr7YsrhBRQj_ptj8L2pdM7AMlifSnLcEIn0bksduduXDqKe2xzYINCYuLXk1p-bvPGTPZV6h3/s2080/Fronteira,%20dezembro%202006%20327.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1552" data-original-width="2080" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxj1CvusUMLLbI_KMUynLrK0i_03375aNvty7Y4gjqxVyil-Lk0Xvarl40mclRfNQJ9zciiPJK-BiC26hv6iItbKMGB9SwzmJ3grl-3WbTbj_8sL3hr7YsrhBRQj_ptj8L2pdM7AMlifSnLcEIn0bksduduXDqKe2xzYINCYuLXk1p-bvPGTPZV6h3/w500-h281/Fronteira,%20dezembro%202006%20327.jpg" width="500" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Escrevi dois
livros que considero importantes para conhecermos um pouco da história recente
de Santana do Livramento e Rivera. Em um deles, chamado Retratos do Exílio –
Solidariedade e resistência na fronteira, recupero a trajetória de atores
políticos reconhecidos e anônimos cidadãos no enfrentamento das ditaduras
brasileira e uruguaia, nas décadas de 60 e 70 nesta fronteira. Na outra obra,
já no prelo, abordo as lutas operárias em torno do Frigorífico Armour, logo
após o final do Estado Novo e inícios dos anos 1950. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Pois bem, em
nenhum momento de pesquisa para estes dois livros me foi permitido investigar no
acervo do Museu da Folha Popular. Senti na pele o que um jornalista e um historiador
podem passar quando tentam de alguma maneira elaborar novos olhares sobre a
nossa história. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Escrevo para refletir sobre o recente evento que veio a público, da doação do acervo
daquele museu, construído a duras penas pelo historiador Ivo Caggiani, ao Museu Departamental de Rivera. Convém
aqui um parênteses: <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>sabemos que um
acervo se constrói em grande parte através de doações de documentos, em que pessoas, de boa-fé, compartilham seus pertences com a ilusão de que um “Museu” teria a
guarda de uma institucionalidade e o futuro preservado. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Isso nos
remete hoje a um desfecho caótico sob esse ponto de vista, e uma constatação dolorida:
Santana do Livramento não possui uma elite cultural e política capaz de
valorizar sua fortuna documental e histórica. O pior de tudo isso é que, como
diria o velho roqueiro argentino, “no es solo una cuestion de
elecciones”. Passam os homens e mulheres, mas o desprezo permanece no ar. Assim
como o desprezo pelas periferias e pela real democratização da cultura em nossa
cidade. Parecemos relegados a uma eterna condição de povoado subsidiário dos
grandes latifúndios, que se hoje não possuem mais o poder oligárquico de
outrora, pelo menos deixaram instalada uma mentalidade classista, divisionista
e egoísta.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Rivera trata
bem seu legado, parece que sim. Rivera nunca teve um acervo consistente como o
nosso, também parece que sim. Pelo menos aos olhos do pesquisador que já fuçou
nas gavetas disponíveis nos dois lados da fronteira. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Os acervos de
Santana foram tratados de maneira irresponsável durante anos e assim documentos
fundamentais para descortinar passados e erguer futuros foram queimados,
jogados ao léu, destruídos, roubados. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Poderia adotar
aqui uma posição cômoda, pois como historiador poderei ter acesso a partir de <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>agora a uma série de documentos antes
inacessíveis. Mas não canso de me espantar com nossa incapacidade de sustentar
no município um acervo que em última instância pertence ao povo desta cidade. Pois
conversas vazias sobre <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“fronteira irmã”,
“da paz” e todos esses mitos construídos de maneira leviana, esbarram nos
ditames legais dos estados nação, essa organização política e historicamente construída
que a cada território impõe suas regras. Portanto, ao fim e ao cabo, alija-se grande
parte da população santanense de um acervo que seria seu, por direito. <o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="tab-stops: 303.75pt; text-align: justify;">Não fomos
competentes para retê-lo, não fomos. Porém, um acervo dessa monta abre o debate
sobre o que é juridicamente correto e ético quando se discute o destino do
patrimônio cultural de um povo. Iremos continuar a ver nossos documentos históricos
virarem pó e sem o mínimo esboço de reação? Ao que parece, sim. Mas a todos os
indignados – não com a competência pragmática de Rivera (que certamente irá preservar o acervo) – mas com o destino de nossas riquezas culturais, nos cabe o grito,
mais uma vez, aos quatro ventos. <o:p></o:p></p>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-57732738783850279872022-03-17T19:13:00.003-07:002022-03-18T19:02:59.775-07:00Mucho más que acentos de frontera <p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiLg8ZQnLZ8ZSHuCgLHfE4PLCJA7GevIXIxxs0WPoFIRI3tBOyqwqAo0oPHbcSr2e43-kob8RnoEFHIXr4JGpbJP-fj5EMcsoFkPN0PGrrmrBI7QlbHo5mwFAxPZger2xaBImbjsdkAYwtJ1iz7BP_KEy5o4dN-RaHPYPXnaOwga-6AUspkLMiVMw7Q=s868" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="524" data-original-width="868" height="193" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEiLg8ZQnLZ8ZSHuCgLHfE4PLCJA7GevIXIxxs0WPoFIRI3tBOyqwqAo0oPHbcSr2e43-kob8RnoEFHIXr4JGpbJP-fj5EMcsoFkPN0PGrrmrBI7QlbHo5mwFAxPZger2xaBImbjsdkAYwtJ1iz7BP_KEy5o4dN-RaHPYPXnaOwga-6AUspkLMiVMw7Q=w309-h193" width="309" /></a></div><br /><p></p><p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Buenos Aires, 2017 - El show que el uruguayo
Chito de Mello trae a Buenos Aires lleva consigo la novedad y el debut de toda
una generación que está por detrás, crecida en los bordes de la frontera
brasileña-uruguaya, y que reivindica el portuñol - un dialecto que mezcla
español y portugués - como una legítima afirmación tanto estética como
política. Pero si esa música está afiliada a una tradición que se recrea todos
los días en la casi infinita franja de frontera donde la América hispánica
encuentra a Brasil, el canto de Chito trae el sabor inconfundible de la campaña
gaúcha, donde la chamarrita, la milonga o el vals son reinterpretados a su
manera. La misma frontera de Santana y Rivera, que despertó la fascinación de
Jorge Luis Borges, anotada con maestría en <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tlön,
Uqbar Orbius Tertius</i>, retorna al imaginario porteño con las letras y la
guitarra de Chito de Mello, legítimo representante de ese ser que atraviesa las
líneas imaginarias de los estados nación y se recrea en un ambiente que no tiene
cercas ni amarras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Con sus letras llenas de
protesta social y una guitarra que transita entre los ritmos del campo hasta el
samba brasileño, el músico realizará tres presentaciones en la capital federal,
como invitado del Duo Orillero (Tomas Diaz – bandoneon y Juan Cruz Barbero,
guitarra), que completan dos años de actuación y también junto a Alfredo Tape
Rubin y el grupo Emerger. En el marco de la tradición del canto popular, pero
con referencias que hoy extrapolan una definición estática, Chito lleva consigo
el mensaje de sus amigos, como el escritor Fabián Severo, los músicos Ernesto
Diaz y el Ñato de la Peña, entre otros exponentes de esa movida que llega con
la urgencia de estos nuevos tiempos, sembrados en la red social y que ya no
pueden esperar años para ser conocidos. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">En Uruguay la búsqueda
por el reconocimiento del portuñol como patrimonio cultural inmaterial por la
Unesco mueve a cada año reuniones y seminarios que reúnen intelectuales de las
más variadas cepas. Lo que se verá en el show de Chito de Mello, sin embargo,
será la expresión mucho más orgánica y distanciada de los embates políticos por
la legitimación de esa cultura de frontera. Será el arte de un hombre que vive
el cotidiano de ese embate y que refleja aún la fascinación y el imaginario tan
caros a un Borges y que se vive en el cotidiano de esas regiones tan singulares
como son las fronteras</span>.<o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> * por marlon aseff</o:p></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<p class="MsoNormal"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;">SHOW -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt; line-height: 115%;">Chito de Mello<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>- Uruguay</span><span style="font-size: 14pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt;">01/09
– </span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt;">Chito
de Mello junto al Tape Rubin, em Espacio Cultural Benigno (Av. Chiclana 3045.
Parque de Los Patricios).<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt;">02/09
– </span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt;">Chito
de Mello junto al Duo Orillero em La Escondida Centro Cultural<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>(Acassusso, 119. San Isidro)<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: normal;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt;">03/09
– </span></b><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 14pt;">Chito
de Mello junto a Emerger Folklore em Teatro de la Media Legua (Aristobulo del
Valle 199. Martinez) <o:p></o:p></span></p>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-24290509799967186542020-10-10T11:47:00.003-07:002020-10-10T16:20:34.407-07:00Santos Soares e a organização operária na fronteira<p>por Marlon Aseff</p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;"><o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU9Ep21eTaqs5h-hPbCQhIfcforzlG28N7-eizJE034Cd4rA6-6qPBwn7Fm_CaqLqgwhHt699CV7hJ2VtI_z5T56sxSwzOBBKnWhT4cZ2g5Mrz6Ur5sF2Kg3SoVxEwTxfVZMAojQUgXIY/s1632/DSC00095.JPG" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1632" data-original-width="1224" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiU9Ep21eTaqs5h-hPbCQhIfcforzlG28N7-eizJE034Cd4rA6-6qPBwn7Fm_CaqLqgwhHt699CV7hJ2VtI_z5T56sxSwzOBBKnWhT4cZ2g5Mrz6Ur5sF2Kg3SoVxEwTxfVZMAojQUgXIY/w300-h400/DSC00095.JPG" width="300" /></a></div><br /><span style="text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: large;">S</span><span style="font-size: medium;">antos Soares foi líder dos trabalhadores fronteiriços,
organizador de uma Liga Operária que constituiria um impulso importante
na constituição futura do Partido Comunista do Brasil. Ele nos surge, em relatos
orais e nos raros textos que anotam sua trajetória, como um homem cercado pelo
mistério do líder comunista, idealizado pela imprensa partidária como o modelo
exemplar do transformador social, a ser construído e seguido com a exaltação
comum ao mito recorrente do ideário comunista. Para encontrarmos os primeiros
rastros de Santos Soares, voltemos ao começo do século, quando a fronteira gaúcha
de Santana do Livramento e a cidade uruguaia de Rivera vivia </span></span><span style="font-size: large; text-indent: 35.4pt;"> </span><span style="font-size: large; text-indent: 35.4pt;">a euforia da inauguração da Cervejaria
Gazzapina (1908) e o pleno funcionamento de estabelecimentos comerciais como a
Padaria Aragonez, que junto ao setor de construção civil incorporavam os
núcleos de trabalhadores filiados a ideias anarquistas </span><span lang="PT" style="font-size: large; text-indent: 35.4pt;">que muitos operários argentinos, uruguaios e
espanhóis alimentavam. Os ecos dessas novas demandas políticas seriam
estampados no jornal anarquista <i>A
Evolução, </i>que viria a ser<i> </i>impresso
em português e espanhol, em Santana do Livramento, a partir de 1911. </span><span style="font-size: large; text-indent: 35.4pt;">Nesse
ambiente gesta-se a figura de líderes operários que viriam a ser fundamentais
na organização dos trabalhadores na região, primeiramente filiados aos ideais
anarquistas, e mais tarde associados ao emergente partido comunista. Surgem
nesse início de século o anarquista espanhol Antônio Apoitia, e pouco depois Santos
Soares, mentor da organização comunista local. </span><span lang="PT" style="font-size: large; text-indent: 35.4pt;">A atuação de Soares, que viria a criar em 1918 a <i>Liga Operária</i>, uma das primeiras ligas comunistas do país,
consolidou-se durante a primeira greve que eclodiu nos frigoríficos Armour e
Wilson, a 13 de março de 1919.</span><span lang="PT" style="font-size: large; text-indent: 35.4pt;"> </span><span lang="PT" style="font-size: large; text-indent: 35.4pt;">Na greve de 1919, a pauta de reivindicações exigia
redução da jornada de trabalho de dez para oito horas, aumento de salários para
os trabalhadores braçais e um acréscimo de 25% sobre o salário das mulheres. Também
pedia a instituição de horas extras para o trabalho nos domingos ou fora de
horário. O evidente desalinho entre as leis trabalhistas vigentes no Uruguai e
no Brasil ganhava nova conotação no ambiente de trabalho do frigorífico. Ali,
trabalhadores uruguaios, brasileiros e de outras nacionalidades submetiam-se a
um ordenamento laboral arcaico.<a href="#_ftn1" name="_ftnref1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT">[1]</span></span></span></a></span><p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-bottom: 10pt; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-size: medium;">Do outro lado da linha
divisória, os trabalhadores uruguaios começavam a vivenciar as mudanças
preconizadas pelo presidente <i style="mso-bidi-font-style: normal;">José Batle y
Ordóñez</i>, que criara a partir de seu primeiro mandato, em 1903, uma série de
normas legais de proteção aos trabalhadores, posteriormente reforçadas pela
Constituição de 1917, que incluia jornadas de trabalho de oito horas,
indenização por acidentes de trabalho, licença maternidade, proteção aos idosos
e inválidos e a intermediação estatal em casos de conflitos laborais. Convém
lembrar aqui, conforme aponta Gustavo López, que as normas laborais uruguais,
extremamente avançadas para a época, não foram<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>um “presente” do governo de <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Batlle</i>,
mas fruto de anos de lutas cruentas do movimento sindical uruguaio.<a href="#_ftn2" name="_ftnref2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Durante a greve de 1919, os operários das
companhias Armour e Wilson, conseguiram que as empresas concedessem um aumento
de 10% nos salários e a redução de 10 para 9 horas de trabalho diário. Mesmo
sob a repressão da força militar, a greve se fazia vitoriosa. Santos Soares
cria nesse momento uma associação para promover a ajuda mútua entre os
trabalhadores, o Centro de Assistência e Ofícios Vários, que iria originar em
1920 o Sindicato dos Ofícios Vários. </span><o:p></o:p></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggO7sat4IcM3Y6k3WIemmhLOhszqdJ_0YcxhEbmHevvKqiq2_arNDGpgIXNmllXoZjwArNPog-0GCKdyCiGaCXhkF6BbQDVeICFqatTZpmT4ZLU6kcirGKW59Mfkk8_EhEzIZ9OaYAOi8/s1632/DSC00085.JPG" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1632" data-original-width="1224" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggO7sat4IcM3Y6k3WIemmhLOhszqdJ_0YcxhEbmHevvKqiq2_arNDGpgIXNmllXoZjwArNPog-0GCKdyCiGaCXhkF6BbQDVeICFqatTZpmT4ZLU6kcirGKW59Mfkk8_EhEzIZ9OaYAOi8/w263-h320/DSC00085.JPG" width="263" /></a></div><p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-size: medium;">Em 1921, conforme aponta
Marçal, Santos Soares editava um semanário de pequeno formato, “O Socialista”,
um “desdobramento da Liga Operária, que não tardou a ser assaltado pela
polícia” e teve vida efêmera.<a href="#_ftn3" name="_ftnref3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Um texto assinado pelo
jornalista e militante comunista Isaac Akcelrud, em 1952, permanece como um
raro relato de cunho biográfico acerca da atuação do líder santanense. Marcado pela
exaltação revolucionária do período stalinista, Soares é elevado a mito do
movimento comunista naqueles anos de organização dos trabalhadores na
fronteira:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">A Primeira
Greve Contra uma Empresa Imperialista -<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Na
folha de serviço de Santos Soares à causa do proletariado inscreve-se em relevo
a sua atuação como organizador e dirigente da primeira greve contra uma empresa
imperialista no Rio Grande do Sul. Foi a greve dos trabalhadores do Frigorífico
Armour. Organizada a Liga, Santos Soares não permitiu que os comunistas se
fechassem num estreito círculo sectário. Esta é a segunda grande lição de sua
vida. Ele comparava os efetivos do pequeno núcleo de vanguarda com as massas
dispostas à luta e reclamando a direção dos comunistas. O lugar do comunista é
no Sindicato. — De onde é que nós saímos? Não foi da luta sindical? É no
Sindicato, lutando pelos interesses dos trabalhadores, que está o ABC. Assim,
com palavras simples, utilizando a própria experiência dos trabalhadores,
Santos Soares organizou uma verdadeira campanha de sindicalização. Surgiram
organizações sindicais de diversas profissões. Nas assembléias, um jovem
tribuno operário inflamava as massas. Aos 28 anos, Santos Soares era um líder
querido dos trabalhadores, reconhecido como seu chefe.<a href="#_ftn4" name="_ftnref4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[4]</span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-size: medium;">O relato de Ackcelrud elenca
as lutas do líder operário, legitimando a aura da honorabilidade comunista,
conforme o mito alimentado pelos anos do stalinismo, quando os herdeiros da
revolução soviética eram elevados a uma condição de “super-homens”, construídos
por uma moral inabalável e intocáveis em sua conduta. Perseverando Santana,
pecuarista e militante do partido, reforça a imagem de Soares como o melhor
condutor da luta operária na fronteira em todos os tempos. Desde sua modesta
atuação como funcionário da Correaria Cruz, tradicional loja da cidade,
Perseverando recorda do líder “respeitado por advogados e pessoas da burguesia
local”, graças a um posicionamento firme e idealista, que professsava uma fé
inabalável na revolução soviética e seus desdobramentos.<a href="#_ftn5" name="_ftnref5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> Ackcelrud também enfatiza
o aspecto da moral inabalável de Soares:<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Ele não
perdia oportunidade e não desprezava nenhum setor. Operários da construção
civil, padeiros, pequenos contingentes de trabalhadores de diversas profissões
ele unia e organizava em seus respectivos sindicatos e no sindicato de ofícios
vários. Participou de diversas diretorias e invariavelmente os trabalhadores
exigiam que Santos Soares ficasse responsável pelos fundos e pelo patrimônio
das suas organizações. Era a homenagem pública à honestidade dos comunistas
representados por Santos Soares.<a href="#_ftn6" name="_ftnref6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[6]</span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">Porém não tardaria para que o aglutinador da força operária na fronteira
encontrasse “a empresa fundamental”, nas palavras do biógrafo comunista. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">(...) o
jovem dirigente à medida que ia se temperando na luta, aprendendo e acumulando
experiência, compreendeu que era preciso dar atenção especial à empresa
fundamental. Santos Soares lançou-se à tarefa de organizar e levar à luta os
trabalhadores do Frigorífico Armour. Ali era a cidadela dos patrões
estrangeiros e dos fazendeiros. Mas ali também era que se concentravam os
trabalhadores. No frigorífico, Santos Soares se defrontou com um inimigo de
larga experiência na repressão ao movimento operário, experiência que se aliava
aos métodos mais brutais dos senhores feudais das fazendas de gado e
contrabandistas da fronteira. Com paciência e tenacidade preparava a luta e a
vitória. Cada escaramuça com o inimigo lhe dava a noção das forças dos
trabalhadores, do seu amadurecimento para o combate, revelava os homens que
deviam ser chamados para o Partido, mostrava erros que era preciso corrigir. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><span style="font-size: medium;">Adoentado, Santos Soares já
não mais comandava a linha de frente do partido quando os gestos extremos da
repressão contra os comunistas começam a intensificar-se. Conforme veremos no
capítulo seguinte, o chamado massacre dos trabalhadores e militantes comunistas
em frente ao Parque Internacional, no dia 24 de setembro de 1950, iria abalar a
militância e cobrir de suspeitas a direção do frigorífico como mandatária do
ato de repressão, que resultou em quatro mortes.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Isaac Ackselrud traz à luz o nome dos
militantes mortos pela repressão, ao enfatizar a ligação do operário Aladim
Rosales com Santos Soares.<o:p></o:p></span></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Aladim
Rosales foi assassinado em 1950 por ordem dos anglo-americanos. Pereceram com
ele os camaradas Kulman, Abdias e Aristides. Esse crime monstruoso foi
executado pela policia dos traidores da pátria Eurico Dutra e Walter Jobim. Santos
Soares procurava capitalizar todas as lutas para o Partido. Sim, dizia, é
importante e é necessário conseguir melhorias para a classe operária. Mas não
estava se vendo que os fazendeiros e os gringos do frigorífico continuavam
donos de tudo, permanecem no governo, com o poder na mão, mesmo quando os
operários conseguem uma reivindicação? A importância da luta pelas
reivindicações não está só nas melhoras que pode trazer, mas principalmente
porque une os trabalhadores, abre seus olhos, mostra que são fortes e que devem
empregar essa força contra os patrões sempre prontos a anular as melhorias
obtidas na primeira oportunidade. Portanto, em cada luta, para que seja uma luta
de verdade, é preciso ter uma perspectiva revolucionária. Somente o Partido
garante que todas as lutas reforcem a causa da revolução e impede que forças da
classe operária se desmanchem em mil e um pequenos combates que ficam nas
pequenas melhorias.<a href="#_ftn7" name="_ftnref7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[7]</span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">Filho de Favorina e Domingos Soares, Santos viveu os primeiros anos no
bairro São Paulo, nas cercanias da charqueada Livramento, de Pedro Irigoyen.
Casado, transferiu-se para as proximidades do batalhão da Brigada Militar, em
um local ainda com características rurais, constituído por pequenas chácaras.
Sempre trabalhando na construção, mudou-se com a família para os arredores do
parque municipal da Hidráulica e posteriormente, para Rivera, local escolhido
por aqueles que deveriam zelar por uma proteção natural às perseguições em solo
brasileiro e que faziam desse pêndulo entre os dois países, se não um salvo
conduto, ao menos uma forma de ganhar tempo quando fosse necessário. Gecy
Rodrigues Soares, filha mais jovem de uma família de três mulheres e um homem,
lembra do pai como zeloso e trabalhador. Em meados dos anos 30, ela relembra de
uma prisão que o pai sofrera, quando foi levado para Porto Alegre. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">O ano eu
não lembro, mas eu era bem guria. À noite, quando ele estava lendo, na beira da
mesa. E bateram na porta e era a polícia, e reviraram toda a casa, e aí levaram
ele preso. Mas não encontraram nada, papel nenhum. Ele sempre tava prevenido,
né? E esteve uns três dias preso ali em Livramento, e mandaram para Porto
Alegre. E lá, em seguida se avisou um tio meu, que era capitão da Brigada, e
ele foi e tirou ele da cadeia. Ele teve uns três meses, que não podia vir,
depois veio e seguiu trabalhando. Mas lá quando estava solto já trabalhava lá
mesmo em Porto Alegre. Eu lembro, eu tinha uns oito anos. (...) Era, pelo
sindicato e pelo partido. E daí a uns meses começaram a perseguir ele de novo,
aí ele passou para o Uruguai. (...) Só sei que o sargento que foi prender ele,
a mãe falou muita coisa para ele, porque meu pai tinha ajudado muito ele, esse
sargento era muito pobre e o meu pai com o que tinha ajudava muito ele, dava
comida para essas crianças dele, e a minha mãe falava e falava, mas ele era
mandado também né?<a href="#_ftn8" name="_ftnref8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[8]</span><!--[endif]--></span></span></a><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">Nos dois últimos anos de vida, Santos Soares, mesmo enfermo, mantinha a
voz ativa entre trabalhadores e expoentes do partido, como Perseverando e
Aquiles Santana, Francisco Cabeda e Hugo Nequesauert. Em janeiro de 1951, a
morte do líder que, conforme Perseverando, “sabia lidar com todo mundo, tinha
uma autoridade moral muito grande e não gostava que o operário fizesse qualquer
deslize”, foi sentida com pesar entre as lideranças e boa parcela dos
trabalhadores, especialmente os envolvidos na idealização mítica do militante
revolucionário do período stalinista. O poeta Mário Santana registrou no jornal
do partido uma singela homenagem ao homem que possuía predicados tão fortes
como “um bloco inteiriço de valor humano, social, político e privado”: <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Livramento
perdeu com a morte de Santos Soares um de seus mais dinâmicos elementos, o
quadro mais completo. Autentico tipo de lutador, apresentando sua personalidade
por todos os quadrantes, um bloco inteiriço, solidamente feito de valor humano,
quer político ou privado. Foi sempre tido no seio do partido como um guia de
confiança, coerente e lúcido, acatado e ouvido com respeito, certos de seu
equilíbrio e ponderação como organizador sindical, condutor de massas.<a href="#_ftn9" name="_ftnref9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[9]</span><!--[endif]--></span></span></a> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">Como se pode constatar pelas palavras do poeta santanense, o guia dos
operários fronteiriços que acabava de falecer encarnava as qualidades que um
legítimo militante da causa comunista poderia ostentar: verdadeiro homem de
ferro, acima de seu tempo e de seus pares, na melhor definição do mito do
mensageiro eleito. Jorge Ferreira, ao analisar as origens das concepções
messiânicas que elevaram o proletariado como redentor da humanidade conclui que
o sucesso obtido pelo Manifesto Comunista não se restringiu apenas a revelação
de determinadas “realidades que se fundaram como verdades”, mas também a uma
série de imagens, simbologias e representações imaginárias que, ao final,
cumpriam a função de resgatar estruturas mitológicas milenares. Utilizando-se
das reflexões propostas pelo filósofo Mirceade Eliade, argumenta que, no limite
entre o político e o profetismo social, as idéias mais vulgarizadas de Marx
“retomaram e prolongaram um dos grandes mitos escatológicos de sociedades
antigas (...), a narrativa do modelo redentor do Justo, também conhecido em
diversas versões como o ‘eleito’, o ‘ungido’, o ‘inocente’, o ‘mensageiro’, que
nos tempos modernos, sobreviveu entre os comunistas, mesmo que dessacralizado,
na imagem do proletariado revolucionário.<a href="#_ftn10" name="_ftnref10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[10]</span><!--[endif]--></span></span></a> Imbuído
das homenagens póstumas e da construção do mito, prossegue Mário Santana:<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;">Nunca teve
um só instante de esmorecimento ou vacilação, uma única fenda por onde
penetrasse a cunha do oportunismo, sectarismo ou comodismo deformadores dos
princípios no processo político. Comedido e tenaz, enérgico e ponderado, dotado
de um grande senso psicológico. Incansável sempre estava em todas as frentes de
luta; mesmo nos últimos momentos antes de morrer ainda se fazia ouvir
aconselhando com eficiência, lamentava não poder dar mais para o seu partido: O
PARTIDO COMUNISTA. Achando que a morte lhe vinha inoportunamente aniquilar, no
momento em que se aproximava a luta decisiva. A compleição moral deste homem
pode servir de padrão para quem quiser ser um líder de vanguarda. A estatura de
sua personalidade foi sempre uniforme em tudo, porque em tudo foi honesto e
sincero e bom: como político, como chefe de família, como amigo, como irmão e
como filho. O nobre e grande lutador da Serrilhada se impôs no seu partido por
este conjunto de qualidades excepcionais.<a href="#_ftn11" name="_ftnref11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference">[11]</span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;">Hélio Santana Alves foi parceiro das lutas
sindicais junto a Santos Soares. Participante do ato de pichação no Parque, ele
rememorou a importância do amigo nas lutas em comum, que muitas vezes envolvia
os comunistas uruguaios.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="color: black;"><o:p><span style="font-size: medium;"> </span></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: medium;"><span style="color: black;">Eu
sempre tive, na minha concepção, que nós não entendíamos de marxismo-leninismo,
nós entendíamos de esquerdismo. Marxista era esse velho, Santos Soares, que
mesmo com a saúde abalada, dava orientação de cima da cama. Todos os operários
de fábrica e padaria lidavam com ele. Tinha mil e tantos operários militantes,
entre o Armour, a Padaria Aragonez e outras, uma quantidade enorme. Foi um
baluarte das lutas políticas entre Santana do Livramento e Rivera. Tinha uma
biblioteca marxista, que era notável que um operário tivesse uma biblioteca tão
perfeita(...) Para se analisar a situação da fronteira naquela época, era como
se fosse um partido só. Tanto se militava no partido brasileiro como se
militava no partido uruguaio (...) Mas o fundamental para mim é que o
marxismo-leninismo vinha de Santos Soares, que muitas vezes dava aula no
partido comunista uruguaio. Foi o único elemento que mais se aproximou do
marxismo naquela época</span><span style="color: black; font-family: "Georgia",serif;">.<a href="#_ftn12" name="_ftnref12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "Georgia",serif;"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="color: black; font-family: Georgia, serif;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></span></a></span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span style="font-size: medium;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Como um legítimo território em
comum para os comunistas, a fronteira que surge nas lembranças de Hélio é a que
unificava a militância e as solidariedades, o</span><span style="color: black;"><span style="font-size: medium;">nde
havia um ato do partido iam quase todos das duas cidades. Aos grandes atos do
partido comunista brasileiro, compareciam os comunistas do partido uruguaio, e assim
também do outro lado.</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p> </o:p></p>
<div style="mso-element: footnote-list;"><span style="font-family: inherit;"><!--[if !supportFootnotes]-->* Este texto é parte modificada da tese " No portão da fábrica: trabalho e militância política na fronteira de Santana do Livramento/ Rivera (1945-1954)", apresentada no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas; Programa de Pós Graduação em História, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. </span></div><div style="mso-element: footnote-list;"><span style="color: #0056a3; font-family: inherit; font-size: 18px;"><br /></span></div><div style="mso-element: footnote-list;"><br /></div><div style="mso-element: footnote-list;">
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoNormal" style="text-align: justify;"><a href="#_ftnref1" name="_ftn1" style="mso-footnote-id: ftn1;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a> <span style="font-size: 10pt;">João Batista Marçal, pesquisador do movimento operário
no Rio Grande do Sul, nota que as greves de 1919, nos Frigoríficos Armour, em
Santana do Livramento, e Swift, em Rosário, foram duramente reprimidas. Na
cidade de Rosário, distante cerca de 100 quilômetros da fronteira, dois dos
líderes grevistas - um maquinista uruguaio e outro espanhol - foram degolados,
no caminho de uma suposta deportação para o Uruguai. MARÇAL, João Batista. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Comunistas Gaúchos. A vida de 31 militantes
da Classe Operária</i>. Tchê!: Porto Alegre, 1986. Pg. 118.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn2" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref2" name="_ftn2" style="mso-footnote-id: ftn2;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
LOPEZ, Gustavo. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Uma breve história do
movimento operário uruguaio</i>. Revista Marxismo Vivo. Nº 15<i style="mso-bidi-font-style: normal;">. </i>P.116.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref3" name="_ftn3" style="mso-footnote-id: ftn3;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
MARÇAL, João Batista. Op. Cit., Pg.119.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref4" name="_ftn4" style="mso-footnote-id: ftn4;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Idem. Pg.120.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn5" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref5" name="_ftn5" style="mso-footnote-id: ftn5;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Perseverando Fernandes Santana. Depoimento ao autor.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Documentário “Conversas com Perseverando”.
Santana do Livramento, dezembro de 2015. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref6" name="_ftn6" style="mso-footnote-id: ftn6;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
MARÇAL. João Batista. Op. Cit., Pg.121<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref7" name="_ftn7" style="mso-footnote-id: ftn7;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Idem.Pg.122<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref8" name="_ftn8" style="mso-footnote-id: ftn8;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Gessy Rodrigues Soares. Entrevista concedida ao autor, em 23 de julho de 2011,
Rivera, Uruguai. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref9" name="_ftn9" style="mso-footnote-id: ftn9;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Morte de Santos Soares</i>. Unidade.
Santana do Livramento, 20 de janeiro de 1951. Pg.1<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn10" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref10" name="_ftn10" style="mso-footnote-id: ftn10;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[10]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
FERREIRA, Jorge. <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Prisioneiros do Mito.
Cultura e Imaginário político dos comunistas no Brasil (1930-1956)</i>. Rio de
Janeiro: Eduff. 2002. Pgs 34, 35. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn11" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref11" name="_ftn11" style="mso-footnote-id: ftn11;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[11]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">A Morte de Santos Soares</i>. Op.Cit.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn12" style="mso-element: footnote;">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref12" name="_ftn12" style="mso-footnote-id: ftn12;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[12]</span></span><!--[endif]--></span></span></a>
Hélio Santana Alves. Depoimento ao autor e Liane Chipollino Aseff em 5 de julho
de 2005, Santana do Livramento.<o:p></o:p></p>
</div>
</div>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-34670429978108683262020-09-24T08:59:00.001-07:002020-09-24T09:15:51.473-07:00Há 70 anos da chacina do Parque Internacional <p> </p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><img alt="" data-original-height="486" data-original-width="722" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigBapeJugqouWwj33HLigZmhknsup7fDuiRno7c7O2wqsst5c40FmRmU2S8PeW5gTEjhvUSafeesAciPDFwrkiGkp7OShwdGXi65FzmONWppfDxJ66iPMuRvGqXW6_ds1I9VSXBPE7bYo/w576-h300/armour+1.jpg" style="text-align: left; text-indent: 47.2px;" width="576" /></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">*por Marlon Aseff</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A noite de 24 de setembro de 1950 <span style="text-indent: 35.4pt;">ficaria marcada na história da
fronteira de Santana do Livramento e Rivera devido ao assassinato de quatro
militantes comunistas, reunidos em frente ao Parque Internacional, na linha
divisória que separa Brasil e Uruguai. O ato, de panfletagem e pichação, seria
de afronta ao governo Dutra, de apoio aos candidatos apoiados pelos comunistas
às eleições que se avizinhavam, de rechaço ao fascismo e contra</span><span style="text-indent: 35.4pt;"> o imperialismo,
reforçando o teor da linha adotada pelo Partido Comunista Brasileiro,
especialmente após o Manifesto de Agosto. Conhecido posteriormente como a
chacina dos quatro As – o nome dos mortos iniciavam todos sob a letra A (Aladim
Rosales, Ary Kulmann, Aristides Ferrão Corrêa Leite e Abdias da Rocha), o crime
teve a participação ativa de policiais, pistoleiros e representantes de
latifundiários, que faziam parte do gr</span><span style="text-indent: 35.4pt;">upo que chegou atirando, conforme a
versão dos comunistas. À frente do bando agressor estavam o comandante da
Brigada Militar em Santana do Livramento, Eleú Gomes da Silva; o c</span><span style="text-indent: 35.4pt;">omandante do
Exército, Ciro de Abreu, o delegado da polícia civil, Miguel Zacarias, o
advogado Mário Cunha e o inspetor de polícia Ário Castilhos, entre outros. </span><a href="#_ftn1" name="_ftnref1" style="text-indent: 35.4pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span></span></a><span style="text-indent: 35.4pt;"> Ao final
de menos de 15 minutos de confronto, jaziam os corpos dos quatro militantes
assassinados, e um saldo de pelo menos mais oito feridos, entre eles o
secretário do partido, Lúcio Soares Neto.</span><span style="text-indent: 35.4pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">A primeira investigação consistente sobre a chac<span style="text-indent: 35.4pt;">ina surgiu em 2006,
através da dissertação de mestrado da historiadora Liane Chipollino Aseff.</span><a href="#_ftn2" name="_ftnref2" style="text-indent: 35.4pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span></span></a><span style="text-indent: 35.4pt;"> A
pesquisadora enfoca especialmente a vida cultural na fronteira de Santana do
Livramento e Rivera entre as décadas de 1930 e 1960, e embora não fosse seu
objetivo inicial, registra o crime do Parque Internacional como uma marca da
violência que imperava no ambiente político de Santana, onde desde o início do
século não era incomum a pistolagem, a mando de políticos e grandes
proprietários de terras. Talvez o grande mérito da abordagem seja a construção
dessa fronteira ao mesmo tempo envolta em jogos, cabarés e uma vida noturna
repleta de atrações, contrastando com um</span><span style="text-indent: 35.4pt;"> setor subalterno da população,
trabalhadores da fábrica ou dos campos, dependentes dos grandes mandatários,
fossem fazendeiros, comerciantes ou políticos. Uma fronteira caracterizada como
excludente àqueles que não possuíam poder ou riqueza, surge em depoimentos
orais que assinalam por primeira vez o protagonismo de personagens que iriam
ser abordados nas pesquisas seguintes. Conforme veremos, as causas do confronto
recaem ora para a irresponsabilidade da direção do partido, que teria instado o
ato, mesmo sob o clima aberto de conflito com as forças policiais e econômicas
da cidade, ora a uma cilada armada deliberadamente por setores ligados ao
Frigorífico, composta por forças po</span><span style="text-indent: 35.4pt;">liciais e pistoleiros.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">O ex-operário do Frigorífico Armour, Hugo Nequesauert, fez questão de
absolver a direção do partido em Santana, afirmando ter presenciado o
telefonema em que Lúcio Soares Neto é instado a levar à frente o ato político
pela direção do comitê estadual do PCB, então na clandestinidade. <o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;">Em 1950,
quando aconteceu a chacina eu não estava mais no Armour. Já tinha sido botado
para a rua, por causa da greve que fizemos.
Havian sindicalistas, casi todos, mas era el partido que estava
determinando os acontecimentos. Era época de eleição, se supo que la policía ia tomar represálias, e se consultó a Porto Alegre e
yo era uno, solo yo, que estava com
Lúcio quando recibió ordenes de que podian hacer pichamento legalmente, que
estava todo determinado de que no ia passar nada. Entonces aí se resolvió
hacer, se convoco a la gente toda e se fez, se começo a pichar, quando vê,
somos surpreendidos pela polícia. E chegou atirando, insultando e atirando e
matando. E matou quatro! Havia 15 o
17 personas quando mucho, no havia
más...Unos dirigian el trabajo e otros executa</span><span style="font-size: 10pt;">van el trabajo. Estavam
completamente desprevenidos, a arma deles era o pincel e a cal. </span><span class="MsoFootnoteReference" style="font-size: 10pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><a href="#_ftn3" name="_ftnref3" style="font-size: 10pt;" title="">[3]</a></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Embora Hugo reforce a ideia de que o grupo estava desprevenido, relata a
existência de uma retaguarda armada, que ficou encarregada da segurança. O
iminente enfrentamento com a polícia e as forças mais conservadoras da cidade é
usu<span style="text-indent: 35.4pt;">almente relegado a um plano secundário, talvez para abrandar a
responsabilidade pelo confronto que poderia ser imputado aos líderes
comunistas, especialmente a Lúcio Soares Neto, que dirigia o ato. De fato,
entre militantes comunistas remanescentes, como Jorge Ferrão, há uma velada
culpabilidade a direção do partido pela atitude extrema do ato em frente ao
parque, pois já existiria uma advertência, do chefe de polícia, de que não
seriam toleradas manifestações do grupo comunista a uma semana das eleições.
Lúcio ficaria com a imagem desgastada perante uma parte dos militantes, como
Ferrão, que levantaram a versão de que ele próprio teria buscado abrigo atrás
de um dos militantes, morto pela polícia, conforme versão que correu
especialmente quando do julgamento dos envolvidos na chacina. Posteriormente,
como veremos, foi descartada essa hipótese, embora persistam ainda </span><span style="text-indent: 35.4pt;">hoje nos
relatos orais uma reprimenda a atitude do secretário do partido, que por muito
pouco escapou de ser morto no combate. Uma versão recorrente em outras
narrativas</span><a href="#_ftn4" name="_ftnref4" style="text-indent: 35.4pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span></span></a><span style="text-indent: 35.4pt;">,
culpabiliza o delegado Migue</span><span style="text-indent: 35.4pt;">l Zacarias de promover o confronto devido ao fato
de estar disputando uma mesma mulher com Lúcio, hipótese passional que se demonstraria
inverossímil, ao tentar isentar, ao menos sob essa alegação, o líder comunista
das consequências de promover o ato ou não perceber que jogava os militantes em
um enfre</span><span style="text-indent: 35.4pt;">ntamento aberto e previamente anunciado. Pouco antes do confronto, a
escassos metros do local, em solo uruguaio, o pecuarista e militante Perseverando
Santana e seu tio, Sona Santana, </span><span style="text-indent: 35.4pt;">acompanhavam os preparativos de um pirão de
cola, que seria usado para afixar cartazes nos tapumes que protegiam a obra do
edifício Palácio do Comércio, ponto comercial que estava sendo construído bem
em fr</span><span style="text-indent: 35.4pt;">ente ao parque. Estavam no restaurante Doña Maria, de propriedade de Ari
Kulmann, que seria assassinado logo em seguida. Conforme depoimento de
Perseverando Santana, o c</span><span style="text-indent: 35.4pt;">lima de enfrentamento era de conhecimento de todos.
Talvez por isso tenha se posicionado contra o ato, muito embora vencido pela
direção local.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT;">(...) sentados em uma das mesas do restaurante Doña
Maria, Persevarando, Sona e Ari Kulmann, que não estava escalado para a
pixação, con</span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">versavam e aguardavam. Perseverando lembra que, em meio a um
ambiente tenso, o companheiro Ari disse: "Tchê, vocês não tem um revólver?
Sim, porque hoje vai se dar alguma coisa". Kullman decidiu então
participar das pixações e “tomou” o pincel de Magalhães, que estava já preparado
para o serviço. Na praça estavam escalados para dar segurança ao grupo os
companheiros Holmos, Lucio Soares Neto,
Hugo Nequesauert, Doralino Trindade, Pedro Perez, Santos Rodrigues e Amaro Gusmão.</span><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;"><a href="#_ftn5" name="_ftnref5" title="">[5]</a></span></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT">Entre os militantes da linha
de frente</span><span lang="PT" style="text-indent: 35.4pt;">, dois candidatos às eleições que se avizinhavam encabeçavam o ato: o
vereador Solon Pereira Neto, ex pessedista convertido à causa comunista,
jornalista incendiário e par de Lúcio Soares Neto nas causas operárias
defendidas na Câmara Municipal, candidato a deputado estadual pelo Partido
Republicano; e Aladim Rosales, reconhecido líder dos trabalhadores do
frigorífico, demitido na greve do ano anterior, candidato a deputado federal. A
versão de Perseverando Santana remete ao local do crime, por voltas das 22h.
Conforme ele, o primeiro a ser baleado pelos policiais, que teriam chegado insultando
e provocando o conflito foi Ari Kulmann.
Hélio Santana Alves levou um tiro nas nádegas. Aristides Corrêa foi
baleado no peito. Santos Rodrigues também baleado, nas pernas, sobreviveu. Abdias
foi atingido na boca e caiu mortalmente ferido dentro do Café Tupinambá,
tradicional cafeteria localizada no Largo, exatamente em frente à calçada onde
se deu o conflito. Aladim Rosales também morreria no local, com um tiro à
queima roupa. Ari Kulmann ainda seria levado ao hospital, mas não resistiria.
Finalmente, entre o grupo comunista, Lúcio Soares Neto escaparia ferido por
entre o Parque, buscando refúgio na casa de Francisco Cabeda, localizada a
poucos metros do conflito, no “lado uruguaio” da linha</span><span style="text-indent: 35.4pt;"> divisória.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT">Perseverando Santana
rememorou, 64 anos depoi</span><span style="text-indent: 35.4pt;">s dos acontecimentos, o contexto em que se deu o crime,
afastando o partido de alguma responsabilidade pelas ações de confronto aberto,
mas reforçando nas entrelinhas a culpabilidade de setores mais conservadores da
cidade, especialmente os ruralistas e a direção do frigorífico, que não
aceitavam os desdobramentos da organização dos trabalhadores, especialmente
após a greve do ano anterior.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT;">O partido foi cassado em 1947, depois cassaram os
representantes do partido em 1948, entraram na clandestinidade partidária,
então se usava as legendas </span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">de outro partido. Partido Socialista, Partido Republicano,
e quando se aproximavama as eleições para presidente da república e o governo
do estado, em 1950, lançamos pelo Partido Republicano o Solon
Pereira Neto. Mas anterior a isso, a greve de 1949 no Armour teve grande
repercussão, e os dirigentes dessa greve foram</span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;"> presos e até o Exército os levou
para o quartel, o que não podia, e depois soltaram. Daí formou-se um clima
muito grande sobre a atuação do partido, e o Armour tinha um poder muito grande,
econômico, onde 50% dos impostos da cidade eram do Armour. E houve uma reunião
na casa do Lúcio Soares Neto, que era o secretário naquela época, e de lá do
comitê estadual veio a ordem, pode pintar que é legal. E era legal mesmo, era o
Partido Republicano...Mas a polícia sabia que era o partido....ora...e tinha
algumas opiniões, t</span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">ava o Mário (Santana), e outros, inclusive parece que o
Heron (Canabarro) também, que achavam que era provocar a polícia, que havia
perigo. </span><a href="#_ftn6" name="_ftnref6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span></span></span></a></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT">Hugo Nequesauert narrou sua
versão do conflito, desabonando o clima de enfrentamento aberto que existia
como consenso entre os militantes momentos antes do embate. Preferiu enfatizar
uma situação de emboscada e legítima defesa. <o:p></o:p></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span lang="PT" style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT;">Nós estávamos tranquilos, os três num acento no Parque,
eu estava no meio, o Lúcio no lado uruguaio, mas no Brasil, e o Amaro (Gusmão)
no lado de Santana. Todos aí tranquilos, e numa dessas o Lucio me diz, que é
isso? Mas que é isso, barbaridade! E eu não enten</span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">dia, até que me olhei para os
lado e me dei conta e vi aquele grupo tremendo de gente, todos armados,
bancando o valente, alguns com o chapéu bem requintado, pra frente, dispostos a
brigar. E insultando. Comiunista</span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">s filhos deste, comunistas filhos daquilo..de
tudo que é maldade diziam. E eu digo, são eles! E o Lúcio me diz, mas </span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">eles
quem? E digo, eles, a polícia hombre (risos). Aí ele entendeu, se levantou,
puxou o revólver, e marchou pela calçada. Eu fiquei no mesmo lugar, mas na
calçada, onde eles iam passar. E “ansim” foi. O Lúcio se pego</span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">u a tiro com um
policia lá adiante. Eu não vi nada disso, absolutamente nada dessa parte. Mas
chegou a minha. Porque seguiram invadindo. Chegou a minha. E eu já estou
atirando na montoeira, tirando vantagem. E não importa em quem pegue, que pegue
em qualquer um deles tá bem pegado. Mas se terminaram as balas rápido, eram
seis balitas. E eu tinha mais no bolso, porque eu sempre usava mais. Carreguei.
Mas quando eu tô carregando o revólver dô uma olhada não?, porque tem que estar
olhando. E o Solon vem com um boletim do pichamento, insultando a um polícia.
Chamando de facista, disso e de aquilo, de corrupto, de todo lo que cabe. E eu
baixei a cabeça pra carregar de novo. Porque cambiei de idéia. Digo, vou atrás
do Solon...vão matar. Bem essas foram as minhas palavras. Termino de carregar,
e olho e o Solon tá caído. Der</span><span lang="PT" style="font-size: 10pt;">rubaram ele à bala. Então eu cambiei de rumbo, eu
ia prum lado, e resolvi passar a rua e acudir o Solon, que tava morrendo ou baleado,
pelo menos tava caído...e atravessei a rua no meio das bala, brigando. </span><a href="#_ftn7" name="_ftnref7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT"><span class="MsoFootnoteReference"><span lang="PT" style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span></span></span></a></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><span lang="PT">Perseverando reforça o caráter
arbitrário da ação e a prisão ilegal de Solon. Prefere retirar a responsabilidade
de Lúcio Soares Neto pelo ato. Tampouco faz uma autocrítica sobre o rumo de
radicalização extrema pela qual passava o partido naq</span><span style="text-indent: 35.4pt;">uele momento.</span><span style="text-indent: 35.4pt;"> </span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;">O Solon
ali tava fazendo propaganda. Não tava armado. Se ele tivesse armado.... tava fazendo propaganda como candidato. E
quando veio a polícia, que esparramou, ele com um maço de jornais disse, vocês
não respeitam, fascistas... e tal, como ele era, temperamental bárbaro, o Solon. Ali ele
recebeu uma pancada na cabeça e caiu... e quando vinha o policial para dar um
tiro, qualquer coisa, o Hugo Nequesauert me disse, deu o tiro e feriu na perna,
o Caetano. Compreendeu? E levantaram, o Solon foi preso. E colocaram ele no
presídio. Ele era vereador. Mas sem partido, porque ele aderiu ao partido
comunista... que foi outro erro. Como o Santos disse, ele não tinha que sair do
partido, o PSD, ele tinha que ficar lá dentro. Mas, naquele sectarismo.<span class="MsoFootnoteReference"><a href="#_ftn8" title=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span></a></span></span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Hugo não relata o suposto tiro no soldado Caetano. A partir do momento em
que narra o momento no qual acode Solon,
leva o depoimento <span style="text-indent: 35.4pt;">para a ocasião em que estaria no Parque, em meio a uma
possível fuga, quando se encontra com o advogado Mário Cunha.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 10.0pt; margin-left: 2.0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm; margin: 0cm 0cm 10pt 2cm; text-align: justify;"><span style="font-size: 10pt;">Me paro aí
perto do Solon, e olho para a esquina de lá, e por lá só pode vim ... bem pela
linha, tem um parquezinho ali que é metade Brasil, metade Uruguai, na mesma
rua. E apareceu aquele homem grande gritando, em manga de camisa...(imita
grunhidos de gritos), aqueles grito fantástico...reconheci...e chegou e me viu.
E eu tô me retirando, dale... que que ia fazer.
E me apontou. E aí eu reconheço que era o Mário Cunha, e digo, vai me
atirar...e não demorou nada, chegou perto, mas perto não?, relativamente cinco
ou seis metros. E me começou a atirar. Mas mal, atirava. Eu notava, ele me
apontava...eu tô aí, ele apontava aqui. E me olhava e atirava como se fosse em
mim. Errado todo. Então eu calmei. Esperei que tirasse seis tiro. Quando ele
tirou seis tiro eu avancei nele. Teria duas três bala ao máximo, capaz que no
tuviera. Avancei nele para dar bem de pertinho, porque já nem sabia bem quantas
bala tenia. E nos juntamos como el grando lua (?) (risos), e quando ele viu o revólver,
pequeno, 31, quando ele viu ele fez isso... com os braços levantou e me deu as
costas...e eu ia dá-lhe igual, que cosa....(risos) e se desesperou, gritou...e
o negro Ventura me grita do auto, não mate o homem seu,</span><span style="font-size: 10pt;"> não mate. E eu vi que
era a voz de um companheiro, grande companheiro, e obedeci.</span><a href="#_ftn9" name="_ftnref9" style="font-size: 10pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></span></span></a></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">Assim como nos momentos decisivos que deflagraram a greve de 1949 no
frigorífico, o ano de 1950 e especialmente os meses que antecederam a chacina ficariam
marcados pelo tom das críticas comunistas sobre a ação deletéria do
imperialismo, com os frigoríficos estrangeiros estabelecendo verdadeiro terror
sobre a economia nacional. O aumento
crescente do preço da carne e a escassez do produto no mercado nacional, ofertado
de maneira precária e de má qualidade, denunciava o jornal Voz Operária, estaria
diretamente atrelado à ação nefasta dos<span style="font-size: 14pt; line-height: 150%;"> </span>grandes frigoríficos, que penalizavam os pequenos
produtores e destin<span style="text-indent: 35.4pt;">avam o melhor da produção a um
esforço de guerra norte-americano na Coréia e a outros países sob ditaduras.</span></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">*Este texto é uma versão reduzida e adaptada de parte de um capítulo da tese de
doutorado defendida na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, intitulada “No
portão da fábrica - trabalho e militância
política na fronteira (1945-1954)”.<o:p></o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">*foto: Ruínas do Frigorífico Armour em Santana do Livramento</p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;"><o:p> </o:p></p><p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
</p><div><!--[if !supportFootnotes]--><br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<div id="ftn1">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Depoimento de Perseverando Santana concedido a Marlon Aseff em 22 de janeiro de
2012. Santana do Livramento. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn2">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></a>
CHIPOLLINO ASEFF, Liane. Op.Cit. Pgs. 164-175.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn3">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Hugo Nequesauert. Entrevista a Marlon Aseff em 23 de agosto de 2011, Santana do
Livramento. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn4">
<p class="MsoNormal"><a href="#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></a>
<span style="font-size: 10pt;">VARGAS DE SOUSA. Oneider. As lutas operárias na
fronteira: a chacina dos quatro “As” (Livramento – RS/1950). Dissertação de
Mestrado. UFSM. 2014.<o:p></o:p></span></p>
</div>
<div id="ftn5">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></a>
ASEFF. Marlon. Retratos do exílio: experiências, solidariedade e militância
política de esquerda na fronteira Livramento/Rivera (1964-1974). Dissertação de
Mestrado. UFSC. 2008.Pg</p><p class="MsoFootnoteText"><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn6">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Perseverando Santana. Depoimento ao autor em Conversas com Perseverando,
documentário, 2013.<o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn7">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Hugo Nequesauert. Depoimento ao autor em Conversas com Perseverando,
documentário, 2013.</p><p class="MsoFootnoteText"><o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn8">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref8" name="_ftn8" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[8]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Perseverando Santana. Depoimento citado. <o:p></o:p></p>
</div>
<div id="ftn9">
<p class="MsoFootnoteText"><a href="#_ftnref9" name="_ftn9" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[9]</span></span><!--[endif]--></span></a>
Hugo Nequesauert. Depoimento citado.<br /><o:p></o:p></p>
</div>
</div><div style="mso-element: footnote-list;"><div id="ftn9" style="mso-element: footnote;">
</div>
</div>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-68657419269628819752020-08-10T06:28:00.002-07:002020-08-10T06:36:39.818-07:00<p></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><p class="MsoNormal"><span style="color: #38761d; font-size: x-large;"><b>A poesia palestina de Mahmud Darwich e Mohamad El
Hanini </b></span><o:p></o:p></p></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><iframe allowfullscreen="" class="BLOG_video_class" height="266" src="https://www.youtube.com/embed/7wLRN79dP2Q" width="320" youtube-src-id="7wLRN79dP2Q"></iframe></div> <p></p>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-27971884072110084172019-11-14T06:51:00.000-08:002019-11-15T17:10:28.927-08:00<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX0u6VUlmIkosFT0B4Bk5nOqZJC8fxJVifMUxEHlH56-MGp96mfN2PCdNYnn0lmnIPlIhcXDwZMcredzsxVw3MMxjuwiaLN19pKRz5mb1Ljr1dHD7Z-i0T-9aBErRODt9iT229chj0UVc/s1600/76193629_2689185701102475_1952472208408313856_o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="678" data-original-width="960" height="452" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX0u6VUlmIkosFT0B4Bk5nOqZJC8fxJVifMUxEHlH56-MGp96mfN2PCdNYnn0lmnIPlIhcXDwZMcredzsxVw3MMxjuwiaLN19pKRz5mb1Ljr1dHD7Z-i0T-9aBErRODt9iT229chj0UVc/s640/76193629_2689185701102475_1952472208408313856_o.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="font-size: large;"><br /></span>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-78844717801889005652019-03-18T16:05:00.001-07:002019-10-16T18:10:43.585-07:00A destruição total do perdedor<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: 21px; letter-spacing: -0.063px;">por André Lobão </span><br />
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: 21px; letter-spacing: -0.063px;"><br /></span>
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: 21px; letter-spacing: -0.063px;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; letter-spacing: -0.063px;"><span style="color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-size: large; letter-spacing: -0.063px;">A visita oficial aos EUA do presidente do Brasil passa a sensação de capitulação e derrota ao Brasil. Perdemos uma guerra sem que tivessem ocorrido tiros, deslocamento de infantarias e bombardeios aéreos. Foi um exemplo prático da chamada Guerra Híbrida, uma tática que aplica política, mentiras e outros métodos de influência comunicacional em que se produz desconstrução de reputações, perseguições (lawfare) e intervenção eleitoral externa.</span></span></div>
<span style="font-size: large;"><span style="color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; letter-spacing: -0.003em; text-align: justify;">Em três anos o Brasil está sendo desmontado, privatizado, e, principalmente, humilhado. </span><span style="color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; letter-spacing: -0.003em; text-align: justify;">Para os conquistadores a práxis é humilhar os inimigos vencidos, seja pela destruição da estima deste povo com ações que vão desde a barbárie contra mulheres, talvez isso possa explicar o alto índice de feminicídios que ocorrem atualmente no Brasil; retirada de direitos trabalhistas e previdenciários; perda de nossas riquezas como o petróleo; a base aeroespacial de Alcântara/MA; destruição da cultura e educação e desmonte de tudo que o perdedor tenha deixado como legado.</span></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; letter-spacing: -0.003em; text-align: justify;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4gykGm6Q9liRPFcTecFmjhPxZpXZ7gDcwu4-CRtoHQ3-wbstan8BFcaTdWKfltk6jKmxmIyXXjTkclorZfoOr9be5afs6lK-v0Aj8hxKjCY9TJyEw3oH3OFuw5ryvA4s_okYduDqokQg/s1600/hqdefault.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; text-align: justify;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="480" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4gykGm6Q9liRPFcTecFmjhPxZpXZ7gDcwu4-CRtoHQ3-wbstan8BFcaTdWKfltk6jKmxmIyXXjTkclorZfoOr9be5afs6lK-v0Aj8hxKjCY9TJyEw3oH3OFuw5ryvA4s_okYduDqokQg/s320/hqdefault.jpg" width="320" /></a></span></span></div>
<br />
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: large; letter-spacing: -0.003em;">
</span>
<span style="font-size: large;"><span style="color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; letter-spacing: -0.003em; text-align: justify;">Assim foi feito na Alemanha do pós-guerra, Iraque com a ocupação americana, Síria com grupos como o Estado Islâmico e na Palestina sob a implacável ditadura de Israel. </span><span style="color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; letter-spacing: -0.003em; text-align: justify;">Mas aqui tudo foi diferente, aconteceu e acontece em doses homeopáticas, de forma que seja absorvido e encarado pelo povo como “mudança” e na base da resiliência, com a mídia fazendo claramente isso. </span>Em banquete com seus gurus políticos da extrema direita americana Bolsonaro disse que é preciso “desconstruir muitas coisas no Brasil para construir outras”. Essa é a exata e triste realidade que estamos no Brasil sendo submetidos. Pagamos o preço da derrota de uma guerra.</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: rgba(0 , 0 , 0 , 0.84); font-family: , "georgia" , "cambria" , "times new roman" , "times" , serif; font-size: 21px; letter-spacing: -0.003em;"><br /></span>
</div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-91454099390962850152018-08-05T10:32:00.001-07:002018-08-05T12:22:37.724-07:00Antonio Apoitia, o militante imprescindível<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWv6c5zx38aAmR-RsrebI6FaAkTBxDSIOp9Ft5H7AZYUgWsY1xvocNm747u0csgr-klEw_IAx_Rsm-iB5P4PmgO3vNTrA9T4kCew2WE7z3Wrp-wI_e7WGLzdQPT_uuYLlQrpbox_N9yJ8/s1600/28280131_1654102894612635_443087128401417399_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="638" data-original-width="960" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiWv6c5zx38aAmR-RsrebI6FaAkTBxDSIOp9Ft5H7AZYUgWsY1xvocNm747u0csgr-klEw_IAx_Rsm-iB5P4PmgO3vNTrA9T4kCew2WE7z3Wrp-wI_e7WGLzdQPT_uuYLlQrpbox_N9yJ8/s400/28280131_1654102894612635_443087128401417399_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">A sessão plenária da
Câmara de Vereadores do dia 9 de junho de 1969 ficaria marcada na história de
Santana e especialmente do advogado Antônio Apoitia Neto como um acerto de
contas com a ditadura militar. O Ato Institucional Nº 5 havia decretado o
fechamento do Congresso Nacional e o recesso das assembleias legislativas
estaduais e câmaras municipais, entre inúmeros outros gestos de arbítrio, como
fim do habeas corpus e instauração de censura prévia nos meios de comunicação.
Nesse ambiente de extrema tensão, Apoitia iria fazer ouvir sua voz pela última
vez no parlamento municipal. Único vereador santanense cassado pelo ato
ditatorial, o advogado criminalista, recentemente falecido, fazia parte de um
conhecido grupo de combatentes políticos marcados pela resistência ao golpe. Segundo
vereador mais votado para a legislatura 1969/1972, egresso das fileiras
comunistas, assumia a vereança em uma bancada majoritária do MDB, que não
poupava críticas ao recém-empossado interventor municipal, o general Antônio
Moreira Borges. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Na sessão de posse do
interventor santanense, Apoitia já tinha ousado quebrar o protocolo e tomar a
palavra, afirmando com ênfase suas posições nacionalistas, que batiam de frente
com as diretrizes da “revolução”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Selando
definitivamente sua sorte, pediu a palavra e falou diretamente ao interventor,
investido pelos votos que recebera. “<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Continuo
mais nacionalista do que antes, porque quero ver a pátria brasileira livre da
espoliação dos grupos econômicos norte-americanos que espoliam não só a nossa
Pátria mas a toda a América Latina, todo o terceiro mundo</i>”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Mais do que suas posições contrárias ao AI5,
Antonio Apoitia já estava “marcado na paleta”, como diz o linguajar gaúcho,
devido a sua conhecida militância no sindicato dos bancários de Porto Alegre e
a intensa colaboração no trânsito de exilados pela fronteira, nos anos que se
seguiram ao golpe. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">"<i style="mso-bidi-font-style: normal;">O Apoitia era conhecido como a voz das
ruas, porque ficava dias escondido em um sótão que existia no sindicato, à
salvo da repressão, convocando os companheiros por um sistema de alto-falantes
colocado nas esquinas</i>", lembra o companheiro de sindicato e
ex-governador do Rio Grande do Sul, Olivio Dutra. Devido a militância, em
novembro de 1964 foi sequestrado pelo Dops gaúcho e permaneceu encarcerado
durante 30 dias na penitenciária estadual, sem saber se dali sairia vivo. Após
o intenso período de tortura psicológica, vivendo em condições sub-humanas, foi
libertado e voltou para fronteira, onde perfilou-se na ala dissidente do PCB,
que buscava uma reação armada ao golpe. Com o aprofundamento da repressão
passou a trabalhar nos bastidores, vivendo em Rivera, fazendo a vez de “pombo
correio”, sempre que fosse preciso. Amaury Silva, Cláudio Braga, Leonel Brizola
e o presidente deposto, João Goulart, faziam parte da rede de exilados
auxiliados por Apoitia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>“<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Eu tinha um amigo na policia de Rivera, e
entrava no Uruguai com uma identidade falsa, onde eu tinha o nome de Antonio
Almafuerte, que foi inspirado em um poeta argentino</i>”, costumava lembrar. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Atuando junto ao advogado uruguaio Adán Fajardo, Apoitia iria conviver
intensamente com o colega e exilado político Tarso Genro, que recentemente
lembrou do amigo como uma pessoa “imprescindível”<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>e “militante político de primeiro nível”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="background: white; color: #1d2129; font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Oriundo
de uma família de raízes anarquistas e comunistas, Apoitia foi resgatado – aos
dois anos de idade - de um incêndio, que consumiu a panificadora de seus pais,
na atual esquina das ruas General Câmara e Hugolino Andrade. Herdeiro de uma
tradição libertária, o advogado iria atravessar os anos de repressão com um
prestígio intocado, coroado pela eleição a vice-prefeito na chapa do radialista
Oriovaldo Greceller em novembro de 1985. Exemplo para toda uma nova geração de
políticos da fronteira, Antonio Apoitia abdicou até mesmo da vida pessoal para
dedicar-se a luta política e a solidariedade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Texto e foto: Marlon
Aseff<o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: x-small; line-height: 115%;">publicado originalmente na terceira edição de Almanaque Santanense</span></div>
<br />jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-65959168452176029322018-04-02T08:46:00.000-07:002018-04-02T18:37:58.601-07:00Luana Mockffa: Confissões de um coração em transe<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii3JgnUg1I2X6MFP2iDCJYXSedlsPfas4w7DvPmYlYE_CBdtfYk4-9Jo8KTckCHesUQLJ808B8hIRPpI_VtwnFih_rxeRbe5xCSnj4vnb-I2TmLge2l16TMvB3fB5G7XK6HZo25JtibEA/s1600/lu.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="454" data-original-width="716" height="403" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEii3JgnUg1I2X6MFP2iDCJYXSedlsPfas4w7DvPmYlYE_CBdtfYk4-9Jo8KTckCHesUQLJ808B8hIRPpI_VtwnFih_rxeRbe5xCSnj4vnb-I2TmLge2l16TMvB3fB5G7XK6HZo25JtibEA/s640/lu.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Luana Mockffa é cantora
brasilis. Luana vive em Floripa. Luana é musa do dream pop. Luana transita em
um país afogado na mediocridade dos homens de gravata. Luana acaba de lançar um
single que está causando e prepara novidades. Luana bateu um papo com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Jogos da Memória</i> sobre seu processo
criativo, seus singles, e de como é viver em um
pedacinho de terra perdido no mar... <span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Como é ser artista no
nosso convívio ?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Minha família nunca me
levou a sério, inclusive na música. Nunca foram nos meus shows, nunca deram
bola para ouvir minhas músicas, os vídeos, nada. Mas desta vez eles pararam...acho
que foi o vídeo do Vernizzi, e da música ser mais pop, eles levaram a sério...
do tipo <i>“uau, nem parece que foi você que fez”</i>. E a partir disso meu pai tem me
dado alguma sugestão de apoio no sentido financeiro...ou seja, toda uma
logística que envolve uma certa grana, e tá sendo positivo isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas já tinha lançado o
primeiro EP ?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sim, mas o primeiro EP
foi bem atrapalhado, eu tinha 24 pra 25 anos. Foi em 2013 que começamos a
gravar e lançado em 2014. Tinha cinco faixas, sendo que em duas delas eu não
fiquei satisfeita, mas vou relançar. Chamava-se Algia, que é um sufixo de
dor....como fibromialgia.... A música já transitava pelo Dream Pop. Tem uma
versão de <a href="https://www.youtube.com/watch?v=fJ9DbZwqT7Y"><i>Manhã de Carnaval</i></a>, uma bossa nova do Luiz Bonfá, de 1953...por aí.
Mas no EP não faz alusão alguma a bossa nova, é um arranjo de milonga, com uma
distorção à la Bang Bang, da Nancy Sinatra. E isso dentro do meu mundo não
precisa de significado, ou que referencie um rótulo para minha música...preciso
é que se materialize. É uma música de sintetizadores, mas a guitarra é
guitarra. Tem clarinete, no timbre, e funciona muito bem. Na época, eu tava
numa pira de entoações tribais, de cantos meio xamânicos, então tem umas
segundas vozes que lembram isso. Tem outra faixa que se chama <a href="https://www.youtube.com/watch?v=pSQyEHD-8ds"><i>Mount of Sugar</i></a>,
que eu me inspirei na obra Revolução dos Bixos. Na versão em inglês tem uma
fábula que os bixos contam para os outros bixos, que tem um lugar que se chama
mount of sugar. Lembro que eu relacionei a morte, mas uma boa morte...na época
eu tava tão niilista que eu pensei, bom, esse lugar não existe...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-vHMbYf_Y0s0VxLZxvOu368_PK8GqH_79HIpA4aAHcaVi5y39UX3nTVtM39i5LWmQ_un7Ihd55GYg79cUJq2nek1yZYjRfrx9ECRKhKDibr-9Q14coWjWx4VhXAJ56LDIZv48OwA8rc/s1600/IMG_20180218_114641883.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhX-vHMbYf_Y0s0VxLZxvOu368_PK8GqH_79HIpA4aAHcaVi5y39UX3nTVtM39i5LWmQ_un7Ihd55GYg79cUJq2nek1yZYjRfrx9ECRKhKDibr-9Q14coWjWx4VhXAJ56LDIZv48OwA8rc/s320/IMG_20180218_114641883.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O EP tem uma mensagem
ou algo que o identifica com esse momento?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Tem algo central, que é
o processo de dor que eu estava sentindo fisicamente enquanto eu fazia ele. Por
isso que se chama algia. Eu ainda não sabia lidar com a quantidade de remédios,
e fazer o meu timbre ficar... eu perdi o controle da minha voz, porque na época
eu estava tentando me acostumar ainda a falar e ter reflexos de novo, são
muitos remédios...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">E o single <i style="mso-bidi-font-style: normal;"><a href="https://www.youtube.com/watch?v=XdMb_p5CiGM">Eu vou fugir pro Rio de Janeiro</a></i>, como dá
para definir, os beats ...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Beats são bases
musicais onde tem tudo. Tem bateria, órgão, tudo o que você quiser pode ter num
beat. Originalmente era só batida, mas os beats foram evoluindo tanto que as
batidas foram ficando sofisticadas, os softwares foram ficando sofisticados, e
hoje você consegue fazer uma música inteira a partir de um beat. Então, mesmo
que tenha hip hop, rap, ali naquelas batidas, é um beat não feito para isso...
porque eu misturo com elementos bem pops. Eu tava numa fase de ouvir muito rap
nacional e muito pop nacional e internacional. Então misturou tudo. Por isso
esse trabalho tem mais lucidez. No Algia eu tava muito dopada, e eu não tinha o
controle das coisas, tudo foi feito meio que às xongas, assim (risos). Só que
agora eu sei o que eu quero, eu sento do lado do Yraq, que é meu produtor, e
falo o que eu penso. Somos co-compositores. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Quais foram suas
influencias para esse trabalho que sucedeu o Algia?<o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">De rap tem Menestral,
Froid, Rincón Sapiencia, Criolo, Djonga.... é uma galera underground, que faz
seu sucesso. Mas eu vou na vanguarda do pop também. Porque o que me cativa no
pop é a produção. Quando entra o clap, em que parte faz a transição para o
kick, como se trabalha os graves, médios<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>e agudos...Na verdade eu até desconstruo o pop, mas eu ouço um pop de
bastante qualidade, como a Sia, Pharrell Williams, Drake, The Weekend, Beyoncé,
esse tipo de pop. Então fazem parte de uma pesquisa que pode até não ter método
algum, porque se trata de ouvir o que eu quero, e que naturalmente vira um
híbrido. Ah, e o Tim Bernardes, que faz uma espécie de MPB de vanguarda, e Mac
Demarco, que faz um som bem easy...tem o Devendra também, que é o gênio da
mistureba.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinH_aqgazXwClxvHjnkMI_oxduHr1fodprFxpdkQaUjSil2YqcuUHD8-P_rc3Dv6NcZNknJSjrrSeDAgLsR5_n4EyxKkvsF4undnxAPCaAsBaGEr4n-vRN7j469GiPUnq1gFpcAkc5HhI/s1600/luanaA4.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1200" data-original-width="1600" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinH_aqgazXwClxvHjnkMI_oxduHr1fodprFxpdkQaUjSil2YqcuUHD8-P_rc3Dv6NcZNknJSjrrSeDAgLsR5_n4EyxKkvsF4undnxAPCaAsBaGEr4n-vRN7j469GiPUnq1gFpcAkc5HhI/s320/luanaA4.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu
vou fugir pro Rio de Janeiro</span></i><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> nasceu dessa mistura?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Sim, a música fala
dessa cantora que quer fugir pro Rio, e prospecta seus sonhos e entoa um
mantra, tipo vai dar certo! Totalmente autobiográfico, na primeira pessoa, sou
eu mesmo. E desde que eu comecei a assistir Branca de Neve com a minha filha, a
Maria Clara, eu me apaixonei por uma melodia do filme, da versão em português,
que diz <i style="mso-bidi-font-style: normal;">um dia, um dia eu serei feliz...</i>
mas a letra é super passiva, de uma mulher que fica esperando um homem, que
depois beija ela, salva ela...Então eu uso só a primeira frase original, mas
depois coloco minha letra como uma resposta para ela. Fiz uma releitura, uma
versão em recorte, misturado com todo o resto... No começo eu queria colocar o
início da música da Branca de Neve, e em paralelo eu tinha o refrão do <i style="mso-bidi-font-style: normal;">vou fugir</i>....aí o Yraq me mostrou um
beat que já era próximo de como ficou o original. Comecei com Branca de Neve, mas toda vez
que ia cantar eu saía do tom, aí eu resolvi fazer um teste, que era encaixar
o refrão e ficou perfeito, no sentido de dois pedaços darem muito certo. Aí foi
a produção do beat, onde o mérito é todo do Yraq. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O clipe também foi um
ponto alto do trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O clipe é o seguinte, eu
sempre tive vontade de trabalhar com o Felipe Vernizzi, que é um diretor e
fotógrafo, pelo qual eu sou completamente apaixonada pela linguagem
cinematográfica dele. E eu contactei ele, e mesmo com pouquíssimo orçamento,
ele veio para Florianópolis. Ele já era amigo de outro produtor com o qual eu
tenho um duo, chamado Artemisia Vulgaris, que é o Rodrigo Ramos. Eu já tinha o figurino
do clipe, e aí mostrei a música para ele, que adorou. Aí ele ouviu também outra
música, que se chama <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sleep Well</i>, que
ele adorou e quis fazer clipe dessa música também, que devemos lançar nas
próximas semanas. Esse clipe foi feito no pinheiral do Rio Vermelho, dentro de
um opala, que é um carro atemporal. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">No clipe de Vernizzi
não há um lugar definido, tipo <i style="mso-bidi-font-style: normal;">olha é
Floripa!</i> Isso é deliberado?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">É qualquer lugar. Mas
não é que não seja Floripa. Na verdade eu estou sentindo falta de uma cena em
Floripa. Tá acontecendo uma cena muito forte de mulheres, e é por isso que eu
estou sentindo falta da cena, porque existem as pessoas mas não existe espaço
de sobrevivência através da música. Pessoas incríveis, como a Renata Swoboda, a
Carol Voigt, uma mulherada.. os Skrotes são maravilhosos...aqui teve uma música
praiana, de reggae, que eu acho que se foi, ficou um vácuo. Falta subsídio,
galera tá dura de grana, nem para ir a show. O clássico agora é comprar cerveja
no mercado para beber em casa. E há um boicote a cultura que foge do padrão
“ilhéu”, infelizmente. Tem François Muleka, tem um monte gente, que eu acho que
já tem seu prestígio. O que tá faltando é um espaço de renovação. É muito
difícil a abertura da mídia daqui para coisas novas, pessoal prefere repetir a
pauta com o mesmo artista do que dar um play e ouvir de verdade o que o artista novo enviou junto
com o release.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><i><br /></i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"><i>por Marlon Aseff</i></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-65229972001984421732017-11-29T08:36:00.000-08:002017-11-29T09:02:40.120-08:00Espaços da memória: do Areial ao Parque Internacional<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinvRROP6L6MLPVqqbZQQNQzjlm5CC-qF-kKVwZto5zcolfuHaz6AytrB7x36w-QODe5USRUerutlIVqnPTSkYE4iG1u622-FdV-2GiJufeXapBaHgJtTqoIMqE9yJicuXZheSyfex8L2A/s1600/parque+inaugurado.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="309" data-original-width="500" height="393" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEinvRROP6L6MLPVqqbZQQNQzjlm5CC-qF-kKVwZto5zcolfuHaz6AytrB7x36w-QODe5USRUerutlIVqnPTSkYE4iG1u622-FdV-2GiJufeXapBaHgJtTqoIMqE9yJicuXZheSyfex8L2A/s640/parque+inaugurado.jpg" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Os
espaços nunca são inocentes, tem memória, a nossa, individual, e a coletiva, que
vão se acumulando através de episódios significativos da história, de expressões
arquitetônicas e literárias. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Conforme abordam os estudos sobre memória coletiva de Maurice Halbwachs e Pierre Nora,
os lugares da memória são como um palimpsesto.</span><a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn1" name="_ftnref1" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"> Ou
seja, os pergaminhos gregos utilizados para escrita. Reutilizados, sobrepostos
estão a outros, conforme o tempo os vai apagando, vão surgindo vestígios
daqueles que ainda estão lá, que não se apagaram completamente.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">No entanto, estão todos lá acumulando
historicidade como o pergaminho que se raspa para novamente escrever deixando
as camadas com a escrita anterior nítida.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Embora
assegure lugar na história, a memória, no entanto, exige cuidado, pois às vezes
coloca relatos forjados no presente a
partir de interesses e julgamentos morais. Desta forma os espaços, paisagens,
cidades, pessoas, se configuram à medida que “nós escrevemos ou apagamos” as
lembranças que estão dentro da memória coletiva. Precisamos olhar esse espaço
transformado, destruído, desgastado pelo tempo, a cidade do passado. Foi com essa intenção que investiguei as origens
do espaço que hoje denominamos Parque Praça Internacional em minha pesquisa
sobre o lazer fronteiriço.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> A Praça Internacional, mais conhecida na fronteira como o Parque Internacional, está localizada no
centro das cidades de Santana do Livramento e Rivera. Em 1851 foi assinado o Tratado de Limites
entre o Uruguai e Brasil, definindo-se a necessidade de demarcação da linha de
fronteira entre a localidade de Serrilhada e Masoller. Também foi definida a
instalação de marcos delimitadores na extensão de toda fronteira
brasileiro-uruguaia Mais tarde na década de 1910, a demarcação na região onde
atualmente está instalada a Praça Internacional foi realizada de maneira
distinta das outras.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Conforme
escreveu o historiador Ivo Caggiani, a praça foi criada com objetivo de
substituir o usual “divisor de águas” comumente utilizado para definir e marcar
o território de fronteira: “tal método demarcatório é estabelecido pela própria
natureza, quando a água da chuva, ao cair, corre uma parte para cada lado,
determina a linha por onde deve passar a fronteira”. No entanto na região da
futura praça, ao contrário de áreas rurais e periféricas, não foi possível
instalar balizas divisórias. No espaço de aproximadamente quatro quilômetros
havia construções dos dois lados que excediam a linha de fronteira. O local que
divisava as casas era constituído de um terreno irregular, arenoso e com mato
fechado, que ao centro abrigava uma pequena lagoa. Era o Areial ou <i>tierra de nadie</i>, como era chamado pela comunidade fronteiriça, que
se valia do local para uma série de atividades ligadas ao esporte e lazer. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
história de sua criação teve vários protagonistas, foram muitos encontros
diplomáticos até a conclusão do projeto que vemos hoje. Em 1919, reuniram-se
para definir os limites fronteiriços os diplomatas chefes da Comissão Mista de
Limites, o uruguaio Virgílio Sampognaro e o brasileiro, ministro Mariscal
Botafogo. Em 1924, na cidade de Montevidéo, em uma reunião, os dois diplomatas
teriam acordado o projeto da praça comum aos dois países, determinando que no
centro dela estivesse um grande marco decorativo. Em 1925, os diplomatas reunidos
em Santana do Livramento, determinaram dar continuidade a construção deste espaço internacional.
Surgiu a ideia de um projeto de revitalização daquele espaço: uma praça
moderna, com arquitetura arrojada que servisse as duas comunidades,
acompanhando a urbanização da região Entretanto após várias negociações e
concepções arquitetônicas apresentadas, o projeto definitivo apareceu mais de
uma década depois, em maio de 1938, em Rivera. O projeto urbanístico atual
chegou pelas mãos do arquiteto riverense vinculado à Intendência, o maçon
Modesto Paez Seré, que buscava traduzir a unidade e irmandade cultural das cidades, inspirados em símbolos deliberadamente
maçons. O projeto estava em sintonia com os ideais dos governos uruguaio e
brasileiro no momento de sua criação, pois a praça foi “construída para dividir
e unir estas cidades”. Um projeto
gestado para marcar a história urbanística da região que posteriormente
serviria de modelo para outros países, pois se dedicava a acentuar a irmandade
entre os povos. <span class="MsoFootnoteReference"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn2" title="">[2]</a></span></span><a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn2" title=""><!--[endif]--></a></span><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><br /></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> Lembrando novamente que os espaços não são
inocentes, que tem interesses e memórias distintas, Fernando Aínsa alerta que
podemos descobrir “ consternados, que o triunfo de la ideologia intenta ser la
medida de la memoria seletiva que
controla y jerarquiza” <span class="MsoFootnoteReference"><a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn3" title=""><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[3]</span></span></a> </span></span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Assim
a Praça Internacional foi inaugurada em 26 de fevereiro de 1943, quando o mundo
ainda vivia os horrores da Segunda Guerra Mundial. O espaço comum, sugerido
pelo ministro Vigílio Sampognaro foi constituído para “todo él brasileño, todo
él uruguayo”, ou seja, livre de divisas entre os dois países em um mesmo
espaço. Assim, quando penetramos neste espaço, não estamos em um “lado
brasileiro” ou em um “lado uruguaio” estamos dentro dos dois países</span><b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"> </b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">ao mesmo tempo. <a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn4" name="_ftnref4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[4]</span></span></span></a>
</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Por muito tempo a comunidade e turistas que visitaram e continuam visitando
a fronteira, levados muitas vezes, pelo senso comum divulgado pela publicidade
e mídia, tiveram essa imagem equivocada.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
antigo Areial, transformado em um ambiente dotado de uma estética
contemporânea, obedecia a um impulso modernizador dos grandes centros urbanos,
ao mesmo tempo em que indicava ao mundo o exemplo ”de civilidade, fraternidade
e igualdade entre as nações”, conforme informavam artigos da época. Por outro
lado, convém aqui lembrar o cenário cultural daquele momento, determinando
expectativas em torno do conceito do novo, do moderno. A palavra se encontrava
impregnada no imaginário da sociedade brasileira em contraposição a tudo que
remetesse ao que era antigo, ou seja, em um passado recente. No momento que as
autoridades diplomáticas decidem-se pela construção do espaço, podem-se
verificar mudanças de hábitos e comportamentos nas comunidades: da emergência
do automóvel em substituição as antigas volantas, o calçamento das ruas centrais
em troca “das antigas ruas empoeiradas,” a abertura de novas e largas avenidas,
as lojas amplas e envidraçadas, enfim ocorre uma mudança de costumes. No
cenário brasileiro, portanto, o conceito de que o novo substitui o antigo, originou-se
nos primeiros anos da república brasileira através de ações dos governantes
militares positivistas impregnados com a filosofia de Augusto Conte. Ocorre um
remodelamento nos centros urbanos, apagando os vestígios da feição colonial nas
cidades. Na fronteira, a partir dos anos 40 aparecem discursos que se
constituem entre conflitos e diferenças culturais, reservando ao novo espaço o
<i>símbolo da paz</i>.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Em
minha visão, o imaginário da comunidade fronteiriça é impregnado por um
discurso unificador das nacionalidades que se constituem entre conflitos e
diferenças culturais estabelecidos pelos interesses dos governantes e imprensa
local. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Na
fronteira, observa-se o empenho dos governos municipais em promover uma
campanha de revitalização dessa região comum às duas cidades. As primeiras
décadas do século XX haviam sido de crise econômica e social na região. É dada
a largada para algumas políticas direcionadas ao desenvolvimento do setor
turístico local. Observamos algumas leis riverenses instituídas na década de
1930:</span><a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn5" name="_ftnref5" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[5]</span></span></span></a></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Ley de creación
de "ciudad de Turismo": 22 de diciembre de 1936. En </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">1938: primera
excursión "fonoeléctrica". Eran trenes donde se escuchaba música
durante el viaje, toda una novedad. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">En enero de 1941
se formó la Comisión de Fiestas y Turismo. En enero de 1942 se inaugura el Club
Uruguay. En agosto de 1942 el Casino. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">En febrero de 1943, inauguração do Parque
Internacional e a revitalização do comércio do Largo Internacional.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Em
Santana do Livramento, surgem várias salas de cinema, após a Segunda Guerra os
passeios tradicionais da população abandonam a Praça Gal. Osório e procuram às
ruas amplas da vizinha Rivera, A calle Sarandi com seu aspecto largo, arrojado,
cativa os jovens aos passeios dominicais a <i>peatona</i>l
e seus cafés, cinemas, lojas e novas lanchonetes. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Nelson
Moreira observa em seu livro sobre a construção do passeio que</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">a vida urbana fronteiriça nos anos 40 em nada
se assemelhava com a realidade dos anos 20 quando foi proposta a construção.
Embora o projeto do arquiteto Paes Seré fosse o mesmo aprovado em 1938, com
“leves modificações’, as cidades haviam se modificado, se urbanizado: </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">“A população
flutuante se destacava na paisagem fronteiriça, a frequência de aeronaves e empresas
interdepartamentais de ônibus”, excursões fonoelétricas faziam crer que “ havia
uma fronteira pujante,</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">em que já </span><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;">sobrava e molestava o Areal”<span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;"><a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn6" name="_ftnref6" title="">[6]</a></span></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<b style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt;"><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><b><br /></b></span></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Em
meados de 1941, finalmente, após anos de debates, reuniões diplomáticas e sete
ou oito projetos oficiais, emergem dos gabinetes a concepção arquitetônica que
temos atualmente. Infelizmente neste mesmo, faleceu o arquiteto mentor da Praça
Internacional. Contudo, em abril de 1942, após a assinatura da ata de
inauguração dos trabalhos pelos representantes oficiais dos presidentes da
república uruguaio e brasileiro, iniciaram as obras de construção do espaço. A remodelação acontecia também no entorno da
nova praça. Nas ruas centrais de Rivera, o reboliço estava na concretagem das
ruas centrais, no corte dos nostálgicos plátanos, tão estimados e cantados por
Olyntho Maria Simões e Agustin Bisio. “Desaparecia assim uma rua aldeã e em seu
lugar se abria uma rua ampla e concretada, com veredas novas e amplas. Em um
ano se apagou uma época, ainda que a novela postergasse a nostalgia por
bastante tempo” relatou Nelson Moreira. Havia consternação com os cortes dos
plátanos e o Areial, contudo as obras seguiram seu destino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">E
na manhã de sexta feira pré-carnavalesca, para celebração inesquecível na
história das cidades, inaugura-se a tão esperada Praça Internacional. Após
vinte anos de negociações e trâmites diplomáticos, uma multidão estava presente
para assistir o final desta partida. As
bandeiras de todos os países americanos dançavam enfileiradas ao vento. O
desfile tropas e de bandas militares, estudantes e instituições dos dois países
foi registrado por jornalistas de diversos lugares. As ausências dos
presidentes uruguaio, General. Arq. Alfredo Baldomir e brasileiro, Getúlio
Dornelles Vargas foi sentida e registrada nos diários e na memória da população
fronteiriça. Embora enviassem representantes oficiais, do lado oriental,
Ministro do Interior Hector Genoma, e brasileiro, Ministro do Trabalho,
Comércio, Justiça e Interior, Dr. Alexandre Marcondes Filho. Com convidados
oficiais, a viúva do arquiteto criador do projeto Sra. Páez Seré presente além
uma multidão de populares, muitos viajaram de cidades vizinhas, estava
inaugurada oficialmente a Praça Internacional. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">A
construção de uma praça central, na divisa das duas cidades delimitando imaginariamente
duas nações foi sem dúvida, um elemento significativo dessa política. Nesse sentido, podemos estimar que os governos
buscassem a construção de um símbolo, um marco, uma identidade que
diferenciasse essa fronteira daquele cotidiano tumultuado da Segunda Guerra
Mundial instalada no continente europeu. Como sugeriu um escritor peruano, em
passagem pela fronteira, “justamente quando o mundo agitava-se diante desse
conflito, a região apresentava-se como um exemplar da "civilidade"
latino americano”. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Entretanto
é importante relembrar a importância do antigo Areial para as novas gerações. O
espaço esteve presente ao longo dos anos no cotidiano da comunidade
fronteiriça, que privilegiou o local como espaço genuíno do lazer. Do ancestral
descampado, chamado Areial, aos anos recentes da moderna Praça Internacional,
este espaço afirmou-se como um local político, cultural e econômico para as
cidades. Situado na linha de fronteira o
Parque vai se mostrar também um espaço de negociação, abrigando exilados e
fugitivos nas recentes ditaduras que abalaram Brasil e Uruguai.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Retrocedendo
algumas décadas, encontraremos outro espaço em um mesmo espaço. As cidades
viviam uma crise social e econômica, o Areial com frequência era referência de
esporte e lazer das comunidades. Na paisagem deste descampado “areial da
linha”, ou “tierra de nadie”, lugar baldio, irregular e de matagais, Improvam-se
atrações culturais como espetáculos de circos, cinema mudo, cavalhadas, canchas
de tênis, futebol e hockey. Havia ainda os chopes ruivos da cervejaria Gazapina,
vendidos nos Kiosques El Ribot e Biquita localizados na parte alta do areial,
na Avenida das Palmeiras (atual Largo Dr. Hugulino Andrade), que ajudava a
distrair a platéia. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
Areial das décadas de 20 e 30 contrastava com seu vizinho, o Cine Theatro Cabaret
Internacional, um esplendoroso prédio, império da boemia, onde a roleta e o
pano verde serviam de pretexto para espetáculos luxuosos. Atrações internacionais
e muito champanhe, espetáculos artísticos e serviço de restaurante sofisticado. O luxo do Cabaré- Cassino impunha-se em contraste
com a escuridão daquele descampado Areial, que abrigava atrações circences e
ciganas para a maioria da população. Em muitas ocasiões o local também foi
palco de violência e mortes, ajuste de
contas entre capangas e contrabandistas. Segundo noticiou um jornal
santanense O Republicano, era
"lugar perigoso, esconderijo para bandidos". Portanto, longe de
constituir-se no atual espaço privilegiado do Parque, o Areial era considerado um
espaço público livre de qualquer valor moral ou mitificador. Em seus bons dias o
lugar tornou-se referência da diversão à comunidade. O memorialista Cirino,
reconstituiu seu espaço: </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;">“A linha era uma
zona de chácaras e potreiros, era mais uma estrada barrenta, em dias de chuva
do que propriamente uma rua para o pedestre transitar, o transito era a pé, em carros
ou carroças de tração animal; na cidade havia uns quatro automóveis de particulares
[...] revolucionários emigrados, entre os oficiais Siqueira Campos, Cordeiro
Campos, entre outros, estabeleceram-se como comerciantes em Rivera, e alguns
outros, menos afortunados, acamparam nas imediações do Cerro do Marco”.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Assim
como numa colcha de retalhos, os moradores dessa fronteira buscam rememorar sua
juventude através dos lugares que visitaram, das cenas pitorescas que viveram e
que preenchem o universo de suas recordações. O passado é vivenciado como outra
época, perseguido constantemente nas lembranças de outra cidade e seus espaços
perdidos na memória. Memória que também é
um espaço pantanoso e construído conforme nossas lembranças, erguido em
experiências pessoais onde muitas vezes certas vivencia são relevadas em função
de outras, essa é a construção da memoria. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">O
barbeiro Humberto Bisso, que viveu intensamente estes dois espaços temporais, o
do Areial e do Parque Internacional sabiamente, costumava lembrar, que os dois
tinham muito em comum, pois se foram locais de disputa e violência, também ofereceram
muita diversão, para a população: “tu sabe, essa praça nova que está ai, veio
muito tempo depois do antigo Areial,¿” Divertia-se com os colegas ao ver a
passagem das moças que iam trabalhar no Cassino Internacional,” todas elegantes
de salto alto e caminhando e tropeçando no arenal” Pois não foi nela que ele
viu “caírem mortos operários comunistas do Armour em uma noite fria de primavera¿. Assim
como em 1956, emocionado viu passar na mesma vereda da praça, a comitiva de
boas vindas ao Presidente JK Jucelino Kubischeck, quando visitou a cidade em
seu centenário! </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">O
Parque Praça Internacional é um espaço sentimental, cada um tem um parque
dentro de sua memória, que ao longo do tempo foi metamorfoseando-se em diversos
espaços da memória e sentimentos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> Se nos anos 1930, o Areal foi espaço dos
desmandos caudilhescos e de pistoleiros, trazendo notícias diárias nos jornais
que lembravam aos fronteiriços que aquele era um o espaço dominado pela
violência, a população também recorria a ele quando queria diversão seja pela
chegada de circos, as sessões no cinema mudo do gordo Ducos, quando havia
partida de futebol ou cavalhadas, afinal ali também encontrava-se o lazer,
comum as duas cidades.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> Após
a inauguração do novo espaço internacional, entre meados dos anos 1940 e 1950,
a Praça moderna e ampla seduzirá outras gerações de famílias, que disfrutam o
lazer moderno, com seu entorno repleto de lanchonetes e restaurantes. Espaço para caminhadas, piqueniques, esporte,
fotografias e namoros. Espaço dos lambe-lambes que desde então, eternizaram nos
retratos sua população e a de turistas. Os passeios depois das sessões do
cinema e matinés dominicais. Mas também foi em suas calçadas, no novíssimo
Largo Internacional que ocorreu a chacina dos militantes comunistas mortos,
quatro homens que, nas palavras da poetisa Lila Ripol, “ousaram sonhar com um
mundo mais justo”! <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Nos
domingos havia o encontro semanal dos imigrantes árabes libaneses e palestinos
aos pés do Obelisco, que ali conversavam na língua mãe, fechavam negócios e
tomavam chimarrão, apropriando-se de novos costumes. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Na
década de 60 e 70, o lugar se estabelecerá como um Parque-espaço da
solidariedade e do exílio, lugar de passagem de perseguidos das ditaduras brasileira
e após, uruguaia. Em seus arbustos ocultaram-se documentos e armas dos
guerrilheiros. Por suas alamedas passearam jovens idealistas vindos de outras
regiões do país. Entretanto, a praça ainda é espaço de lazer, namoros,
fotografias, esportes, de encontros de presidentes militares que exibem sua
diplomacia e divulgam convenientemente a irmandade</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"> </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">inscrita no marco obelisco.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> Os anos 80 lembrarão</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"> de que o Parque ainda é espaço
lúdico de diversão, de lambe-lambes, da sociabilidade adolescente, dos
encontros fortuitos, de amantes, de prostituição. Contudo liga seu alerta
vermelho denunciando o início de sua descaraterização, com a chegada de trailers
gastronômicos e bancas de artesanato, aos poucos a economia informal vai se
aproximando até se estabelecer sem a devida fiscalização. A limpeza, os
cuidados de jardinagem e manutenção que desde sua inauguração foram dados às
administrações municipais iniciam seu lento processo de deterioração. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 18.9pt; margin-top: 0cm; text-align: justify; text-indent: 18.0pt;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt;">Estaria a
Praça moderna, retornando a ser aquele local esquecido lá no passado, uma
"terra de ninguém"? </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Entramos
nos anos 90, e nosso símbolo da irmandade, imóvel, não reconhece o
esplendor de poucas décadas passadas. O espaço será da prostituição, de shows
musicais e espaço de manifestações políticas, dos parques de diversões. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">A partir
dos anos 2000, a praça agoniza, pede socorro, o espaço é do abandono, Porém
ainda é apreciado para o desenvolvimento da cidadania com as manifestações políticas,
da diversidade, eventos culturais como a Feira do Livro Binacional. Também
abrigam festivais de ovino e vinho, cultos religiosos, festivais nativistas e
recentemente, gastronômicos. Ainda temos uma área concebida originalmente para
descanso e lazer? </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">Antes da
criação do Parque, foi mais de vinte anos gerando um espaço monumento, que iria
perpetuar ao mundo os valores da irmandade, igualdade e fraternidade, um espaço
genuíno de lazer e descanso.</span><a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftn7" name="_ftnref7" style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%;">[7]</span></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-indent: 18pt;">
Finalizo com as palavras para reflexão do poeta Getúlio Neves:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Deixem a
praça <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">para os
velhinhos e crianças que encontram no aconchego das bandeiras a segurança que
esperam e temos obrigação de dar lhes.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Deixem a
praça<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para o
sono dos cães sem dono, bêbados e mendigos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Deixem a
praça<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para as
ciganas de saias coloridas, os retratistas de preto e aos realejos nostálgicos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Deixem a
praça para o voo curto das pombas, ao João de barro que fez sua casa no lado
uruguaio com o barro do lado brasileiro.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Deixem a
praça <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Para o
poeta que, a noite, retardatário, recolhendo seus passos diga:<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Amo o silêncio
desta praça vazia [...]<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">É
madrugada, vem, talvez possamos<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Percorrendo
de leve as alamedas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Ver a
garoa no seu ciciar de sedas<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Tecendo-se
em resinas pelos ramos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">[...]
Deixem a nossa praça, para o beijo bilíngue dos namorados!<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div>
<br /></div>
<div>
<!--[if !supportFootnotes]-->* Texto apresentado na Universidade Federal do Pampa - <span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; text-align: justify;">Unipampa, em 11 de outubro de 2017.</span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Liane
Chipollino Aseff é pesquisadora e Mestre Historia Cultural pela UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina.<o:p></o:p></span></div>
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<!--[endif]-->
<br />
<div id="ftn1">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftnref1" name="_ftn1" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[1]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> AÍNSA, Fernando. <i>Espacios de la memória. Lugares y paisajes
de la cultur uruguaya</i>. Montevideo: Trilce, 2008.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn2">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftnref2" name="_ftn2" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 11pt; line-height: 115%;">[2]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> </span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">Convém lembrar que o Itamaraty
lançou na ocasião um concurso para admissão do projeto, o arquiteto modernista
carioca Lúcio Costa enviou material para participação. Somente em 2011 seu
projeto foi descoberto e</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">
</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;">levado
a público através da iniciativa do Cônsul Geral do Brasil em Rivera, embaixador
Vitor Candido Paim Gobato seu vice-cônsul, Cláudio Santana</span><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 14.0pt;">. <o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn3">
<div class="MsoNormal" style="line-height: normal; text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftnref3" name="_ftn3" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[3]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 10.0pt;"> AÍNSA,
Fernando. Idem, p.16. Importante também
observar nesse episódioda construção da praça que, “<i>como toda la autoridad que domina el presente pretende determinar el
futuro y reordenar o passado. La legitimación de la orden estabelecido que esta
recuperación seletiva del passado, mas politica, que cientifica, aunque se
apoye em acontecimeientos reales, documentos fidedignos e interpretaciones
históricas” <o:p></o:p></i></span></div>
</div>
<div id="ftn4">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftnref4" name="_ftn4" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[4]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> Grifos meus.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn5">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftnref5" name="_ftn5" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[5]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> Conforme informou gentilmente a
historiadora riverense Selva Chirico. Também consta no livro A história do
Parque Internacional, de Nelson Ferreira Moreira, p.17.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn6">
<div class="MsoFootnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftnref6" name="_ftn6" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[6]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> MOREIRA, Nelson Ferreira, A história
do Parque Internacional. Rivera: Intendencia Departrtamental de Rivera, 2010,
p. 17. Grifos meus.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div id="ftn7">
<div class="MsoFootnoteText">
<a href="file:///C:/Users/Marlon/Downloads/Palestra%20unipampa%202017%20-celpcyro.docx#_ftnref7" name="_ftn7" title=""><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"><!--[if !supportFootnotes]--><span class="MsoFootnoteReference"><span style="font-size: 10pt; line-height: 115%;">[7]</span></span><!--[endif]--></span></span></a><span style="font-family: "times new roman" , "serif";"> Após 20 anos de relativo
abandono e o consequente soterramento dessa memória, mais uma vez o patrimônio
histórico e cultural da Praça é ameaçado por um projeto unilateral, entre as
prefeituras das cidades sem a participação da população fronteiriça, alijada das
decisões sobre seus espaços mais
expressivos e sentimentais. <o:p></o:p></span></div>
</div>
</div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-21612699432622892017-06-22T11:54:00.000-07:002017-06-26T14:40:38.048-07:00Solidariedade, conflitos e traições no exílio: a última conversa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl5rUUtg1yWOMkgskChw2aqnL9svBSHnWt54jTEX02RkPtVhya3v9g0d8iQLqFm6yxuCbLFArdJZKkwlehQrtB9dYa6yq2syfD68cvGZintC7KCCDqUn5JXQ4mzeBeRzJJFz1VuFw88Xc/s1600/01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="225" data-original-width="320" height="281" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjl5rUUtg1yWOMkgskChw2aqnL9svBSHnWt54jTEX02RkPtVhya3v9g0d8iQLqFm6yxuCbLFArdJZKkwlehQrtB9dYa6yq2syfD68cvGZintC7KCCDqUn5JXQ4mzeBeRzJJFz1VuFw88Xc/s400/01.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 0cm;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Por Pedro Dávila de Mello.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Com a morte de Roberto Fagundes, em Rivera, Ofélia caiu num
abismo de sentimentos. Primeiro veio a tristeza, depois, uma profunda depressão
jogou-a ao fundo do poço, e, por último, uma tentativa de suicídio. O amor
incondicional aos filhos Paulo e Aníbal, e o tratamento com psiquiatra
ajudaram-na a reerguer-se lentamente. Na verdade, tentou ficar bem durante mais
de quarenta anos, alternando as crises de tristeza com breves momentos de
euforia. Em todo esse tempo os filhos estiveram presentes dando-lhe apoio
emocional e financeiro. Na verdade, a dedicação à mãe foi tanta, que, impostos
pelas circunstancias, nalguns momentos chegaram a inverter os papéis de filhos
com os de pais. Condições estas que levaram os rapazes a uma exaustão física e
mental, contribuindo involuntariamente com a desestruturação familiar. Pensando
em melhorar a situação da mãe, resolveram hospedá-la numa casa de repouso.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Na tarde, antes da mudança, Ofélia Fagundes quis ter uma
conversa com seu filho mais velho. Para isso, chamou-o pelo telefone com
urgência. Em poucas horas ele já estava diante da mãe.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Fizeram muito bem em conseguir-me essa hospedagem, meu filho.
Começou dizendo-lhe assim que Paulo entrou na sala e a viu sentada na velha
poltrona.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- A situação aqui em casa, com as empregadas, com a comida, com
tudo, estava ficando muito difícil. Estou velha e minha cabeça já não dá para
muitas questões. Penso que agora, na nova casa, possa descansar e conviver com
pessoas da mesma idade, aproveitando o tempo que me resta de vida.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O filho, atento e um pouco incomodado com a conversa, tentou
acomodar-se na outra poltrona a seu lado. Quando ia começar a justificar-se, a
mãe o interrompeu:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Não necessitas dizer-me nada. Tu e teu irmão fizeram muito
bem em conseguir-me esse asilo. Sabes que eu os amo e sempre amarei. Vocês
cuidaram-me com carinho e esmero durante todos esses anos, desde que o Roberto
faleceu, mas agora chegou a hora de descansarem um pouco.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Não estou entendendo, onde a senhora está querendo chegar?
--perguntou Paulo inquieto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Fica tranquilo! Chamei-te porque tenho um assunto muito
importante para contar. – Ao dizer isso, olhou-o fixamente antes de continuar.
– Será a primeira e a última conversa sobre um tema que guardei a sete chaves
durante todos esses anos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Sem dar-lhe tempo para qualquer pergunta, ela começou:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Eu já havia almoçado e estava prestes a sestear, quando
naquele dia de 1966 a campainha lá de casa soou. Ainda sonolenta abri a porta e
topei-me com três monges franciscanos em seus hábitos. O da frente perguntou-me
pelo teu pai. Surpresa e desconfiada, respondi-lhe que não sabia, pois ele
havia saído muito cedo de casa. Diante da negativa, despediram-se e, ao
retirarem-se, o do meio, que parecia ser o líder, apesar do capuz cobrir-lhe a
cabeça, fitou-me com ternura e esboçou um leve sorriso. Tive a sensação de
conhecê-lo, pois aqueles olhos, de certa forma, eram-me familiares. Assim que
partiram, pedi imediatamente para que o primo de vocês, Jacinto, que
casualmente estava na frente da casa, os seguisse, pois percebi algo de
estranho em seus comportamentos. Em uma hora ele retornou contando-me que os
três frades tinham ido até a Iglesia de la Inmaculada Concepción, e haviam
entrado pela porta dos fundos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Prevendo que a história se alongaria, Paulo interrompeu o
relato.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Mãe, eu não estou entendendo nada. O que está acontecendo?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Silêncio. Não me interrompas. Essa história tenho-a guardada
no peito há muito tempo e necessito colocá-la para fora.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">O tom quase áspero raramente fazia parte dos modos de sua mãe, o
que o deixou um pouco apreensivo, além de bastante curioso. Pausadamente, ela
continuou:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Naquele dia, o teu pai retornou tarde da noite. Eu mal podia
conter a vontade de perguntar-lhe a respeito de sua demora, quando ele
surpreendeu-me dizendo que esteve com uns monges, os mesmos que passaram em
nossa casa, e os levou em missão relâmpago até a cidade vizinha de Taquarembo.
“Até Taquarembo? Fazer o que lá?”, perguntei espantada.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Eles estavam em missão secreta e tive que levá-los com
segurança”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Monges em missão secreta? Como assim?”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Na verdade não eram bem monges. Estavam disfarçados de frades
e...”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Fala homem, estou curiosa!”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Estavam escoltando o Ernesto.”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Quem é o Ernesto? E por que a escolta?”.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Antes de responder, teu pai deteve-se alguns segundos para
recobrar o ar. Ele estava visivelmente emocionado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Ernesto Guevara.”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Quem? O Chê Guevara?”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Sim, ele mesmo.”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Isso são horas de zoares comigo?”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">“Não estou brincando, querida. Um dos frades era o Chê. Veio em
missão secreta trazer o dinheiro que o Fidel mandou entregar aos líderes
brasileiros exilados em Taquarembo.”<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Custei a acreditar no que o teu pai me contava. Achei que
poderia estar enganado, afinal de contas, por que mandariam o Chê a Rivera
cuidar pessoalmente de uma entrega? Além disso, era difícil crer que ele
tivesse batido à porta da nossa casa disfarçado de monge. Não, não, se teu pai
não estava enganado, então era algum tipo de brincadeira. Tratei de encará-lo,
e ele mirou-me com a ponta da sobrancelha erguida, uma reação que não deixava dúvida
sobre a seriedade do que me dizia. O nervosismo invadiu meu corpo. Tentei
extrair-lhe mais detalhes, mas foi em vão. Com muito respeito pediu-me para não
perguntar-lhe mais nada, pois era um segredo e, quanto menos eu soubesse,
melhor seria para todos. Fiquei quieta. Contudo, não me dando por vencida,
busquei informar-me com a esposa de outro camarada, dona Catalina, sobre o que
estava acontecendo. A muito custo, descobri que o Chê Guevara estava levando
quinhentos mil dólares, a fim de financiar o levante que estava sendo planejado
contra a ditadura recentemente instalada no Brasil.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Poderias explicar-me melhor, mamãe? -- perguntou o filho
boquiaberto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Sim, para que possas entender com clareza, pois vocês eram
crianças naquela época, vou contar-te o que se sucedeu. Há um personagem muito
importante nesta história que se chama Leonel de Moura Brizola e que, em 1965,
no Uruguai, buscou unir os exilados com o propósito de organizar um levante
armado. Para tanto, tentou fazer um acordo entre os partidos de esquerda, o
famoso pacto de Montevidéu, com o PC do B, AP, PCB e o Partido Operário
Revolucionário Trotskista. Dessa união resultou a Frente Popular de Libertação,
cuja finalidade, como já te disse, era a retomada do poder por meio da luta
armada. A maioria dos integrantes era formada por ex-militares cassados das
Forças Armadas e da Brigada Militar do Rio Grande do Sul.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Nesse contexto que a senhora me conta, a esquerda Santanense
apoiou esse pacto? – Paulo a fitava com ansiedade. Era incrível, mas sua mãe
falava como se ainda mantivesse acesa a chama de civilidade e companheirismo
daqueles tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ofélia suspirou e, com os olhos vidrados no filho, pausadamente
continuou:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- A esquerda de Sant´Ana do Livramento apoiou parcialmente.
Muitos comunistas da fronteira não aderiram ao pacto. Uma minoria que falava em
Marx, Hegel, Sêneca, reforma agrária, defesa dos oprimidos, paradoxalmente
vivia entrincheirada em suas fazendas, numa atitude clássica de comunistas
teóricos e de oligarcas feudais. Outros, mais cautelosos, calaram-se. Alguns
membros mais afoitos para uma resposta imediata ao golpe militar, entre eles o
teu pai, que defendiam uma postura coerente com os ideais pregados e até mesmo
o enfrentamento, caso necessário, discordavam dos discursos moderados que
outros proferiam, numa postura clara de passividade diante dos acontecimentos.
Posturas e atitudes essas que, segundo comentava-se à época, principalmente
entre os mais radicais, ficavam em descompasso entre as teorias que defendiam e
a vida que tinham. Eram comunistas de dia, mas à noite brindavam com champanhe
com os golpistas nos melhores clubes da cidade. Eram pontos de vista distintos
dos nossos que, a muito custo, aprendi a respeitar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Paulo, cada vez mais impressionado com a eloquência da mãe, que
aos oitenta e tantos anos ainda demonstrava muita lucidez, perguntou-lhe se
queria beber algo. Ofélia respondeu-lhe que não, preferindo continuar a
história que estivera engasgada há muitos anos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Devido a seu “nacionalismo anti-imperialista”, Brizola era o
líder cujas ideias mais se aproximavam das de Fidel Castro para a Revolução no
Brasil. E, após o golpe militar de 1964, o seu grupo no Uruguai obteve ajuda de
Cuba em treinamento de guerrilha e auxílio financeiro. Falava-se em mais de um
milhão de dólares. Comentava-se à época, que Fidel havia mandado no início
quinhentos mil dólares para ajudar. Desta importância, um terço teria ficado
com o Jango, pois a este estavam ligados vários exilados necessitados. Outra
parte, com Darcy Ribeiro para “segurança” e o último terço teria ficado com o
Brizola, que ficou aborrecido, tendo em vista ser pouca quantia, pois era o
único entre os três que estava tentando, de fato, montar um contra-ataque.
Importância essa que teria sido gasta, com pessoas no exílio, com os
companheiros no Brasil muito necessitados, com os presos políticos e com os
homens encarregados de fazer a comunicação entre os grupos arquitetando um
plano maior de combate armado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A surpresa de Paulo só crescia. Parecia-lhe impossível unir
aquele corpo já deteriorado pelos anos ao discurso que ele ouvia, à altivez do
tom, à propriedade no emprego das palavras. Pensou em elogiar a mãe, mas quando
fez menção de abrir a boca, ela adiantou-se:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- A primeira tentativa de restaurar o governo democrático
brasileiro partiu de Montevidéu. O coronel Jefferson Cardim Osório e mais dois
camaradas passaram por nossa casa, em Rivera, e teu pai participou
fornecendo-lhes armas e suporte logístico para entrarem no Brasil. Vocês eram
muito pequenos, talvez não lembrem em detalhes.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Na memória de Paulo imediatamente vieram-lhe as imagens dos três
homens que chegaram de jeep, no dia que ele e seu irmão jogavam bolinha de gude
na frente da sua casa e depois a lembrança horrível das fotos na revista dos
três homens torturados, que seu pai mostrara. O que a mãe lhe narrava, nesse
momento, era uma peça importante no mosaico de sua história familiar que ainda
restava ser preenchida.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- De lá, eles foram até a cidade de Três Passos onde
arregimentaram, pelo caminho, alguns combatentes e tentaram tomar o quartel e
uma rádio local. A ideia era formar uma coluna, aos moldes da coluna Prestes e,
na medida em que fossem avançando, de quartelada em quartelada, iriam se juntar
no Mato Grosso com o grupo que viria da Bolívia, sob o comando do ex-coronel da
aeronáutica, Emanuel Nicoll. Mas essa tentativa foi frustrada depois da
emboscada feita pelas forças militares no interior do Paraná, onde caiu preso o
coronel Jefferson e outros companheiros. Suspeitava-se que haviam sido traídos.
E estavam certos. Mais tarde soubemos o nome do traidor.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Quem foi o traidor, mamãe? --perguntou Paulo com ar de
indignação e revolta.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ofélia ficou com o nem do traidor na boca, mas optou por
cautela.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Com o tempo saberás quem foi, meu filho. – falou-lhe com ar
desolado. Mas o que tenho para te contar não acaba aqui -- continuou a mãe
diante do filho atônito. -- Tendo sido frustrada a primeira tentativa do
contragolpe revolucionário, os companheiros organizaram-se novamente e criaram
em 1966 o Movimento Nacionalista Revolucionário, para implantar mais um ataque
à ditadura militar, cujas ações seriam basicamente no meio rural, pegando
resquícios, talvez, das ligas campesinas implantadas por Francisco Julião anos
antes. Mas, para isso, necessitava-se de dinheiro, muito dinheiro. Fidel,
então, enviou a segunda remessa de quinhentos mil dólares, totalizando um
milhão em espécie, e quem levou pessoalmente essa quantia, disfarçado de monge,
foi o Ernesto Guevara, contou-me teu pai.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Para Paulo a história de sua mãe começava encaixar-se e fazer
sentido.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ofélia calou-se e fitou o filho. Paulo viu na expressão suave da
mãe o quanto lhe aliviara contar esse segredo. Aproximou-se dela e passou-lhe o
braço por sobre os ombros. Finalmente comentou:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Então era esse o dinheiro que o “Chê” carregava disfarçado de
monge...?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Sim, era esse dinheiro, pertencente à segunda remessa dos
dólares enviados por Cuba, que o Ernesto carregava naquela tarde chuvosa em
nossa casa.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A novidade era bombástica. Paulo tinha certeza de que o episódio
narrado por sua mãe não fazia parte da história oficial. Acabara de ser
informado de um acontecimento ultrassecreto e, portanto, não sabia direito o
que fazer. Recompondo-se, perguntou impressionado:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Quanto dinheiro, mamãe? Ele foi todo gasto nesses movimentos?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ofélia parou para pensar na resposta e, após alguns segundos,
continuou com muita cautela.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Eu nunca soube ao certo sobre o destino total desses dólares,
meu filho. Alguns comentaram que parte deles foi usado com treinamentos de
combatentes e na alimentação de algumas famílias, pois tinham que sobreviver no
exílio; o que é sensato. Outras pessoas disseram que o grosso dos dólares teve
paradeiro desconhecido, e que isso teria causado um desconforto abissal entre Fidel
e os líderes revolucionários brasileiros, já que estes nunca teriam prestado
conta de seu destino e tampouco mostraram os resultados esperados pelos
cubanos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Mamãe o que a senhora está me contando é muito sério. Há
provas disso?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Não, meu filho. Não há provas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Tiveram algumas casualidades que deixaram a muitos exilados
necessitados desconfiados. Algumas fazendas foram compradas no Uruguai nessa
época, mas deverão ter sido heranças de família. Esses rumores geraram brigas,
cizânias e descontrole. Mas isso não tenho certeza e tampouco conhecimento
suficiente para opinar. Se o teu pai ou o Chê estivessem vivos, poderiam contar
mais detalhes sobre o ocorrido, mas, como bem sabes, alguns meses depois
mataram-no no combate do Cerro Chato, deixando-nos em profundas dificuldades
financeiras, e o Guevara foi assassinado na Bolívia.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A maioria dos exilados que teu pai ajudou, seguiram seus
caminhos e não apareceram mais. Enquanto teu pai vivia, éramos uteis. Depois
sumiram sem deixar rastro. Poucos nos ajudaram e nos ajudam até hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Sim, mamãe é verdade... A família que veio de São Borja são
nossos amigos até hoje. E a eles somos eternamente gratos. Quando mais
necessitamos, marcam presença e marcam até hoje.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Sim, meu filho é verdade. A estes somos gratos. Mas por
incrível que pareça, quem, de fato, nos estendeu a mão quando mais necessitamos
foram a nossa família e alguns vizinhos, colorados, blancos e apolíticos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- Mas, mãe e os dólares cubanos? Era muito dinheiro? Onde foram
parar?<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">A verdade sobre o destino desses dólares eu nunca soube.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Ofélia segurou então a mão do filho, estreitando o abraço que
ele, antes havia apenas insinuado ao passar-lhe o braço pelos ombros. Deu um
suspiro profundo e longo, sorriu e, por fim, disse:<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">-- A verdadeira solidariedade não tem lado, nem esquerda nem
direita, nem tendências políticas. Está no ser humano independentemente de
raça, credo, cor e posição econômica.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Amanhã cedo estarei esperando-te com as malas prontas.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">Fim<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<br /></div>
<div style="background: white; margin-bottom: 4.5pt; margin-left: 0cm; margin-right: 0cm; margin-top: 4.5pt;">
<span style="color: #1d2129; font-family: "helvetica" , "sans-serif"; font-size: 10.5pt;">( Dedico este conto, quase crônica, aos nossos pais, Romeu
Figueiredo de Mello, que hoje estaria completando 96 anos de vida e Orides
D´Avila de Mello, de cujas histórias passadas no exílio, tais como
solidariedade, conflitos e traições, “inspiraram-me” esta " ficção".)<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; margin: 4.5pt 0cm 0.0001pt;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-49351689534501412102016-11-16T08:16:00.001-08:002016-11-16T08:23:52.323-08:00Do futuro sombrio do capitalismo <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicyvwBxD4pQeMbxWkWkEgkP1leDnPdX_dPFVLuuVBdyRS_O0U8CddUPhJrtjKMabdUx2CeEDn8_-Bhzkw8cK4S6FpeqAwIylMo5zkmWc-pK_Va-TKyTEy3hPNBuY8WaVNrkHOUI1lH9RM/s1600/zzzzzz.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicyvwBxD4pQeMbxWkWkEgkP1leDnPdX_dPFVLuuVBdyRS_O0U8CddUPhJrtjKMabdUx2CeEDn8_-Bhzkw8cK4S6FpeqAwIylMo5zkmWc-pK_Va-TKyTEy3hPNBuY8WaVNrkHOUI1lH9RM/s1600/zzzzzz.jpg" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por Wolfgang Streeck <span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;">1</span><o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 8.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O cartaz está pregado na parede e ele já se
encontra aí há um bom tempo; nós é que temos de aprender a lê-lo. Eis a sua
mensagem: o capitalismo é uma formação social histórica; ele não tem apenas um
começo, mas tem também um fim.2 Três tendências se desenvolveram em paralelo no
conjunto das ricas democracias capitalistas desde a década de 1970: crescimento
em declínio, aumento da desigualdade de renda e de riqueza, assim como expansão
da dívida pública, privada e total. Hoje, essas três tendências parecem estar
se reforçando mutuamente: o baixo crescimento contribui para a desigualdade
através da intensificação do conflito distributivo; a desigualdade amortece o
crescimento, pois reduz a demanda efetiva; os altos níveis das dívidas
existentes obstruem os mercados de crédito, aumentando assim o risco de crises
financeiras; um setor financeiro inchado tanto resulta quanto contribui para a
desigualdade econômica, etc. Já o último ciclo de crescimento, aquele ocorrido
antes de 2008, parece agora mais falso do que real 3 ; ademais, a recuperação
ocorrida após 2008 continua anêmica na melhor das avaliações. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eis que o estímulo keynesiano,
monetário ou fiscal, deixou de funcionar em face da quantidade sem precedentes
das dívidas que foram acumuladas. Note-se que estamos falando de tendências de
longo prazo e não apenas de um desvio contingente e momentâneo; estamos de fato
tratando de tendências globais que, enquanto tais, afetam o sistema capitalista
como um todo. Nada à vista parece se afigurar como suficientemente poderoso
para contrariar essas três tendências, as quais se enraizaram profundamente na
economia e se tornaram fortemente entrelaçadas entre si. Além disso, quando
olhamos para trás, vemos uma sequência de crises político econômicas, as quais
começaram com a inflação na década dos anos 1970; a esta se seguiu uma explosão
da dívida pública nos anos 1980 e um rápido aumento da dívida privada na década
subsequente, do qual resultou o colapso dos mercados financeiros, em 2008.
Note-se que essa sequência se repetiu quase do mesmo modo para todos os
principais países capitalistas cujas economias, aliás, nunca estiveram
realmente equilibradas desde o final do período de grande crescimento, no
pós-guerra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Todas as três crises começaram e
terminaram da mesma forma, isto é, mediante processos inflacionários: se as
dívidas pública e privada serviram inicialmente como soluções políticas
convenientes para os conflitos distributivos entre o capital e o trabalho (e,
às vezes, também, para outras partes, tais como os países produtores de
matérias-primas), elas acabaram se tornando problemas também: inflação de
preços no começo dos anos 1980, inflação da dívida pública numa primeira fase
de consolidação na década de 1990 e inflação da dívida privada, depois de
2008.4 Atualmente, a política econômica corretiva é chamada de “relaxamento
monetário”5 ; eis que ela consiste, essencialmente, na emissão de dinheiro
pelos tesouros e pelos bancos centrais com a finalidade de manter baixas as
taxas de juros. É assim que se busca manter sustentável a dívida acumulada no
passado, evitando também que a economia estagnada caia na deflação. Essa
correção tem, porém, preço: ela gera mais desigualdades; propicia também que
surjam novas bolhas nos mercados de ativos, os quais podem, num momento
decisivo, entrar em colapso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A natureza fundamental da crise apareceu
quando as cabeças dirigentes do capitalismo ficaram sem rumo. Elas se encontram
agora limitadas a procurar sempre novos tapa-buracos provisórios até que a
próxima surpresa desagradável apareça. Os bruxos dos mercados perderam a sua
sabedoria. Por quanto tempo o relaxamento monetário pode ainda continuar? O
problema é a deflação ou a inflação? Até que ponto é possível detectar uma
bolha antes que exploda? O crescimento é restaurado através do gasto ou por
meio de um corte dos gastos? Uma regulação financeira mais rigorosa é favorável
ou prejudicial ao crescimento?6 Até meados dos anos 1970, o crescimento
resultou da redistribuição da renda de cima para baixo; então, após o
keynesianismo ter sido substituído pelo hayekianismo, o oposto tornou-se
verdade e, assim, os mercados ficaram livres para redistribui-la de baixo para
cima. Agora, sete anos após a catástrofe de 2008, ainda não apareceu uma nova
fórmula de crescimento; a confusão governa as opiniões. O capitalismo
administrado pelo Estado falhou, isto é, ele foi rejeitado pelos donos do
capital porque lhes pareceu demasiado caro; foi substituído por um capitalismo
de livre mercado, mas este também falhou. Por enquanto, os bancos centrais agem
como reguladores à espera de um novo rumo de governo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas qual seria ele? A propósito,
qual seria a receita capaz de dar sustentação às empresas capitalistas como um
todo? Sugiro que o capitalismo, após mais de 200 anos, tornou-se insustentável
porque se tornou ingovernável. Por trás desse distúrbio está aquilo que veio a
ser sumariamente chamado de "globalização": a expansão das relações
capitalistas de mercado para além do alcance dos governos unificou o
capitalismo, mas fragmentou a ação política coletiva. Embora isso possa parecer
a vitória final do capitalismo, o que até certo ponto é, ao mesmo tempo vem a
ser também o prenúncio de sua morte. Ao contrário do que Mandeville indicou em
sua 'Fábula das Abelhas' (1988 [1714]), e do que Adam Smith sugeriu com sua
metáfora menos provocativa da "mão invisível" (1993 [1776]), a
conversão capitalista dos vícios privados em virtudes públicas subscreve uma
sociedade estável apenas se ela funciona na presença de fortes instituições
formais e informais que restringem a "ordem do egoísmo" inerente ao
mercado (Dunn, 2005), sujeitando-a à disciplina social. Ao suplantar as
capacidades coletivas que poderiam governá-lo, o capitalismo obteve uma vitória
de Pirro. Que não haja hoje nenhuma alternativa a ele, nenhuma força
anticapitalista unificada globalmente, é tanto uma benção quanto um dilema para
o capitalismo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Note-se que em momentos cruciais
da história do capitalismo, era a oposição a ele que o estabilizava enquanto
sociedade: movimentos regionais, nacionais ou religiosos preservavam a coesão
social e, assim, a cooperação e a troca relativamente equânime; os estados de
bem-estar socialdemocratas e os sindicatos neles abrigados asseguravam uma
demanda suficiente na esfera econômica, assim como uma reprodução social
tranquila na esfera do mundo da vida e da política. O ocaso simultâneo do
governo que efetivamente governa, assim como da oposição consequente, no
capitalismo contemporâneo vem produzindo uma falha crescente no sistema de
integração, o que, por sua vez, está gerando uma transformação acelerada da
própria integração social (Lockwood, 1964). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A ingovernabilidade global tem
causado uma profunda erosão dos regimes sociais no encontro frontal dos
mercados capitalistas com o que Karl Polanyi chamou de as três “mercadorias
fictícias", o trabalho, a terra e o dinheiro. Enquanto o desenvolvimento
capitalista, de acordo com Polanyi, tem como finalidade última mercantilizar
tudo, ele só pode ir sempre em frente desde que seja impedido pela sociedade de
submeter à sua lógica aquilo que somente pode mercantilizar em seu próprio
prejuízo. Proteger o trabalho, a terra e o dinheiro da dinâmica do
desenvolvimento capitalista exige um governo capaz de atuar incisivamente; uma mera
"governança" subsidiária dos mercados não é suficiente (Offe, 2008)
para impedir o capitalismo de ir longe demais e, assim, minar a si mesmo. A
fraqueza dos governos atuais é evidente no que diz respeito à natureza, pois as
políticas fragmentadas do capitalismo global têm se revelado incapazes de
conter o consumo e a destruição do ambiente natural. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Da mesma forma, a produção
competitiva de dinheiro por parte dos governos, bancos centrais e instituições
financeiras tornou-se uma poderosa fonte de incerteza e uma ameaça permanente
para a estabilidade sistêmica. Na esfera do trabalho, os regimes tradicionais
de emprego do pós-guerra projetados para proteger os trabalhadores e suas
famílias de pressões excessivas do mercado estão desaparecendo nos países capitalistas
avançados. Abre-se cada vez mais o caminho para os empregos precários,
contratos zero horas, trabalhos “freelancer” e “standby” em empresas globais
tais como o Uber – um sistema de subsunção que funciona quase inteiramente sem
os vínculos empregatícios regulares.7 Os riscos do emprego estão sendo
privatizados e individualizados; a vida e o trabalho estão se fundindo e se
tornando indistintos. Os sindicatos estão se tornando irrelevantes ou deixando
de existir em muitas indústrias e mesmo em certos países. Assim, não há nada
para suavizar o impacto da mudança tecnológica que avança mais rapidamente do
que nunca para reorganizar o trabalho – ou para desorganizá-lo. A inteligência
artificial, por exemplo, está tornando redundante uma ampla classe de ocupações
medianas, o que não deixa assim de destruir todo o modo de vida da classe
média.8 <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em um artigo anterior (Streeck,
2014), identifiquei cinco distúrbios do capitalismo contemporâneo, os quais
tomo como não passíveis de reparos; cada um deles responde por um aspecto
diferente do processo de desintegração em curso: a estagnação secular, que é o
culminar de um longo declínio das taxas de crescimento 9 ; o neo-feudalismo
oligárquico que funde o poder político com o poder econômico e que atualmente
existe não apenas na Rússia, Ucrânia e China, mas também no Ocidente,
particularmente nos EUA10 – um avanço que dissocia o destino dos ricos do
destino dos pobres; a pilhagem da economia pública por meio da consolidação
fiscal e da privatização dos serviços públicos, a qual era tanto um contrapeso
indispensável como uma infraestrutura de apoio ao capitalismo (Bowman et al,
2014.); a desmoralização sistêmica; e a anarquia internacional. Por razões de
espaço, tratarei brevemente aqui somente desses dois últimos distúrbios. 11
Falo em primeiro lugar da desmoralização sistêmica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao contrário da fábula de
Mandeville, sob o capitalismo financerizado, os vícios privados tornam-se
também vícios públicos. E isto vem privar o capitalismo de sua última forma –
consequencialista – de justificação moral. E é assim, mesmo se os proprietários
e gestores do capital privado se apresentam agora como administradores de bens
públicos, benfeitores da sociedade que praticam – sempre muito bem divulgadas –
ações filantrópicas. Eis que um cinismo generalizado se encontra agora
profundamente enraizado no senso comum coletivo; concebe-se o capitalismo em
curso como uma estrutura de oportunidades para os muito ricos bem conectados
tornarem-se ainda mais ricos. Enganar na busca do lucro é considerado normal,
algo que não suscita mais qualquer indignação moral. Isto é válido sobretudo no
mundo das finanças, onde os maiores lucros são feitos por meio de evasão fiscal
ou violando totalmente as regras legais, por meio da obtenção de informações privilegiadas,
da concessão de empréstimos hipotecários impagáveis ou quaisquer outros
expedientes.12 Só nos EUA, até junho de 2015, os bancos, mediante acordos fora
do sistema jurídico, tinham concordado em pagar cerca de 100 bilhões de dólares
em taxas por infrações legais ligadas à crise financeira de 2008. 13 Nenhum dos
casos chegou ao julgamento e ninguém tinha ido para a prisão até aquele
momento. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, isto demostrou haver uma
profunda empatia do sistema jurídico com a necessidade de as instituições financeiras
violarem a lei, a fim de obterem lucros.14 Na verdade, seria preciso adicionar
os honorários dos advogados às taxas de liquidação para se ter uma noção das
multas que teriam sido auferidas por meio de uma justa condenação num processo
legal sério. Uma parte considerável desses dois pagamentos, entretanto, foi
declarada para fins fiscais como despesas dos negócios. 15 Em segundo lugar,
historicamente, o capitalismo requereu a existência de uma ordem internacional
estável mantida por uma potência hegemônica. Este papel foi exercido primeiro
por Florença, tendo sido passado depois, por meio dos Países Baixos, para a
Grã-Bretanha e, depois ainda, no pós-guerra, para os EUA. Quando a posição
hegemônica foi contestada ou ficou vaga, como na primeira metade do século XX,
o conflito se tornou galopante, sendo então acompanhado por perturbações
econômicas graves. Desde os anos 1970, os EUA têm se mostrado cada vez menos
capazes e mesmo menos dispostos a oferecer os bens coletivos que se espera de
um país capitalista hegemônico; em vez disso, eles se tornaram parasitas da
economia global. Uma solução cooperativa do problema da ordem internacional,
por exemplo, por meio da partilha de poder entre os EUA e a China não está à
vista. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na periferia do sistema capitalista
mundial, os EUA perderam várias guerras sucessivas; o desenvolvimento
democrático-capitalista, ou seja, a “construção nacional”, falhou em grandes
partes do mundo. Em vez do projeto do pós-guerra de um sistema global de
Estados soberanos, o qual abrangeria todo o globo, grandes e crescentes
territórios tornaram-se “sem Estado”. Em muitos deles, os movimentos religiosos
fundamentalistas assumiram o controle, rejeitando o modernismo e o direito
internacional; eis que passaram a buscar uma alternativa ao consumismo do
capitalismo contemporâneo, do qual eles não podem mais esperar que venha trazer
quaisquer benefícios aos seus países. Cada vez mais, alguns desses movimentos
encontram aliados no Norte global, em particular entre os imigrantes do Sul aí
residentes, que respondem à sua exclusão social e econômica transportando as
guerras da periferia para o centro. Como pode o capitalismo terminar sem que
uma nova sociedade esteja aí para tomar o seu lugar? Para entender isso,
devemos abandonar a ideia de uma sucessão ordenada das formações sociais, isto
é, a expectativa histórico-materialista de que uma sociedade morre para dar à
luz a uma nova e mais avançada, incluindo-se nessa falácia a tese bolchevique
de que uma ordem social termina apenas quando uma ordem social distinta é posta
em prática pelo comitê central de um partido revolucionário vitorioso. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao mesmo tempo, devemos também
tomar cuidado para não sermos vítimas de um equivalente contemporâneo do que
poderia ser chamada de Ilusão Ravena: a profunda convicção das classes
dominantes do Império Romano do Ocidente, no século V, na imortalidade
predeterminada de sua civilização. Ela foi tida como inabalável mesmo depois
que o seu território havia sido reduzido à pequena cidade de Ravena, na costa
do Adriático; como essa urbe estava circundada por pântanos, isto lhes concedeu
um adiamento da derrocada final no mesmo momento em que as hordas germânicas
estavam ocupadas saqueando Roma, assim como as províncias do Império Ocidental.
Convencidas de que a vida poderia, eventualmente, voltar ao que sempre tinha
sido, as famílias dos governantes de Roma, em seu refúgio em Ravena,
ocuparam-se com intrigas a respeito da sucessão no Império.16 É preciso
aprender com este exemplo que o otimismo pode, por vezes, decorrer não mais do
que de falta de imaginação. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É preciso considerar a
possibilidade de que uma ordem social possa resultar, não em outra ordem, mas
em uma duradoura desordem – isto é, numa época histórica de duração incerta em
que, nas palavras de Antônio Gramsci, "o velho está morrendo, mas o novo
ainda não pode nascer”.17 Como pode ser a vida num tempo como este? De acordo
com Gramsci, o colapso de uma ordem social na ausência de uma sucessora pode
dar origem a "um interregno em que os fenômenos patológicos de todos os
tipos passam a existir”18 – em outras palavras, cai-se numa sociedade
desprovida de instituições coerentes capazes de normalizar a vida de seus
membros, protegendo-os de acidentes e de anomalias de todos os tipos. A vida em
um tal interregno se caracteriza pela falta de determinação estrutural19 em que
tudo então se torna imprevisível. Uma sociedade como essa não consegue fornecer
aos seus membros regras confiáveis por meio das quais possam se organizar: em
vez disso, ela demanda constante improvisação, faz com que os indivíduos
substituam um comportamento estruturado por um comportamento meramente
estratégico – situação esta que oferece oportunidades excepcionais para
oligarcas e senhores da guerra de todos os tipos passarem a forçar a maioria a viver
em situação de insegurança, incerteza e anomia. Forja-se, assim, uma situação
muito parecida com aquela do longo interregno que começou no século V e que
agora é chamado de Idade Negra.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O sistema de integração no capitalismo
contemporâneo encontra-se num estado instável de mudança, o qual não parece
levar a uma nova ordem estável. Turbulência e imobilidade, dinâmica e
estagnação estão se tornando correlatos próximos. Este tipo de estrutura social
alimenta um tipo de indivíduo social (Gerth e Mills, 1953): o indivíduo
individualista, intencionalmente autossuficiente, de-socializado, que se fia
apenas na autopoliciada governamentalidade neoliberal (Foucault, 2008) para
compensar a ausência de governo e a debilidade da governança. Nesse mundo
social indeterminado emerge uma estrutura social anômala; ou melhor, aquela que
existe é substituída por uma malha de indivíduos auto interessados e
improvisadores que se movem em redes constituídas por relações oportunistas.
Tem-se, assim, uma sociedade Ersatz de usuários ao invés de uma sociedade
formada por membros integrados. Construída a partir de baixo, parece ter se
elevado com base em uma riqueza libertária de alternativas, a qual é vendida
ideologicamente como um grande parque de diversões. Porém, na verdade, ela
reflete apenas a ausência destrutiva da ordem social. 6 A sociedade fraturada
que impera no interregno pós-capitalista está desprovida de legitimação
normativa – ela transformou a responsabilidade com um fim em si mesmo em
escolhas racionais de seus membros como indivíduos, deixando-os sem instrução
de como fazer boas escolhas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Embora isso possa ser e seja
apresentado como libertação, na realidade do pós-capitalismo, o espaço das
normas e das instituições sociais é tomado pela ganância e pelo medo. E estes
dois sentimentos funcionam então como mecanismos últimos do controle social.
Juntos, eles alimentam a “autoeconomização” e a “auto-mercantilização” dos
próprios indivíduos que lutam para se manterem adaptáveis às formas
imprevisíveis de evolução das circunstâncias. Eles buscam, então, o incansável
investimento competitivo na própria "flexibilidade" e no próprio
"capital humano". Querem maximizar a sua aptidão na imaginada
meritocracia do mercado "livre" – que é, na verdade, um mundo
explodindo em desigualdades. A autossuficiência entra na ordem do dia, mesmo se
– e precisamente porque – alguns têm muito mais “si mesmo” para confiar do que
outros. No pós-capitalismo, a obtenção de lucro privado terá continuidade,
mesmo sob a sombra da incerteza que prosperará em uma sociedade marcada pela
anomia, com instituições decadentes, de reduzida coerência, crises sucessivas,
atravessada por conflitos e contestações locais ou de maior âmbito. A
cooperação da massa com a acumulação de capital será impulsionada por uma
cultura de consumo competitivo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em grandes partes da Ásia, essa
cooperação parece estar baseada hoje num profundo conformismo coletivo. Porém,
ela precisará estar vigilantemente protegida contra a subversão da mudança
pós-materialista do valor, senão devido ao encolhimento do poder de compra. A
vida dos indivíduos nesse interregno pós-capitalista em que imperará o “sauve
qui peut” seguirá as prescrições comportamentais da doutrina neoliberal (Dardot
e Laval, 2013). E isto significa que será necessário queimar até a raiz os
fundamentos de uma economia e sociedade bem-sucedidas. Como se sabe, a vida
social não pode ser reduzida à vida econômica e a vida econômica não é possível
fora de uma sociedade que a abrigue. A proposição de número doze da obra A dimensão
moral de Etzioni (1988, p. 257) aplica-se aqui: "Quanto mais as pessoas
aceitam o paradigma neoclássico como guia para o seu próprio comportamento [e
não apenas como uma apologia conveniente do sistema econômico da relação de
capital], mais a capacidade coletiva de manter uma economia de mercado será
prejudicada”. O futuro do capitalismo afigura-se sombrio. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Notas: </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
1 Pesquisador do Instituto
Max-Planck para o Estudo das Sociedades, situado em Colônia, na Alemanha.
Correio eletrônico: <a href="mailto:streeck@mpifg.de">streeck@mpifg.de</a>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
2 O que se segue é uma versão atualizada e
condensada de um artigo bem mais longo antes publicado (Streeck, 2014). Veja-se
também o futuro livro, How will capitalismo end?, a ser publicado pela Verso,
em setembro de 2016. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
3 Lawrence "Larry"
Summers, chefe dos mecânicos da máquina de acumulação de capital
norteamericana, disse o seguinte no Fórum Econômico do FMI, em novembro de
2013: "Ao se voltar a estudar a economia antes da crise, ver-se-á algo um
pouco estranho. Muitas pessoas acreditam que a política monetária então
praticada era demasiado frouxa. Todos concordam que ocorreu um grande volume de
7 empréstimos imprudentes. Quase todos concordam que a riqueza, tal como era
experimentada pelas famílias, afigurava-se superior ao que era em realidade.
Muito dinheiro fácil, demasiados empréstimos, muita riqueza. Parecia haver um
grande boom! A utilização da capacidade não estava sob qualquer grande pressão;
o desemprego não estava em um nível extremamente baixo; a inflação mostrava-se
totalmente quieta; de alguma forma, mesmo uma grande bolha não parecia
suficiente para produzir qualquer excesso da demanda agregada". Texto
disponível em
https://m.facebook.com/notes/randy-fellmy/transcript-of-larry-summers-speechat-theimf-economic-forum-nov-8-2013/585630634864563,
último acesso 12 de agosto de 2015.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
4 Desde então, o débito total continuou
crescendo. Veja-se o relatório do McKinsey Global Institute (2015). Muita
retórica keynesiana tem sido despejada para rebaixar os riscos inerentes desse
crescimento, embora o débito não seja propriamente do tipo keynesiano já que
tem se acumulado por décadas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
5 N. T. Em inglês: “quantitative
easing”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
6 Paul Krugman, o ideólogo favorito do
keynesianismo de centro-esquerda, é um caso interessante. Ao comentar no New
York Times (16 de novembro de 2013) o 'pronunciamento’ de Summers sobre a
“estagnação secular" (ver nota 2), ele começa parafraseando Keynes. Eis
que este havia dito: "todo gasto é bom; caso a despesa seja produtiva, é
ainda melhor, mas um gasto improdutivo é melhor do que nada”. Daí ele deriva a
afirmação de que "o dispêndio privado, mesmo que seja total ou
parcialmente um desperdício", ainda assim pode ser "uma coisa
boa". Para ilustrar essa afirmação, Krugman completa: "suponha-se que
as empresas americanas, que estão atualmente sentadas em uma enorme montanha de
dinheiro, fiquem de alguma forma convencidas de que seria uma ótima ideia
transformar todos os seus empregados em ciborgues, munindo-os com Google Glass
e relógios inteligentes. Suponha, também, que três anos depois elas venham a
perceber que não obtiveram realmente recompensa substantiva por todos esses
gastos. Apesar disso, o boom de investimentos que fora produzido teria
proporcionado vários anos de emprego mais elevado, sem desperdício real, já que
os recursos utilizados, em caso contrário, teriam ficados ociosos”. A respeito
de bolhas, ele diz: "sabemos agora que a expansão econômica entre 2003 e
2007 foi impulsionada por uma bolha. É possível dizer o mesmo sobre a última
parte da expansão dos anos 90; é possível ainda de fato afirmar o mesmo sobre
os últimos anos de expansão da era Reagan; esta foi produzida por uma fuga das
instituições de poupança, a qual gerou uma grande bolha no setor imobiliário
comercial...” Tudo isso, de acordo com Krugman, tem "algumas implicações
radicais", dentre elas, conforme Summers, a seguinte: "muito do que
poderia ter sido feito para evitar uma crise futura teria sido
contraproducente" diante das novas circunstâncias. Uma outra implicação
seria a seguinte: "mesmo uma melhora da regulação financeira não seria
necessariamente uma coisa boa", pois "poderia desencorajar
empréstimos irresponsáveis, os quais se justificam num momento em que mais
gastos de quaisquer espécies seriam bons para a economia". Além disso,
poderia ser interessante "para reconstruir o nosso sistema monetário como
um todo – digamos, eliminando o papel-moeda e pagando taxas de juros negativas
sobre depósitos", etc. Texto disponível em
http://krugman.blogs.nytimes.com/2013/11/16/secular-stagnation-coalminesbubbles-and-larry-summers/?_r=0,
último acesso em 4 de agosto de 2015.<o:p></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
7 O Uber oferece um bom exemplo sobre a
evolução das condições de emprego. <span lang="EN-US">Veja-se, por exemplo, o artigo Rising Economic Insecurity Tied to
Decades - Long Trend in Employment Practices, The New York Times, 12 de julho
de 2015. </span>De acordo com o relatório citado nessa matéria de jornal, mais
de 160.000 pessoas nos EUA dependiam só do Uber para manter a própria
subsistência; destes, apenas 4.000 eram empregados regulares. Texto disponível
em http://www.nytimes.com/2015/07/13/business/rising-economic-insecurity-tied-todecades-long-trend-in-employment-practices.html?smid=li-share&_r=0,
acessado pela última vez em 4 de agosto de 2015.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"> 8
Randall Collins, The end of middle-class work: no more escapes, p. 37-69. </span>In:
Wallerstein et al, 2013. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
9 Um recurso retórico
frequentemente usado para minimizar a magnitude da crise de crescimento, em
particular aquela que seguiu ao colapso financeiro de 2008, consiste em apontar
os assim chamados BRICS (associação formada pelos seguintes países: Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul) como os futuros centros de crescimento do
capitalismo global. Pode-se lembrar, no entanto, que o rótulo BRICS foi
inventado por um vendedor de títulos do Goldman Sachs, no início de 2000, como
uma marca para um novo fundo de investimento. Nesse entretempo, porém, esses
cinco países não conseguiram contribuir para a coordenação global da economia
capitalista; eis que não foram capazes de começar a assumir as
responsabilidades dos EUA – país hegemônico em declínio que tem atuado de modo
crescentemente 8 irresponsável. Eles mesmos, aliás, entraram também em crise;
até mesmo a China tem experimentado dificuldades pois aí as taxas de
crescimento estão em queda, os preços das ações estão caindo, as dívidas têm
crescido rapidamente e se observa um aumento da corrupção sistêmica. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
10 De acordo com o New York
Times, "menos de quatro centenas de famílias" eram "responsáveis
por quase metade do dinheiro arrecadado na campanha presidencial de 2016, uma concentração
de doadores políticos sem precedentes nos últimos tempos". No final de
julho do ano pré-eleitoral de 2015, as contribuições totais da campanha
ascenderam a 388 milhões de dólares. <span lang="EN-US">Veja-se o artigo Small pool of rich donors dominates election giving,
The New York Times, 01 de Agosto de 2015. </span>Texto disponível em
http://www.nytimes.com/2015/08/02/us/small-pool-of-rich-donors-dominateselection-giving.html?_r=0,
último acesso em 12 de agosto de 2015. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
11 Vale mencionar que estagnação
é uma desordem pelo menos tão severa quanto outras arroladas. Politicamente
isso significa que a crescente população excedente nos países capitalistas
ricos, incluindo os imigrantes de segunda e terceira gerações, não terá
possibilidade de recuperar o atraso em relação ao conjunto – decrescente –
daqueles que estão se dando bem. O mesmo se aplica à geração perdida e àqueles
que aspiram se tornarem membros das classes médias nos territórios em expansão
governados – ou não governados – por estados em processo de falência. O capitalismo,
como se sabe, está baseado sobretudo na esperança de uma vida melhor no futuro.
Ele tem isto em comum com o cristianismo. A fé no capitalismo e seu sistema
financeiro depende também, além do "crescimento sem fim", de outras
promessas tais como externalidades inócuas, habilidades universais, aumentos
constantes da produtividade, demanda inesgotável, o consumo insaciável... e
sustentabilidade das montanhas das dívidas. Nenhuma delas se verifica no mundo
real. Texto disponível em http://uklife.org/2015/01/15/promises/, acessado pela
última vez em 12 de agosto, 2015). <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
12 Sobre os salários de gerentes,
consulte-se Neckel (2014). Considere-se também o atletismo profissional, uma
atividade que se tornou uma enorme indústria global nas últimas décadas e que
tem sido financiada principalmente por anúncios de bens de consumo. Pode-se
assumir com certa segurança que em suas principais modalidades, incluindo a
natação e o atletismo, mas também o ciclismo, os principais concorrentes
rotineiramente usam serviços de especialistas em super-desempenho, os quais
usam de meios ilegais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
13 Frankfurter Allgemeine
Zeitung, 29 de junho, 2015. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
14 Eric Holder, para exercer o
seu mandato de procurador geral nos Estados Unidos, entre 2008-2014, afastou-se
temporariamente de um escritório de advocacia que costumava representar as
empresas de Wall Street. Antes de assumir esse cargo, ele ganhava cerca de 2,5
milhões de dólares por ano. Em 2015, ele retomou o seu cargo no mesmo
escritório. Veja-se Eric Holder, Wall Street Double Agent, comes in from de
cold, Rolling Stone, 8 de julho de 2015. Texto disponível em
http://www.rollingstone.com/politics/news/eric-holder-wall-street-double-agentcomes-in-from-the-cold-20150708,
último acesso 12 de agosto de 2015. É claro que o presidente Obama, que nomeou
Holder, obteve de um terço à metade das contribuições para a sua campanha
eleitoral à presidência dos Estados Unidos da indústria financeira. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
15 Para entender a ordem de
magnitude, é preciso lembrar da ação legal dos promotores americanos contra a
associação internacional do futebol sediada na Suíça futebol, FIFA. Com enorme
publicidade, ela foi processada, no início de 2015, por corrupção. A receita da
FIFA nos 6 anos em questão havia sido de cerca de 5 bilhões de dólares, dos
quais talvez 1 bilhão fora usado ilegalmente (embora não se saiba os montantes
exatos da corrupção). Esse montante seria igual a 1% do valor pago pelos bancos
americanos para se livrarem dos processos criminais. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
16 Gibbon (1993 [1776]), volume
3, p. 218 em diante. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
17 Tal como diz ele em seus
Cadernos do Cárcere: “La crisis consiste nei fato che il vecchio muore e il
novo non può nascere...” 18 Diz ele: “...in questo interregno si verificano i
fenomeni morbosi più svariati”. 19 De modo similar, ver o que diz Calhoun em
seu artigo no livro excelente de Wallerstein et al. <span lang="EN-US">(2013). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Referências <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Bowman, A., Erturk, I., Froud, J., Johal, S.,
Law, J., Leaver, A., Moran, M. and Williams, K. – The End of the Experiment.
Manchester: Manchester University Press, 2014. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Dardot, P. and Laval, C. – The New Way of the
World: On Neo-Liberal Society. London and NY: Verso, 2013. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Dunn, J. – Setting the People Free: The Story
of Democracy. London: Atlantik Books, 2005. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Etzioni, A. – The Moral Dimension: Toward a New
Economics. New York: The Free Press, 1988. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Foucault, M. – The birth of biopolitics:
lectures at the College de France, 1978–1979. London: Palgrave Macmillan, 2008.
<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Gerth, H. and Mills, C. W. – Character and
social structure: the psychology of social institutions. New York: Harcourt,
Brace, 1953. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Gibbon, E. – The decline and fall of the Roman
Empire. Three Volumes. New York: Alfred A. Knopf, 1993 [1776]. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Lockwood, D. – Social integration and system
Integration. In: Zollschan, G. K. and Hirsch, W. (eds) Explorations in Social
Change. London: Houghton Mifflin, 1964, pp. 244– 257. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Mandeville, B. – The fable of the bees: or,
Private Vices, Public Benefits. Indianapolis: Liberty Fund, 1988 [1714].<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"> McKinsey
Global Institute – Debt and (Not Much) Deleveraging. London, San Francisco, Shanghai:
McKinsey & Company, 2015. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Neckel, S. – Oligarchische Ungleichheit.
Winner-take-all-Positionen in der (obersten) Oberschicht. WestEnd. In: Neue
Zeitschrift für Sozialforschung, 20, 2014, p. 51– 63. Offe, Claus – Governance:
“Empty Signifier” oder sozialwissenschaftliches Forschungsprogramm? In:
Schuppert, G. F. and Zürn, M. (eds) Governance in einer sich wandelnden Welt.
Politische Vierteljahresschrift, Sonderheft, Bd. 41, 2008, p. 61–76.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US"> Smith,
A. – An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations. Oxford and
New York: Oxford University Press, (1993 [1776]). Streeck, W. – How Will
Capitalism End? New Left Review, vol. 87, 2014, p. 35–64. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span lang="EN-US">Wallerstein, I., Collins, R., Mann, M.,
Derluguian, G. and Calhoun, C. – Does Capitalism Have a Future? Oxford: Oxford
University Press, 2013.<o:p></o:p></span></div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-39664978383736715562016-11-06T14:01:00.001-08:002016-11-06T14:03:01.070-08:00Rumos da esquerda, o "caso" Freixo e as alternativas para combater o golpe<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/wu8bOvjhX9s" width="480"></iframe>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-56129040267835977202016-10-31T11:25:00.001-07:002016-10-31T11:25:38.831-07:00Rui Costa Pimenta e a análise política da semana - 29/10/2016<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="270" src="https://www.youtube.com/embed/SCSZDW7bYWA" width="480"></iframe>jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-10572389094414450732016-06-16T10:42:00.001-07:002016-06-17T05:32:42.400-07:00Mil vezes Robertinho Silva !<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEfV4PfWMUfU6QSnFlAHr0_L8VcljRHvcACkYRuYRaySkELJZMnPmxmN9YDYiJZ2cE-wLlAvqi7uFKNBygLRbIXfFFVJNk5uMtG5s7iy0Pw9gWhfNIDIJirLGWR6hELzsU922N48O9ohY/s1600/IMG_4527.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="425" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEfV4PfWMUfU6QSnFlAHr0_L8VcljRHvcACkYRuYRaySkELJZMnPmxmN9YDYiJZ2cE-wLlAvqi7uFKNBygLRbIXfFFVJNk5uMtG5s7iy0Pw9gWhfNIDIJirLGWR6hELzsU922N48O9ohY/s640/IMG_4527.JPG" width="640" /></a></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Dizer que Robertinho Silva
é um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos é chover no molhado. Desde
suas primeiras incursões na música, acompanhando Caubi Peixoto, em 1964, o
baterista e percussionista nascido e criado em Realengo, no subúrbio do Rio de
Janeiro, sempre cultivou a virtude de estar no lugar certo, na hora certa. Foi
assim que ajudou Milton Nascimento a construir uma obra universal. O mesmo fez
com Egberto Gismonti, como no seminal <i>Academia
de Danças</i>, de 1974. Foi o baterista que deu impulso ao que veio a ser
conhecido como o Som de Minas, com o Clube da Esquina abrindo caminhos. Tocou
com Flora Purim e Airto Moreira no auge do jazz fusion, quando a música brasileira
dava as cartas em Los Angeles. Fez amizades musicais com Wayne Shorter, Sarah
Vaughan, Ron Carter, Herbie Hancock, Art Blakey, entre outros dinossauros do
jazz americano. Quer mais? Então segura o fôlego. Robertinho foi baterista em
alguns dos principais álbuns da iluminada MPB das décadas de 70 e 80, de nomes
como João Donato, Marcos Valle, Lô Borges, Bebel Gilberto, Chico Buarque, João
Bosco, Moacir Santos, Paulo Moura, Toninho Horta, Gal Costa, Gilberto Gil,
Virgínia Rodrigues, Celso Fonseca, Zé Renato, Fagner, Nana Caymmi, Beto Guedes,
entre muitos, muitos outros. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Mas não pense que essa invejável
folha de serviços prestados ao melhor da cultura brasileira mudou Robertinho. O
homem mantém uma alegria e simplicidade que só os verdadeiros gênios sabem ter.
De turnê por Santa Catarina, “Bob Silva”, como é conhecido pelos amigos mais
chegados, apresentou o show “Sonhador Celestial”, nome do CD que gravou com o
parceiro Foguete Barreto, da novíssima formação “Dudarua”, um duo de percussão
que mistura referências percussivas brasileiras e orientais. Nos palcos
catarinenses o show teve a especialíssima participação do violonista Thiago
Zaidan, jovem mestre das cordas, de Rezende (RJ). Durante a passagem de som no
Teatro do Sesc, em Florianópolis, Robertinho puxou pela memória e conversou com
a gente. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Com vocês, Bob Silva, the man. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM - Um carioca de
Realengo, então. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho – É, área
militar. Criado em frente ao paiol de pólvora (risos), mas eu não tinha nada a
ver com militar não, meu pai era pernambucano e minha mãe é paulista. Só não
tenho avô mineiro nem tataravô baiano. No show quando eu digo isso todo mundo
ri, - ainda bem...eles dizem (risos). Agora, conversando com você eu lembrei
que já acompanhei até o Roberto Carlos, na TV Tupi. Ele não era ninguém. Isso
foi anos 50, quando ele gravou um disco de bossa nova, antes da bossa estourar,
em 1958. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM - E o som de Minas,
como foi que entrou na sua história?
porque você ajudou a construir toda uma obra que hoje é referencial para
a música brasileira. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho – Eu tive
vários olheiros na minha vida, desde que eu comecei a tocar no centro do Rio.
Era um olheiro aqui, outro olheiro ali, e aí chegou um cidadão quando eu
trabalhava no Dancing Brasil. Eu trabalhava nos domingos fazendo a folga de um
baterista cearense. Aí chegou esse cara muito bem vestido, de óculos fundo de
garrafa, me observando. Eu pensei: polícia. Isso aí é cana. Porque eu tinha
cara de garotinho. Disfarçava, olhava, tava o cara ali, parecia um boneco. Eu
pensei, meu Deus do céu, é hoje. Vou ser preso e não fiz nada. Eu desci do
palco e ele disse, quero falar com você. Eu levei um susto, meu coração
disparou. Aí ele disse, parabéns, você toca bem né? Sei lá, eu sou estudante
ainda, eu disse. Aí ele me perguntou se eu tinha ouvido falar na Boate Drinks,
em Copacabana. Eu disse que todo o músico conhece e já sonhou em tocar lá, mas
ninguém consegue. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Aí ele me disse, então
você está convidado a tocar lá! Eu falei, qué isso cara..... Porque essa boate,
do Djalma Ferreira, um grande organista, era “o lugar”....No Rio tinha a Drinks
e o Sacha, que eram os lugares que a high society de Copacabana frequentava, e os
americanos quando chegavam no Rio, atrizes de Hollywood... E o Djalma Ferreira vendeu para a família
Peixoto, do Caubi, então esse convite foi um prêmio na minha vida. </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Mas eu só toquei lá só
um ano, porque apareceu outro olheiro. Sempre tinha um cara de olho. E no
domingo na boate, era folga. Garçom para garçom e músico para músico. Trabalhava
a semana inteira e colocava um substituto para passar o final de semana com a
família. Mas eu não fazia isso não, porque eu precisava trabalhar. Eu fui pai
novinho. Quando entrei na boate, tinha 23, mas já tinha filho. Aí nessas folgas
assim, entrou um cara que parecia garçom, meio italianado, assim...eu disse, é
garçom novo na área. De repente eu ouvi um som de piano meio diferente, disse,
pô o garçom toca...sabe quem era? Wagner Tiso.</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">
</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;">Aí eu fui atrás dele, na rua, pra tomar um... E disse, pô, parabéns,
você toca bem. Pensei que você era garçom. Ele me dizendo, é, eu sou mineiro,
sou do sul de Minas. Aí eu disse, tem um amigo que comprou um disco de músicos
de Belo Horizonte, que tem uma valsa bonita, de um tal de Wagner...e ele me
diz, sou eu. Aí eu falei, caramba! E começou essa história de músicos, bate
papo de músico de lá para cá. Era 1964. E ele um dia me apresentou um músico
mineiro, chamado Milton Nascimento. Neguinho com violão debaixo do braço, com
aquela capinha poeira, da roça...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM – O Milton lá no
início de tudo...<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho – É, porque
o Milton saiu de Belo Horizonte e foi morar em São Paulo. E em 1967 o Milton
estoura no festival internacional da canção. Dois anos depois, o Milton vai
gravar o primeiro disco pela Odeon. Tá certo, e quem vai tocar? o Milton
pergunta pro Wagner. “Olha, tem o baterista Robertinho Silva e o baixista Luiz Alves”. Aí,
depois disso, a galera da MPB, todo mundo passou a me convidar. Taiguara,
Marcos Valle, fulano e fulano...aí o Dori Caymmi, quando eu fui gravar com ele,
traçou: “O Robertinho é a bola da vez” (risos) . Aí eu falo pro meu filho
Tiago, que tem 31 anos, eu digo...Tiago, eu já fui bola, eu sei ! (risos). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM – E como é que foi
esse começo? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho – É o seguinte,
foi um empresário...Tinha a boate Sachas. E tinha o filho dele, que disse, pai,
eu queria fazer o Sachinha. Porque músico não entrava nessas boates. E era mais
para encontro de músicos, porque tinha um movimento estudantil forte, que
tinha o Gonzaguinha e outros. Então abriram o Sachinha na esquina da Avenida
Atlântica. E todo mundo começou a frequentar lá, tinha um piano no centro. Foi
lá que eu conheci o Zé Rodrix, e ia também a Joyce, Nelson Angelo, o Milton
também.... E eu, o Wagner e o Luiz estavámos a fim de formar um trio para
acompanhar cantores de bossa nova...durango kid, né? Uma cerveja para três....
E apareceu um cara maluco lá, dizendo que estava querendo investir na música do
Milton, que estava cansado de ver ele no banquinho e violão. Porque acabava o
festival e neguinho voltava para o banquinho e violão. <o:p></o:p></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfoI7GHaSo1qHaRLtmxIpAcrzfON-ksLTSidHANOhI3qgfjXpUzmhyQ7KMfT5f17f9k0hjGmbTAc5q72K7XMnS9LGSKMsAxCKl4q545cccPTfAagXlPy6QLXj8HygAbnxMc6ntX52AYTQ/s1600/robertinho+2.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="244" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfoI7GHaSo1qHaRLtmxIpAcrzfON-ksLTSidHANOhI3qgfjXpUzmhyQ7KMfT5f17f9k0hjGmbTAc5q72K7XMnS9LGSKMsAxCKl4q545cccPTfAagXlPy6QLXj8HygAbnxMc6ntX52AYTQ/s320/robertinho+2.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">E o Luis levantou da
mesa, não acreditou no cara. Só que o cara era o José Mynssen, empresário, tinha
vendido a sapataria da família, tava com a maior grana no bolso. E o Wagner,
como mineiro, ficou quieto. E ele me perguntou onde eu morava, e era longe
dali, na zona norte....E ele me diz, você não quer morar na zona sul? Eu pago!
Aí eu vi que o negócio era verdade. E disse, segunda-feira começa o trabalho
porque eu já arrendei o Teatro Opinião. Eu disse, tô dentro. Já tava cansado de
tocar em boate, queria palco de teatro. E o Wagner também. Mas o Luiz não queria, disse que ia ficar
tocando em bar.. aí eu disse, cara, o Milton Nascimento, já estourou no
festival. Foi um sacrifício pra levar ele. E o Mynssen investiu o dinheiro
todinho na gente. Ensaiamos uma semana, a irmã dele era artista plástica,
pintou a nossa cara no teatro...e um dia antes eu pergunto, e o nome do grupo,
não tem? Aí ele me diz, já tem sim. O show vai se chamar “Milton
Nascimento, ah, e o Som Imaginário”. E o show era o seguinte, quando o público
entrava a gente já estava tocando. E estourou. Fomos para Belo Horizonte, São
Paulo.... E depois deu uma parada porque o Milton voltou para Minas. E a Gal ia
fazer uma turnê e a gente entrou. Foi a primeira vez que eu conheci o Brasil.
Até então eu só era conhecido pelos músicos de boate, foi aí que apareceu meu
nome. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM – Você concorda que
o Som Imaginário foi a grande vanguarda da época, que antecipou o Clube da
Esquina e outras vertentes?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho Silva – O
Som Imaginário, Egberto Gismonti, foi tudo isso. Quando eu gravei o primeiro
disco com o Egberto, chamado Academia de Danças. E com a música do Milton, no
começo eu achei tudo estranho. Acho que fiquei uma semana sem sentar na
bateria. O Wagner é que me dava uns toques, uns compassos compostos que eu
nunca tinha tocado. E o Milton não falava nada, mineiro, caladão...e eu tocava
do meu jeito. De vez em quando ele fazia assim – um positivo com a mão – e foi
aí que eu tive aí a liberdade de expressão de encaixar o tambor, que foi a
minha formação. Na bossa nova não tinha nada disso. Foi na música mineira que
eu tive essa liberdade. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM – E o Som Imaginário
ia junto....<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho Silva – O
Som Imaginário fez coisas que ninguém fazia. O primeiro disco que a gente
gravou era de percussão livre, e ninguém tinha feito isso. Nós somos pioneiros
em percussão livre, de efeito. Naquele tempo, eu conheci o Fredera, em 1967, e
ele era universitário, caretinha, de gravatinha e tal. Frederico Mendonça de
Oliveira. E o Som Imaginário precisava de um guitarrista solista. E quando ele
chegou lá e viu aquela onda de todo mundo tocando de pés descalços, ele virou
John Lennon. Deixou a barba crescer e botou os bixos pra fora. Depois foi
expulso da banda, porque começou a brigar ele e Zé Rodrix. Era John Lennon e
Paul McCartney (risos). Nessa época pintou também o Naná (Vasconcelos), que
morava na Siqueira Campos. E no apartamento dele foi a primeira vez que eu vi alguém
tocando berimbau diferente de todo mundo, sem ser levada de capoeira. Eu já
tinha um berimbau, que eu tinha ido a Bahia, que estava na parede da minha
casa. Aí tirei da parede e aprendi a tocar, foi com o Naná. Aí ele gravou o
primeiro disco que o Som Imaginário gravou com o Milton, outros discos também,
aí ele foi embora para a França, partiu para o mundo né. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM – E como foi que
você colocou o pé na música lá fora?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho Silva – Em 1974,
fomos convidados eu, Milton Nascimento e Wagner Tiso para gravar o disco Native
Dancer, do Wayne Shorter, em Los Angeles. Em 1975 a situação tava braba no Rio
de Janeiro, com aquele negócio da ditadura. E um cara chamado Mayuto Corrêa me
ligou um dia e disse que ia rolar em Los Angeles um festival chamado Brazilian
Afro e que queria me levar. Mas aí eu disse que só ia se ele levasse também meu
amigo, Luiz Alves. Ele disse que não dava, e eu recusei o convite. Fudido,
fudido e meio. Aí ele acabou conseguindo passagem para nós dois. E a gente foi
para morar mesmo. Fomos numa sexta feira de carnaval e voltamos na sexta feira
de carnaval do outro ano. Só que eu vim para renovar o meu visto e voltar, mas
o Luiz quis ficar. Eu voltei e fiquei lá mais três anos. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM – Você conviveu com
maestro Moacir Santos, Airto Moreira, Flora Purim, que viviam em Los Angeles.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho Silva – Eu não
conhecia pessoalmente Moacir Santos no Brasil. E ele morava na rua La Mirada,
que era a mesma rua que a gente morava em Los Angeles. Só que quando a gente
chegou ele foi morar em Pasadena. Aí quando a gente se falou eu disse, poxa
Moacir, agora que a gente chegou você foi para Pasadena. E ele era um cara
sério, mas sacana. Me disse, sabe o que é, eu tinha uma aluna que não aprendia
o dó maior, e para ensinar eu tive que ser vizinho dela (risos). <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">JM – Você considera que
o Brasil hoje possui a mesma força criativa musical das décadas de 70 e 80, ou
está diferente ?<o:p></o:p></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Robertinho Silva – Foi
a partir de 1958, com o estouro da Bossa Nova e depois no Carnegie Hall, que eu
costumo dizer que ficamos todos iguais. Porque antes a gente era macaco de
americano. E eles ficaram impressionados. E tem gente que acha que a bossa nova
era alienada, mas veja só o que mudou depois disso. Hoje tem talento também,
mas a cultura – as secretarias, o estado enfim- hoje não ajuda. Porque era
assim, as gravadoras davam a chance de você ir construindo seu talento. O
Milton vendia dois mil discos, mas a gravadora bancava. Hoje nem existe mais
gravadora. Eu não sou contra nada não, mas veja o sertanejo e o que virou a
música caipira. Isso é um veneno terrível. Não sou contra nada, mas podia
distribuir, dividir, como era dividido antigamente. <o:p></o:p></span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span>
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">por Marlon Aseff</span><br />
<span style="font-family: "times new roman" , "serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">clique na foto para ampliar.</span></div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-12839700497250381482016-03-28T17:16:00.004-07:002016-04-07T12:07:21.003-07:00De bushinshe e portunholes <div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9fbx62sKVLU27JFZhW6yWkL1q9n7kEaobQDPVa8TIbhvnsXFuSo7u-jp9kHdAK37fT8rwCDj5qzMtazxe-MG7KB3V3rtV7tdZv2mfniVp_ykOVDxbnkLc1uK215TgWxzUmdpslGtXUY0/s1600/AAA.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9fbx62sKVLU27JFZhW6yWkL1q9n7kEaobQDPVa8TIbhvnsXFuSo7u-jp9kHdAK37fT8rwCDj5qzMtazxe-MG7KB3V3rtV7tdZv2mfniVp_ykOVDxbnkLc1uK215TgWxzUmdpslGtXUY0/s400/AAA.jpg" width="357" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
NOITE LINDA, de Jodido Bushinshe, onde fomos recebidos pelo anfitrião
Hugo Lago, em seu Museu de Artes Plásticas de Rivera. A ode ao
portunhol e seu merecido reconhecimento enquanto força pulsante e viva
de nossa cultura fronteiriça, teve nas palestras do artista plástico
Miguel Armand Ugon e Alejandra <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1421517507" href="https://www.facebook.com/flaka.rivero.5">Flaka Rivero</a>
o ponto alto de uma noite fria e chuvosa. Fria e chuvosa - diga-se -
apenas lá fora, pois no Jodido Bushinshe o clima foi de uma feliz
confraternização. Ugon brindou o público com uma pequena retrospectiva
de sua obra, cercada pela cultura local, de marcos onipresentes, uma
Rivera mística e cheia de elementos de uma identidade que foi cambiando
com o tempo. </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na obra de Ugon, surgem marcos enfeitiçados, murgas
abrasileiradas e uma presença da religião e da cultura negra muito
fortes, em uma fronteira que já não demonstra esse esplendor do encontro
multicultural, pelo menos não tão forte como antes.</div>
<div style="text-align: justify;">
Já
Alejandra, nos surpreendeu com uma análise sofisticada dos elementos do
portunhol em poetas fundamentais da identidade fronteiriça, como Agustin
Bisio, Olyntho Maria Simões, Taunay de Barros, Arlindo Coitinho.</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Sempre fomos luso-parlantes, advertiu Alejandra, já de saída, em uma
provocação que na verdade traduzia a presença lusa desde o início de
nossas movidas coloniais. A fala de Flaka Rivero foi realmente
deslumbrante, ao lembrar a platéia de detalhes intrìnsecos ao compor
literário de Agustin Bisio (que usava não o portunhol, mas agregava o
gauchesco-português, em sua poesia, criador do primeiro dialeto
literário em Rivera, que nos traz um Uruguai intimista e original );
Olyntho Maria Simões (que traz a reivindicação da fronteira como local
privilegiado e pede respeito, que mostra a cultura afro pulsante
daqueles tempos, antes da ditadura uruguaia tentar apagar toda a
referência); Lalo Mendonza (último escritor anterior a ditadura, que
também eleva o afrodescendente a sua condição protagonista dessa
cultura, antes da campanha de prescrição idiomática promovida pela nova
ordem pós 1973).</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Por fim, Flaka Rivero nos remete aos novíssimos
Arlindo Coitinho (que reivindicava escrever em santanês, uma mistura do
português, espanhol, português gaúcho e portunhol). Coitinho viria a
influenciar toda uma nova geração de escritores da fronteira. </div>
<div style="text-align: justify;">
Encerrrando a viagem através do
portunhol e seus poetas, temos Chito de Mello e seu rompidioma, um
insulto elevado a condição de valor, exatamente como fez Oswald de
Andrade em seu manifesto antropofágico, em 1922, quando o insulto
tornou-se positividade, quando o pejorativo foi usado como afirmação
cultural. Tudo isso nos ensinou Alejandra Rivero, nesta noite iluminada,
que finalizou com um show fantástico de Ernesto Díaz, talento de
Artigas, parceiro de <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1355365038" href="https://www.facebook.com/fabian.severo.5">Fabián Severo</a> (outro autor citado, que volta aos valores semeados por Bisio, como coisa do coração, desperto por um "exílio" na capital). </div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Na Platéia, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100009639277713" href="https://www.facebook.com/profile.php?id=100009639277713">Marcelo Flores Da Cunha Garcia</a>, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000958232537" href="https://www.facebook.com/vladimir.fagundez">Vladimir Fagúndez</a>, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1111681503" href="https://www.facebook.com/selvach">Selva Chirico</a>, Nestor Chumbo Chaves, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=100000124437322" href="https://www.facebook.com/celina.albornoz.14">Celina Albornoz</a> e sua trupe, <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1388130571" href="https://www.facebook.com/richard.bertiz.7">Richard Bértiz</a>, Santiago Perez, entre muitos outros. O culpado por tudo isso? <a class="profileLink" data-hovercard="/ajax/hovercard/user.php?id=1301132682" href="https://www.facebook.com/enrique.darosa.90">Enrique Da Rosa</a>.</div>
<br />
<br />
Confira a arte de Ernesto Diaz, Fabian Severo e Chito de Mello:<br />
<br />
https://www.youtube.com/watch?v=tzJUuDOBFYo<br />
<br />
https://www.youtube.com/watch?v=_ofUjsYZt7s<br />
<br />
https://www.youtube.com/watch?v=QpsOXsQMy50<br />
<br />
https://www.youtube.com/watch?v=8s5whuDSyyc<br />
<br />
<br />
texto: marlon aseff (outubro 2015)<br />
foto: Olyntho Maria Simões jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-216116848592219922016-01-01T12:01:00.000-08:002016-01-01T12:02:12.802-08:00Raízes do Nacionalismo<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:TargetScreenSize>800x600</o:TargetScreenSize>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtCvBYcWkd-vWE4mJL0bTAIedEEVLNdLOU374I10Q2pV_lNa1Cge4tf7EW7JNjIyiapqLQv8841eQAEoaCPpRPgbixFm1gbdHD-noRieVBCK6gNT27843tokLYBgGu2WCIV_hcq7oRAYo/s1600/400anderson.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtCvBYcWkd-vWE4mJL0bTAIedEEVLNdLOU374I10Q2pV_lNa1Cge4tf7EW7JNjIyiapqLQv8841eQAEoaCPpRPgbixFm1gbdHD-noRieVBCK6gNT27843tokLYBgGu2WCIV_hcq7oRAYo/s320/400anderson.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Na obra Comunidades Imaginadas, o historiador norte-americano
Benedict Anderson busca explicar as origens do <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">nacionalismo</i></b>, enquanto
fenômeno abrangente nas sociedades modernas. Para entender o crescimento do
nacionalismo enquanto fenômeno político, Anderson aponta as raízes históricas
para o surgimento do conceito, que ele vai creditar, finalmente, a contribuição
decisiva dos países colonizados, fora do eixo europeu, ligados às lutas
asiáticas e latinoamericanas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Benedict Anderson nota, logo no início da obra, que as
guerras entre países que tiveram sua origem moderna em revoluções marxistas,
hoje tem o “nacional” acima de outra qualquer categoria. Conforme nos
lembra<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Hobsbawn, os estados marxistas tem
mostrado a tendência de se tornarem nacionais não só na forma, mas no conteúdo,
ou seja: nacionalistas. Dessa forma, a condição nacional (<i style="mso-bidi-font-style: normal;">nation-ness</i>), é o valor de maior legitimidade universal na vida
política de nossos tempos. (p.28)</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Anderson, em sua crítica a tentativa marxista de entender o
fenômeno, aponta no texto do Manifesto Comunista, as referências nacionais –
aqui ligadas ao conceito de burguesia, como uma “anomalia” da teoria. Se a
burguesia é uma classe mundial, na medida em que é definida pelas relações de
produção, porque Marx utilizou o termo “burguesia nacional” ?, indaga-se
Anderson. (p.29)</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Para o autor, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">nacionalismo,
nacionalidade e condição nacional</i> são produtos culturais específicos, que
devem ser investigados em suas origens históricas e de que maneira seus
significados se transformaram ao longo do tempo, para chegar aos dias atuais
com uma legitimidade emocional tão profunda. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Ao avaliar o conceito de nação, Anderson observa alguns
paradoxos, como uma “modernidade objetiva” versus uma “antiguidade subjetiva” ,
ou seja, a universalidade formal da nacionalidade como conceito sócio-cultural,
e o poder político dos nacionalismos versus uma “incoerência filosófica”. </div>
<div class="MsoNormal">
</div>
Anderson propõe então uma definição: a nação seria uma <i style="mso-bidi-font-style: normal;">comunidade política imaginada</i>,
intrinsicamente limitada e, ao mesmo tempo, soberana. Ele cita Renan e Gellner
para sustentar os conceitos de “imaginada” e “inventada”. A Nação emergente
seria limitada e soberana, devido a origem do conceito, forjado em um momento em
que o iluminismo e a revolução estavam destruindo a legitimidade do reino
dinástico hierárquico. Seria <i style="mso-bidi-font-style: normal;">imaginada</i>
também, porque concebida como uma “profunda camaradagem horizontal” (p.34), que
em última instância acabaria por pavimentar o terreno para tantas mortes e
sacrifícios nos últimos dois séculos.
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
De acordo com Benedict Anderson, as <i style="mso-bidi-font-style: normal;">raízes culturais</i> do nacionalismo podem explicar melhor a origem do
fenômeno. Nesse sentido ele aponta para alguns fatores determinantes como bases
históricas. Os textos sagrados, que continham o poder de estabelecer uma
verdade absoluta, entram em declínio e o nacionalismo toma o lugar do que antes
era ditado unicamente pela religião e pela fé. O declínio das linguagens
sagradas e o crescimento de linguagens seculares a partir do século XVI,
tornaram possível a substituição do latim como língua única, perdendo
gradativamente o componente sacro. <br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Por outro lado, o declínio das monarquias e o fim da crença
em uma centralização dinástica acelerou o processo, junto ao fato de que a
difusão de idéias e fatos em condição de simultaneidade criou uma noção de
co-existência. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Anderson também formula o conceito de “capitalitalismo
editorial”, onde aponta o aparecimento de livros em línguas seculares e de
jornais como relacionados ao surgimento do nacionalismo. Seria a união da
tecnologia na imprensa ao capitalismo emergente, que juntos impulsionaram o
surgimento de fronteiras lingüísticas e cognitivas que, entre outros fatores
associados, estabeleceriam uma base para o surgimento das nações modernas. </div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman","serif";}
</style>
<![endif]--><i><span style="color: blue;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Comunidades
imaginadas. Reflexões sobre a origem e a difusão do nacionalismo,</b>
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Benedict
Anderson. Companhia da Letras, 2008. </span></b></span></i><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:TargetScreenSize>800x600</o:TargetScreenSize>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--></div>
<div class="MsoNormal">
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<w:BrowserLevel>MicrosoftInternetExplorer4</w:BrowserLevel>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman","serif";}
</style>
<![endif]--><i><span style="color: blue;"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Resenha de Marlon Aseff.</b>
</span></i></div>
<br /><br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-15707661164780978632015-11-15T11:04:00.001-08:002015-11-15T11:24:13.326-08:00um texto de Luis Carlos Bueno....<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman","serif";}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlKnoqN6QojKo75P-wX96KkVJQSXICy8k4lrXwuiNoL_ohknVmakNGNC8ohcw5Ay184nl31HC9p0E_0R_1lD1euLyeqnx-oUdAR19Vt1j_DNsn_wSo9lvTS105Ust4GsXsTgdpQV3YK1U/s1600/new.bmp" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjlKnoqN6QojKo75P-wX96KkVJQSXICy8k4lrXwuiNoL_ohknVmakNGNC8ohcw5Ay184nl31HC9p0E_0R_1lD1euLyeqnx-oUdAR19Vt1j_DNsn_wSo9lvTS105Ust4GsXsTgdpQV3YK1U/s400/new.bmp" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 18.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Apenas...Impressões!</span></i></b><span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">(...)O limiar da luz há de
chegar, talvez não estejamos preparados para isso.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Meu motivo maior nesta vida, disto tenho
certeza, não será vagar, penar ou perambular pelas pessoas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A utilidade social a que nos
permitimos, pouco adianta nessa obediência contínua e estéril: - Bom dia, como
vai você?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não quer tomar um café?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Está tudo bem?...</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Passarim pelos camarins e
meu aroma será degustado, apenas pelo ar e pelo brilho das canções.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Sorvido pelo cheiro inebriante dos
jasmins.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estrelas andam vigiadas e
viciadas... Além de Namôr(es), além de Áfricas queremos viver, somos seres de
águas claras, ilhas soltas, exóticas...<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>O importante nisso tudo,<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>é
preservar a lucidez.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nestas épocas de
“crises”, sempre será possível descartar as poluições quando se está lúcido.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Penar a espera dos
desconhecidos que perambulam os arrabaldes da vida, é...desesperador, pelo
menos prá<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mim que estou perdendo a noção
real do “quereres”.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>É como ficar ouvindo
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Sex Pistols</i>, bem baixinho.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As ondas que navegam nas correntes límpidas
de CO(monóxido de carbono), são como o próprio movimento contínuo de moléculas
de poeira estelar, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">star dust</i>.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Alice Cooper</span></i><span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> esvai-me em melancolia.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Acho
que para escrever terei de “curar-me” de mediocridade e medos.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>As coisas passam, mas tudo está <i style="mso-bidi-font-style: normal;">now and</i> <i style="mso-bidi-font-style: normal;">forever</i> irremediável. Oh! que desilusão brega, diante de espíritos
profanos sem sabor de ousadias mais profundas e profanas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tudo não passou de um paradoxo, as tramas se
enrolam aos traumas.<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Vou...ressuscitar-me.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O que mais
vale dos momentos é a intensidade de vida dedicada a eles.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Detesto a juventude <i style="mso-bidi-font-style: normal;">besteirol</i>, quero a integridade dos
momentos e neles me <i style="mso-bidi-font-style: normal;">ilimitar.</i><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Vivenciar os momentos, sem ao menos degustar
as horas em que eles são gastos, é desperdiçar o tempo e não senti-lo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tudo já está inevitavelmente decidido,
talvez, porque o espaço para a loucura e devaneios esteja curto demais.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Tenho que passar pelas chamas, sem virar
cinzas.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O quê?<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>O quês?<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>De onde vem tantos por quês?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A “intesão” de não ser e não ter é terrível.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A eternidade em que se propagam as coisas é
desproporcional à intensidade em que a vida se consome.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>A “decadance” já se tornou habitual, tudo bem<u>
</u>Rola um jazz a mil (Billy Holiday), e a vida segue rolando, rodando e
rolando...Alguns dançam e a morbidez é sorvida “on the rocks”. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">“...Chega do lirismo comedido, tipo funcionário
público.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Estou farto do lirismo que não
seja libertação...”, bradava o poeta Manuel Bandeira.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não é preciso querer impressionar, já que
tudo se tornou tudo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Isso é o que não
quero...<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desejo...</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> <span style="mso-tab-count: 4;"> </span>Apenas Impressões...</span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> <span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: x-small;"> </span></span></span></i></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: small;"><b><span style="font-size: x-small;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: 13.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: xx-small;">Texto do poeta santanense Luis Carlos Bueno (1961-2001)</span></span></span></i></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<span style="font-size: small;"><b><span style="font-size: x-small;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="font-size: xx-small;">Imagem: "new", de Marlon Aseff, 2006.</span></span></i></span></b></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 70.9pt;">
<b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span style="font-size: 14.0pt; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"> </span></i></b></div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-27944623931007331102015-05-31T11:30:00.003-07:002015-05-31T11:36:09.605-07:001964: Romeu Figueiredo de Mello e a resistência possível<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNYFZiSwZ6vwOu5pBk9SSsLARMQ3SYf1umdUu001vXmBQ46xOob57FH9AXWLgo4h3TDgPIJYXuL5tT2hVquhFgWh5MackFXAEsKADydqeK3u-5bXwIK6xvzQFjESNULOZ2CatBWnvGVqk/s1600/romeu+ok.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="206" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgNYFZiSwZ6vwOu5pBk9SSsLARMQ3SYf1umdUu001vXmBQ46xOob57FH9AXWLgo4h3TDgPIJYXuL5tT2hVquhFgWh5MackFXAEsKADydqeK3u-5bXwIK6xvzQFjESNULOZ2CatBWnvGVqk/s320/romeu+ok.jpg" width="320" /></a></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" Name="Hyperlink"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A casa situada à rua <i>Dr. Anollés</i>
470, em Rivera, a menos de 300 metros do Parque Internacional, pertencia à família de
Romeu Figueiredo de Mello. Ali viviam sua esposa, a sogra, e dois filhos, Pedro
Antônio e Amilcar. Por seu envolvimento com o grupo brizolista de Santana do
Livramento e suas claras posições antiimperialistas, que ideologizavam as conversas
políticas de então, Romeu foi identificado como potencial subversivo e colocado
na lista negra dos que não podiam regressar a Santana do Livramento. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Com 43 anos incompletos em abril
de 1964, Romeu se estabeleceria definitivamente naquela casa, pertencente a sua
sogra, e dali só regressaria ao Brasil morto, vitimado por um ataque cardíaco,
menos de quatro anos depois. Pedro Antônio, o filho mais velho do casal, tinha
apenas oito anos quando o movimento militar aconteceu do outro lado da linha
divisória, mas em suas lembranças ficaram as marcas do autoritarismo e dos
pesados dias que passou a viver desde então. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Isso para mim foi um transtorno tremendo. Isso
desestruturou completamente a família. Tive um pai sem poder exercer a vida
profissional como a gente esperava que fosse. E acuado, quase que acuado né? [...]
ficamos sem grana. E no pátio da nossa casa em Rivera, a gente fez um pequeno
aviário, e daí que nós ganhávamos o dinheiro. Nós vivíamos do abate dos
frangos, dos <i style="mso-bidi-font-style: normal;">pollos</i> como se diz na
minha terra. E quando o pai vivo ainda, porque depois que o pai morreu nem
grana para comer a gente tinha. Os vizinhos nos ajudavam. Ele faleceu no dia 24
de maio de 1967. Infarto do miocárdio. <a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn1" name="_ednref1" style="mso-endnote-id: edn1;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[i]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Até o momento anterior ao estabelecimento do golpe
militar, Romeu Figueiredo de Mello exercia uma bem sucedida atividade
econômica, dividida entre um escritório de importação e exportação, que
mantinha no Palácio do Comércio, um centro comercial situado em frente ao
Parque Internacional, a administração de três unidades de processamento de
café, em Livramento, Rivera e Montevidéu, e os proveitos de uma propriedade
rural. Filho de uma família de médios proprietários de terra, na região da
Coxilha Negra, na linha de fronteira com o Uruguai, Romeu vivia como um típico
cidadão santanense de classe média. Nas lembranças de Pedro Antônio, o pai era
uma pessoa identificada com a região, filho de uma brasileira e um uruguaio de
Tacuarembó, que cresceu nos anos dourados da cidade, quando os cabarés e a vida
boêmia conferia um ar de metrópole àquela distante região da campanha. Nascido
em 21 de junho de 1921, Romeu viveu o apogeu dos cinemas e das reuniões
literárias na fronteira, gosto que passou aos filhos sempre que pôde. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Meu pai teve a infância no cinema Colombo, e os
filmes eram no cinema Colombo, e no Astral, ele ia muito no cinema Colombo e
tinha uma formação cultural muito grande de cinema. Ele era um cinéfilo. E a
formação literária dele foi influência da tia dele, Joaquina, irmã da minha vó,
que tinha todos os livros. Tinha Camões, uma biblioteca muito farta. E ele leu
quase todos os livros daquele tempo, e a gente herdou essa questão da
literatura. Então, era uma pessoa que lia muito, que ia ao cinema. Tanto é que
ele me dizia que o cinema era uma janela pro mundo. “Meu filho, tu tens que ir
ao cinema, porque o cinema é uma janela para o mundo”, ele me dizia. Era muito
culto, falava inglês, e lia muito.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn2" name="_ednref2" style="mso-endnote-id: edn2;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ii]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">A política só entraria na vida do boêmio depois da
segunda guerra mundial, quando se alistou como voluntário na FEB, e viveria
dias decisivos em sua formação, na Itália conflagrada. Quando acabou a guerra,
retornou com simpatias ao Partido Comunista Brasileiro e com sérias reservas a
posição norte-americana no mundo a partir de então. As posições nacionalistas o
fariam defender o Governo Jango e alinhar-se com as idéias de Leonel Brizola,
que viriam a marcá-lo na pequena comunidade fronteiriça. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">[...] foi a grande tomada de consciência me
parece, por que até então era um gurizão que foi pra guerra, e volta mais
maduro não tem dúvida, e aí começa a fase de militância política digamos assim,
porque depois de uma guerra a pessoa volta adulta. Nos 25, 26 anos. Ele foi
para a guerra com 24. [...] Ele não se dizia comunista, ele se dizia
nacionalista. A princípio ele era uma pessoa, eu nunca vi ele ir a um partido
político, militar e tal. A princípio ele era um homem de esquerda e
nacionalista. <a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn3" name="_ednref3" style="mso-endnote-id: edn3;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iii]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Perseverando Santana relembra do amigo Romeu como uma
figura “maravilhosa”, que gostava da boemia e que desde cedo se mostrou mais
afeito às posições revolucionárias do que a estratégia proposta pelo PCB.
Depois da guerra esteve na sede do partido em Santana, falando aos companheiros
sobre a realidade que encontrou na Europa, do encontro em Paris com o secretário
do PC francês, Maurice Thorez. Já na campanha de Índio Fuentes para a
prefeitura municipal, discordou do discurso proferido por Perseverando na Rádio
Cultura, de franco apoio ao candidato petebista. Já possuia fortes convicções
que a via democrática não iria se sustentar no país, e que o melhor seria o
enfrentamento.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A identificação aberta com um
nacionalismo de esquerda levaria Romeu Figueiredo de Mello definitivamente para
Rivera, perseguido abertamente pelo setor militar, que nem ao menos o deixava
voltar aos campos da família, em plena linha divisória. O escritório teve de
ser fechado e a sociedade que mantinha nos negócios de café sucumbiu. De um
momento a outro, a família se viu prisioneira de um sistema político que
reduziu as ambições do pai à sobrevivência do dia-a-dia. Pedro relembra do
momento em que o golpe militar chegou na roda das conversas familiares.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Nós já estávamos em Rivera. Eu lembro que era um
alvoroço tremendo dentro de casa. Eu tinha oito anos. Mas eu lembro que era um
alvoroço tremendo, não tem como esquecer aquilo.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Eu me lembro que meu pai chamava os gorilas,
os gorilas, os gorilas... e ele não pôde entrar mais em Livramento. Aí nós
ficamos ilhados em Rivera. Nós já morávamos em Rivera e não pudemos sair mais
de Rivera. Ele tinha as fábricas de café em Montevidéu, em Rivera e Livramento,
mas acabou tendo problemas com os sócios e acabou perdendo, quebrando. <a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn4" name="_ednref4" style="mso-endnote-id: edn4;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iv]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Na casa de Romeu aportariam muitos
dos refugiados de primeira hora, que tiveram de deixar o país sob pena de
prisão imediata. Nas lembranças de criança de Pedro Antônio, a casa paterna
surge como o local de solidariedade extrema, ofertada aos viajantes que
procuravam abrigo naqueles primeiros dias do golpe militar. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Pouco menos de um ano depois, por
ali passariam o coronel Jefferson Cardim, Albery Vieira dos Santos e o
comerciante de São Sepé, Alcyndor Aires, que deflagrariam a chamada “Guerrilha
de Três Passos”, o levante frustrado que marcaria a única tentativa concreta do
grupo exilado em Montevidéu de desestabilizar a ditadura instalada. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">[...] como nós já morávamos lá, digamos que nós
fôssemos os melhores estruturados, logo que se deu a revolução. Já tinha a casa
da minha mãe, já tinha uma bela duma casa que a gente tinha ali. E por ser essa
casa muita bem estruturada, serviu como porta de entrada para muita gente no
Uruguai, para o exílio uruguaio. Muitas pessoas passavam por ali, eu digo que
quase todas as pessoas passavam por ali. De uma maneira ou de outra meu pai
interferia, ou era consultado, como melhor colocá-las dentro do Uruguai. O meu pai
era a pessoa que recebia no Brasil e colocava dentro do Uruguai. (...) era
insólito. Não tinha hora, chegavam de manhã, de tarde, de madrugada. Umas
figuras diferentes, homens quase todos, e ficavam conversando na sala, era um
mistério. E a gente queria ficar participando das conversas e acabava
participando no final. Muitas pessoas dormiram no meu quarto. Eu me lembro do
sargento Alberi dormindo no meu quarto, o Jefferson Osório...Doutor Benvenuto,
o Oscar Fontoura Chaves, o professor Chaves - que é outro, seu Valdemar, e
muitas pessoas que eu nem lembro mais o nome.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn5" name="_ednref5" style="mso-endnote-id: edn5;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[v]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"></span><span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;"> No restrito mundo dos exilados em Rivera, as relações
entre os grupos eram inevitáveis, muito embora houvesse simpatias bem definidas
pelas posições de Jango ou Brizola. É nesse ponto que entra na conexão da casa
dos Mello o policial civil Oscar Fontoura Chaves, ambos ligados por uma amizade
em comum com Jefferson Osório e o grupo de Três Passos. Depois de deixar a casa
dos Mello em Rivera, na manhã do dia 20 de março de 1965, o grupo insurgente vindo
de Montevidéu, comandado por Jefferson Cardim Osório dirigiu-se a São Sepé, aonde
iria contactar Oscar Fontoura Chaves para uma adesão à causa. </span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Colaborador do governo Jango, o qual esteve servindo
pouco antes do golpe em Brasília, Oscar Chaves absteve-se em participar
diretamente do plano de Cardim e Alberi, mas seu encontro com os rebeldes seria
marcado pela repressão. </span><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%;">Nas
lembranças de América Ineu Xavier, viúva do policial, a visita do grupo na
tentativa de arregimentar seu marido para a guerrilha foi definitiva para a sua
prisão, poucos dias depois:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
[...] aí<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"> veio aquela coisa que houve lá, uma
guerrilha. Em Santa Catarina né? ou lá na divisa com o Paraguai...Aí houve a
formação de uma guerrilha, do Coronel Jeferson...uma coisa louca, e o cara esse,
da guerrilha, segundo...ele teria passado lá e teria convidado ele pra ir e ele
se recusou. Disse que não , que era uma coisa que não era organizada, tal e
coisa e que ele não iria. Segundo né? Eu não sei, é o que contam. Aí esse cara
foi preso, foram diversos, um tal de Alberi, foram diversos presos...e aí nos
depoimentos eles teriam dito que teriam convidado ele. Tá, eles prenderam ele
porque disseram que ele devia denunciar. Aí ele foi preso de novo, aí em São
Gabriel.Ele foi preso em São Sepé e levaram ele para São Gabriel, que tinha
quartel. Ele ficou lá abril, maio, junho, julho e agosto. E em agosto ele
fugiu. E nem eu bem sei, foi um horror aquilo!<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn6" name="_ednref6" style="mso-endnote-id: edn6;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vi]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Naquele momento, Montevidéu já contava com mais de dois
mil exilados brasileiros e a cada dia passavam pela fronteira novos clandestinos.
A repressão que a ação mal-sucedida de Três Passos desencadeou em todo o Estado
iria redirecionar os destinos de muitas famílias para o caminho da fronteira.
Oscar Fontoura Chaves foi preso e levado ao 9º Regimento de Cavalaria de São
Gabriel, para interrogatório. O advogado Índio Vargas, natural de São Sepé,
engajado posteriormente no movimento de insurreição, lembra que a população
local já não suportava o trauma causado por constantes interrogatórios a que
era submetida por militares oriundos de São Gabriel, Bagé e Santa Maria.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn7" name="_ednref7" style="mso-endnote-id: edn7;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vii]</span></span></span></span></a>
Oscar Fontoura Chaves também experimentou a prisão e o interrogatório nos
primeiros dias do golpe, porém logo foi liberado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Desta segunda vez, no entanto, seria severamente
torturado como cúmplice de Jefferson Cardim Osório. Menos de cinco meses
depois, Oscar Chaves conseguiu cerrar</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">as grades da cela em que o mantinham no quartel e empreendeu assim uma fuga
escondendo-se de dia nos matagais da região e deslocando-se à noite. Conhecedor
da região, onde atuava no combate ao contrabando de gado, ao lado do delegado
Acílio Pereira da Cruz, que mais tarde seria o chefe da 12ª região policial em
Santana do Livramento, conseguiu driblar as forças do exército. Auxiliado por
camponeses, Oscar chegou a Rivera, no final de 1965, onde pediu asilo político
na Chefatura de Polícia. Antes, porém foi recebido na casa de Romeu Figueiredo
de Mello. Pedro Antônio recorda do estado crítico que o policial chegou em sua
casa, vomitando e urinando sangue, devido às torturas a que foi submetido. Para
dormir, Oscar Chaves tinha de ser hipnotizado pelo doutor Adalberto Benvenutto,
médico de São Borja, exilado na fronteira com a família desde os primeiros
momentos do golpe, e que prestava serviços de toda ordem, desde que envolvesse
a saúde da comunidade de refugiados. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Pelos olhos de uma criança, curiosos com os
acontecimentos que a cada dia movimentavam o ambiente doméstico, ficaram
marcadas as lembranças de solidariedade da família e as condições de extrema
penúria com que chegavam os fugitivos da nova ordem, como a família Penalvo,
que depois viria a administrar a fazenda de João Goulart, em Tacuarembó.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Eu lembro da chegada do doutor Oscar. Lembro
mesmo, ele era um cara forte, grande. Bem, eu era uma criança de 11 anos, mas
ele parecia um gigante. Era um homem encorpado, já grisalho[...]Eu lembro que
chegou muito nervoso, não conseguia dormir, e expelia sangue pelas feses, pela
urina...Lembro como se fosse hoje também, a minha vó cedeu o quarto dela e o
doutor Oscar dormia ali. Era o único digamos que não dormiu no quarto meu e do
meu irmão, que dormiu fora. Tinha o quarto meu e do meu irmão, e uma terceira
cama, por onde passavam as figuras. Normalmente tinha uma cama "de
varde" como se diz na minha terra e normalmente tinha um dormindo na cama.
E aquele quarto da minha vó foi cedido...e era pro doutor Oscar poder
dormir...eu me lembro do doutor Benvenutto hipnotizando ele, para poder
dormir....E devagarinho ele foi revelando como é que foi a fuga dele. E eu me lembro
que ele revelou que foi a esposa dele que alcançou uma lima dentro de um pão,
ou algo assim. E com essa lima ele conseguiu fugir da cadeia. É, isso eu
lembro. E passou alguns dias lá em casa e depois foi para uma pensão. Lembro
também da chegada do Perci Penalvo e da Celeste, Dona Celeste. Com uma filha no
colo, um frio danado, não tinha nem cobertor, eu me lembro que a minha mãe foi
lá e deu um cobertor pra ele, e eles ficaram um dia ou dois e depois foram
embora. <a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn8" name="_ednref8" style="mso-endnote-id: edn8;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[viii]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT;"><span style="mso-spacerun: yes;">
</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A rotina de abrigo aos recém chegados
consistia em proporcionar um descanso por dois ou três dias, com comida, banho,
e a convivência da família, até uma gradual readaptação a nova situação. Muitos
seguiam viagem para Montevidéu, depois de</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">assegurados passes especiais. Os que
ficavam na fronteira eram encaminhados para uma pensão, próxima ao Colégio das
Freiras, nos arredores das ruas Ituizangó, Figueroa e Faustino Carâmbula. Nessa
pensão estava hospedado Oscar Fontoura Chaves, poucas semanas depois de ter
chegado à fronteira, tratando de reintegrar-se a nova situação. É então seqüestrado
por uma força policial uruguaia, que o leva para Tranqueras e logo após para a
cidade fronteiriça de Artigas, com o propósito de o devolverem às forças
militares brasileiras, que reclamava pelo fugitivo instalado em Rivera.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Oscar Chaves não seria devolvido à ditadura
brasileira graças à intervenção do advogado Adán René Fajardo, uma figura
humanista e defensor dos exilados, filiado a lista 99, do Partido Colorado, e
que teve ampla atuação em casos semelhantes durante os anos da ditadura
brasileira e, depois, na confluência de ambas as ditaduras, a partir de 1973.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn9" name="_ednref9" style="mso-endnote-id: edn9;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ix]</span></span></span></span></a>
No ambiente tenso do exílio, “desgastante e verdadeiro devorador de homens”,
nas palavras de Paulo Schilling, Pedro Antônio recorda das inúmeras discussões
em que seu pai e seus companheiros mantinham, onde não faltavam elementos de
traição e de ressentimento com a liderança de Jango e Brizola, que viviam sob
uma condição monetária estável, enquanto muitos correligionários e suas
famílias passavam enormes dificuldades para sobreviver no escasso mercado de
fronteira, em particular de Rivera, com menos de 50 mil habitantes e uma
economia atrelada ao setor de serviços e governamental. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Na difícil sobrevivência do
exilio, as mágoas permeavam os distintos grupos afetados pelo golpe. “Eu lembro
de muitas conversas de traição, eu lembro que se falava muito em traição. Quem
traiu o quê eu não sei, mas lembro que se falava muito em traição. Alguém
dedurou, alguém falou. Quem foi? Eu lembro que era a grande incógnita, quem
traiu quem”.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn10" name="_ednref10" style="mso-endnote-id: edn10;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[x]</span></span></span></span></a> Uma
grande parcela dessas discussões referia-se ao destino dos recursos que
Brizola, Jango e Darcy Ribeiro teriam recebido de Cuba, um total de um milhão
de dólares, enviados em duas vezes, destinados a prover a insurreição e amainar
as dificuldades por que passavam os exilados. Como o dinheiro nunca chegou ao
grupo da fronteira, se acenderam os ressentimentos. José Wilson da Silva
descreve a vida dos exilados em Montevidéu como uma sucessão de dificuldades, parte
devido ao paternalismo das lideranças, que “davam o pão, mas não ensinavam a
plantar o trigo”, e parte devido à falta de iniciativas dos próprios
refugiados, que muitas vezes não demonstravam aptidão para mudar de vida,
esperando das lideranças a eterna ajuda. Em 1966, o ponto central da discórdia
entre o grupo ligado a Romeu Figueiredo de Mello, em Rivera, girava em torno do
mau uso dos dólares supostamente enviados por Fidel Castro. José Wilson vivia
em Montevidéu e dá a sua versão para a controvertida questão:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Que eu saiba, o primeiro contato feito com Cuba
foi através do deputado uruguaio Ariel Collazo, levando nossa disposição de uma
retomada da democracia no Brasil.(...) Fidel enviou, a título de ajuda,
quinhentos mil dólares. Desta importância, segundo um relatório de Brizola para
nós, um terço teria ficado com Jango, pois a este estavam ligados vários
exilados necessitados. Outro terço teria ficado com Darcy Ribeiro, por questões
de segurança e que também tinha parte de responsabilidade. O outro terço teria
ficado com Brizola. Lembro-me que ele, Brizola, ficou muito aborrecido porque
as ações mais positivas estavam sendo feitas pela nossa gente e ficamos desse
modo com relativamente pouco dinheiro. Parte dessa importância foi gasta com
elementos no exílio, parte com a assistência a companheiros no Brasil em
situações críticas, como presos com a família sem recursos, etc., e parte com
os nossos homens-correios para a implantação já de esquemas de trabalho, aliás,
tudo em função de um plano de ação armada. Dado o número de pessoas em
dificuldades pela desarticulação da sociedade, em especial gente humilde, que
eram as bases trabalhistas ou de esquerda, isto não era mais do que uma gota
d’água num oceano de necessidades. <a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn11" name="_ednref11" style="mso-endnote-id: edn11;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xi]</span></span></span></span></a>
<span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">A falta de apoio financeiro de
Jango ou do grupo brizolista, em Montevidéu, afetava a todos os que estavam
ancorados em Rivera. Ali viviam companheiros que exerciam importantes funções
de pombo-correio, ou de passagem de companheiros de um lado a outro da
fronteira. Por isso a falta de uma assistência centralizada gerava notórios
ressentimentos. Mas entre o grupo que gravitava em torno de Romeu Figueiredo de
Mello, um detalhe deixou a questão muito mais explosiva. Parte do dinheiro,
destinado a João Goulart, teria passado pela casa de Romeu, transportado por
ninguém menos que o braço armado de Fidel na América Latina, Ernesto Che
Guevara! Hoje seria quase impossível provar essa hipótese sem o cruzamento de
relatos orais, que não foram obtidos por esta pesquisa, salvo um: o depoimento
da viúva de Romeu Figueiredo de Mello a seu filho. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">Minha mãe lembra que teve um contato com o Che nas
escadarias de minha casa, acompanhado de mais dois homens vestidos de
religiosos franciscanos. Eles estariam indo a fazenda de Jango, em Tacuarembó,
por entre os corredores de campo, que eram seguros e impossíveis da polícia detectar.
Traziam o dinheiro, segundo meu pai disse. E passou pela minha casa. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Minha mãe se recorda de ter visto ele, de
relance, ele sorriu para ela. Eu me lembro do meu pai dizendo que eles estavam
em um corredor, não sei onde, os franciscanos esses, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">y la plata</i>. <a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn12" name="_ednref12" style="mso-endnote-id: edn12;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xii]</span></span></span></span></a></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Por mais fantasiosa que a versão
possa parecer em um primeiro olhar, dados biográficos de Guevara colhidos pelo
jornalista argentino Hugo Gambini apontam para sua estadia no Uruguai justamente
no ano de 1966, onde teria chegado disfarçado de frei dominicano! Dali partiria
para sua última missão, na Bolívia. Fontes ligadas a João Goulart não endossam
a versão oficialmente, embora reconheçam o fato em privado. Assim, ligando as
pontas desse quebra-cabeça é possível vislumbrar a imagem de Ernesto Che
Guevara em pleno Parque Internacional, na fronteira de Santana do Livramento e
Rivera, onde a poucos metros adentro do território uruguaio iria se valer do
traçado ensinado por Romeu Figueiredo de Mello para percorrer os corredores de
campanha e chegar até a estância El Rincón, de João Goulart, distante 66
quilômetros da cidade de Tacuarembó. Hugo Gambini, biógrafo de Guevara, credita
certo exagero nas versões que corriam sobre o paradeiro do guerrilheiro
naqueles dias, mas não se exime de anotar:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;"><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;">El
5 de agosto de 1966 la Cancillería del Paraguay dijo haber ordenado “una
vigilancia especial en el limite con Brasil, debido a que Guevara ha sido visto
en Baribao, a escassos kilômetros de la frontera paraguaya”. Las versiones
confidenciales, demasiadas exageradas, sostenían que El Che cirulaba disfrazado
de hermano dominico, con el nombre de Fray Hernando Juan de los Santos(...) <a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn13" name="_ednref13" style="mso-endnote-id: edn13;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiii]</span></b></span></span></span></a></span></i><span lang="PT" style="mso-ansi-language: PT;"></span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-left: 2.0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;">Da</span><span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;"> estadia de Ernesto
Guevara no Uruguai, nos primeiros meses de 1966 não restam mais dúvidas, apenas
divergem as versões sobre a maneira de como teria chegado à Bolívia, vindo do
Uruguai. Também é interessante notar a aproximação de Che Guevara com o grupo
Tupamaro, já estabelecido como partido político revolucionário, e que manteve
estreito contato com o cubano, mesmo sem compartilhar das táticas de guerrilha
defendidas por Che<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn14" name="_ednref14" style="mso-endnote-id: edn14;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span lang="PT" style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 12.0pt; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiv]</span></span></span></span></a>.
Sérgio Israel, jornalista do semanário uruguaio Brecha, reuniu algumas das
versões sobre a estadia do guerrilheiro no Uruguai, sob proteção do Partido
Comunista Uruguaio, que mesmo não estando afinado com a proposta de guerrilha
rural e o foquismo, defendido por Che, o colocou sob a proteção de seu aparato
militar. O então deputado comunista Ariel Collazo, o mesmo que proporcionou a
aproximação do grupo janguista exilado em Montevidéu com Fidel Castro, levanta
a hipótese de que Guevara usara um campo de aviação em Taquarembó quando partiu
para a Bolívia, em setembro daquele ano. Conforme o relato de Israel:</span></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: .0001pt; margin-bottom: 0cm; margin-left: 2.0cm; margin-right: 2.45pt; margin-top: 0cm; text-align: justify;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">La versión difundida una década después de
la muerte del guerrillero, en plena dictadura, por la inteligencia militar
uruguaya, también confirma que el Che estuvo aquí, y agrega que los documentos
que usó para arribar a Bolivia fueron robados del Ministerio de Relaciones
Exteriores uruguayo, que en esa época era el emisor de pasaportes. Jaime Pérez,
sucesor de Arismendi al frente del pcu, escribió en sus memorias que se enteró
de la estadía del Che una vez que éste se había ido, pero también confirmó que
"el Che salió de Montevideo y de aquí fue para Bolivia y mientras estuvo
en Montevideo fue bajo protección del partido".<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>El ex diputado Ariel Collazo explicó a su vez
a Brecha que aunque Arismendi nunca se lo confirmó, también tuvo la información
de que el Che estuvo en Uruguay apoyado por el pcu. Collazo, que en ese tiempo
como dirigente del Movimiento Revolucionario Oriental (Mro) era muy apreciado
en Cuba, obtuvo la versión de que el Che llegó a Bolivia en un vuelo
clandestino que salió desde Tacuarembó.<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn15" name="_ednref15" style="mso-endnote-id: edn15;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xv]</span></b></span></span></span></a></i></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; margin-left: 1.0cm; text-align: justify; text-indent: 1.0cm;">
<span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT;">Do episódio restam algumas indagações. Seria o campo de
aviação de Jango, para quem supostamente o guerrilheiro havia levado o
dinheiro? De outra maneira, porque rumaria para a cidade de Taquarembó para
alçar-se a sua empreitada boliviana?<span style="mso-spacerun: yes;">
</span>Outro fato que coloca uma nova indagação nessa equação ainda por
resolver foram as constantes declarações do piloto de avião conhecido por
Ribeiro, que prestava serviços ao presidente deposto. De acordo com Vladecir
Fagundes, filho de um militante comunista muito ligado a Goulart, Ribeiro
apregoava aos quatro cantos em Rivera que teria transportado Guevara em uma
missão secreta. Naquele momento, era comum os pilotos realizarem a rota
Brasil-Paraguai-Uruguai, sempre com transporte de cigarros e uísque
contrabandeados. A exemplo da morte de Jango, cujas suspeitas de assassinato
tornam-se cada vez mais evidentes, Ribeiro morreria subitamente, de um ataque
cardíaco, no barco que faz a travessia de Buenos Aires para Montevidéu, anos
depois. Ribeiro iria depor em um inquérito que apurava roubos de documentos e
de propriedades do ex-presidente. Outra informação que merece ser considerada é
afirmação de Avelino Capitani, marinheiro e guerrilheiro do foco de Caparaó,
que sustenta que a viagem de Che a Bolívia teria acontecido a partir do Uruguai
e sob a companhia do coronel Dagoberto Rodrigues, homem de confiança de Jango e
na linha de frente do MNR naquele momento. A estadia de Guevara no Uruguai em
novembro de 1966 também coincide com a articulação do foco guerrilheiro de Caparaó
e a organização de outros focos em Mato Grosso e na linha fronteiriça.</span><b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><span lang="PT" style="font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT; mso-bidi-font-size: 10.0pt;"></span></b></div>
<div style="mso-element: endnote-list;">
<br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="edn1" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref1" name="_edn1" style="mso-endnote-id: edn1;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[i]</span></span></span></span></a>
MELLO, Pedro Antônio Dávila de. Engenheiro. Entrevista concedida ao autor em
12/10/2006.</div>
</div>
<div id="edn2" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref2" name="_edn2" style="mso-endnote-id: edn2;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ii]</span></span></span></span></a>
Ibidem.</div>
</div>
<div id="edn3" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref3" name="_edn3" style="mso-endnote-id: edn3;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iii]</span></span></span></span></a>
Idem.</div>
</div>
<div id="edn4" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref4" name="_edn4" style="mso-endnote-id: edn4;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[iv]</span></span></span></span></a>
Ibidem. </div>
</div>
<div id="edn5" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref5" name="_edn5" style="mso-endnote-id: edn5;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[v]</span></span></span></span></a>
Idem.</div>
</div>
<div id="edn6" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref6" name="_edn6" style="mso-endnote-id: edn6;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vi]</span></span></span></span></a>
XAVIER, América Ineu. Dona de casa. Depoimento concedido ao autor em
22/12/2006.</div>
</div>
<div id="edn7" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref7" name="_edn7" style="mso-endnote-id: edn7;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[vii]</span></span></span></span></a>
VARGAS, Índio. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">Guerra é guerra, dizia o
torturador</b>. Rio de Janeiro. Codecri. 1981. p.17.</div>
</div>
<div id="edn8" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref8" name="_edn8" style="mso-endnote-id: edn8;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[viii]</span></span></span></span></a>
MELLO, Pedro Antônio de. Entrevista Citada.</div>
</div>
<div id="edn9" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref9" name="_edn9" style="mso-endnote-id: edn9;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[ix]</span></span></span></span></a> A
atuação de Adán René Fajardo na defesa dos exilados será melhor explicitada no
terceiro capítulo. </div>
</div>
<div id="edn10" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref10" name="_edn10" style="mso-endnote-id: edn10;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[x]</span></span></span></span></a>
MELLO, Pedro Antônio de. Entrevista Citada</div>
</div>
<div id="edn11" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref11" name="_edn11" style="mso-endnote-id: edn11;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xi]</span></span></span></span></a>
SILVA, José Wilson da. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;">O Tenente
Vermelho</b>. Op. Cit., p. 202.</div>
</div>
<div id="edn12" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref12" name="_edn12" style="mso-endnote-id: edn12;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xii]</span></span></span></span></a>
MELLO, Pedro Antônio de. Entrevista Citada.</div>
</div>
<div id="edn13" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref13" name="_edn13" style="mso-endnote-id: edn13;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiii]</span></span></span></span></a>
GAMBINI, Hugo. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">El Che Guevara: la biografia</i></b>. Buenos Aires. Booket, 2006. p.
300.</div>
</div>
<div id="edn14" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref14" name="_edn14" style="mso-endnote-id: edn14;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xiv]</span></span></span></span></a>
Os jornalistas Antônio Mercader e Jorge de Vera vão mais além nessa questão, e
afirmam que o disfarce com que Guevara chegou na Bolívia, o de um senhor calvo
sob o nome Adolfo de Mena, teria sido forjado pelo grupo Tupamaro, em apoio
moral ao combatente, mesmo sem a adesão à causa da guerrilha na Bolívia. In: <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Tupamaros, Estrategia Y Accion</i>. <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Revista
Siete Dias</i></b> <b style="mso-bidi-font-weight: normal;"><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ilustrados</i></b>. Junio 1969.</div>
</div>
<div id="edn15" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText" style="text-align: justify;">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref15" name="_edn15" style="mso-endnote-id: edn15;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 10.0pt; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-language: AR-SA; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">[xv]</span></span></span></span></a>
Pasage clandestino y discusiones sobre estratégica y táctica. Huellas
Orientales del Che. Sergio Israel. In: <a href="http://www.brecha.com.uy/">www.brecha.com.uy</a>.
Acessado em 09/12/2007. </div>
</div>
</div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-75161126709023346232014-12-19T09:08:00.001-08:002014-12-19T10:42:43.902-08:00Sobre história e novos eufemismos<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3TwsiROJ_bxozuyO1bVWySbwPJlYiqOH5yTqVXP1LR8j4gs2sIC2KGQXfuNxq5sJ_NFly8Rm6w731_cTlxkvvvWsikMzBFlkpWizokivElHsbD3YFbAkpSRgYOkY6hZS4Ch2LM6xCzRw/s1600/bbb.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3TwsiROJ_bxozuyO1bVWySbwPJlYiqOH5yTqVXP1LR8j4gs2sIC2KGQXfuNxq5sJ_NFly8Rm6w731_cTlxkvvvWsikMzBFlkpWizokivElHsbD3YFbAkpSRgYOkY6hZS4Ch2LM6xCzRw/s1600/bbb.jpg" height="224" width="320" /></a></div>
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">A partir da divulgação do
relatório final da </span>Comissão Nacional da Verdade – CNV, sobre os crimes
praticados pelo o Estado brasileiro durante a ditadura, e sua posterior
repercussão na grande imprensa aqui no Brasil, fiz algumas reflexões:
infelizmente, como a memória histórica e social ainda é um problema sério que
temos que resolver. Ela simplesmente é apagada ou omitida da maioria do povo
brasileiro. E de alguma forma precisamos tentar entender como isso é feito.</span><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Historicamente, é notório
que o Brasil é um país sem referências, elas são apagadas da memória coletiva por
ação regular do estado, que começa a fazer isso de forma processual a partir do
Século XX, com o apoio da mídia controlada pelas oligarquias políticas. Cito a Abolição
em que a população negra foi jogada ao relento; a proclamação da República, um
acordo construído a partir de acordos oligárquicos em represália à própria
Abolição; a Guerra de Canudos aonde se negava a revolta da miséria brasileira
com extermínio de quem bradava contra isso: o povo; a revolta do Contestado; Revolta
da Chibata contra os maus-tratos medievais denunciados por Antônio Cândido
contra o baixo oficialato da Marinha; greves de trabalhadores anarquistas que
eram imigrantes italianos, espanhóis e portugueses no Rio e em São Paulo<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>em tecelagens e tantos outros episódios da
história brasileira esquecidos propositalmente. Isso é controle social.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Desta forma, é sim possível demonstrar como a
nossa elite faz uma verdadeira “lobotomia” e apaga tudo. E esse processo se repete
mais uma vez após a divulgação deste relatório. De imediato houve uma
orquestração midiática para a uma ‘eufemização’ dos sanguinários atos da
ditadura civil militar iniciada em primeiro de abril de 1964.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Percebo que essa é uma
pratica habitual em nossa sociedade. Dou mais um exemplo, a partir do que
acontece aqui no Rio de Janeiro. Antes mesmo da implantação das UPPs essa
‘lobotomia’ já acontecia de forma que é muito intensa no viés cultural e
religioso, nas favelas e morros cariocas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Hoje em dia, o samba aqui é agora restrito a
uma classe mais abastada em áreas como Botafogo e alguns pontos restritos do
Centro e Zona Norte Carioca. Aquele “samba da favela e do morro” acabou. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Imaginemos a figura do malandro que saía de
sua sessão de Umbanda ou Candomblé na parte da manhã, que ia para o bar batucar
na sua caixinha de fósforo em plena alvorada do dia, como cantava Cartola em
seus versos. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Ali ele compunha sua obra
musical depois de se cuidar espiritualmente, e bebia uma cerveja naquela
birosca. Ali mesmo criava e pensava um samba com referência naquele batuque
africano, como também com maestria faziam Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, entre
outros gênios da música.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Hoje, praticamente, acabou
essa figura que frequentava os terreiros nessas “Pequenas Áfricas” como costuma
dizer o pesquisador Luiz Antônio Simas. <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Nesses
recantos, agora em maioria, só existem igrejas evangélicas. Assim, os cultos
afro-brasileiros foram aos poucos sendo expulsos destas áreas, pelo tráfico,
que se associou com essas igrejas, gerando um processo que elimina aos poucos
essa ponte com a história da nossa ancestralidade africana, essa referência com
o passado. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Notem que esse processo de
‘lobotomia’ é práxis em nossa sociedade. Ela derruba nossas pontes com as memórias
históricas e sociais do Brasil. Essa pode sim ser considerada uma razão para a
nossa falta de memória. E é o que querem fazer com o relatório final da
Comissão Nacional da Verdade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Arial","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Por André Lobão – jornalista
e escritor</span></div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-29628468697868614212014-11-24T09:12:00.001-08:002014-11-24T09:14:46.565-08:00Sob as cinzas de Cruz e Sousa<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGaBGDpbSvvBIbioInTV_qaajtyCh1fVElmARyCfiepUDf9jSWzM8HIqVbcuesZKiMkEFJmuxEqFPSMox3YjTrHX3QYJ_eCVE5aiteFn-olfNrhBcVK3I6mMai1VdQXtM5y4SbPsb__BE/s1600/Joel+Zito.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGaBGDpbSvvBIbioInTV_qaajtyCh1fVElmARyCfiepUDf9jSWzM8HIqVbcuesZKiMkEFJmuxEqFPSMox3YjTrHX3QYJ_eCVE5aiteFn-olfNrhBcVK3I6mMai1VdQXtM5y4SbPsb__BE/s1600/Joel+Zito.jpg" height="266" width="400" /></a></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">O cineasta Joel Zito
Araújo é um dos mais ativos produtores de conteúdo audiovisual sobre as
relações raciais na sociedade brasileira. Autor de documentários de referência como
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">São Paulo abraça Mandela</i> (1991<i style="mso-bidi-font-style: normal;">), Retrato em preto e branco</i> (1993), <i style="mso-bidi-font-style: normal;">Ondas brancas nas pupilas pretas</i> (1995)
e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A exceção e a regra</i> (1997), venceu
o festival <i style="mso-bidi-font-style: normal;">É Tudo Verdade</i>, em 2001,
com <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A negação do Brasil</i>, onde aborda
o papel conferido aos atores negros na teledramaturgia brasileira, dos anos 50
até hoje. Seu primeiro longa, <i style="mso-bidi-font-style: normal;">As Filhas
do Vento</i>, ganhou o 32º Festival de Gramado e recebeu críticas positivas no <i style="mso-bidi-font-style: normal;">The New York Times</i>, após a première mundial,
em Nova Iorque, onde participou a convite do Museu de Arte Moderna (MoMA). O
currículo invejável, no entanto, não afastou Joel Zito da militância diária e
da defesa dos valores democráticos e inclusivos na sociedade <span style="mso-spacerun: yes;"> </span>brasileira. Quis o destino que no dia 20 de
Novembro, quando se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, Joel Zito
estivesse no Museu Cruz e Sousa, em Florianópolis, para participar de uma série
de eventos alusivos a data, mas que foram cancelados pelo Governo do Estado no
último momento. A seguir, publicamos a primeira parte de uma entrevista com o
cineasta, realizada nos jardins do Palácio, a poucos metros dos restos mortais
do poeta simbolista Cruz e Sousa.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">JM - Você esteve ontem
na Universidade Federal de Santa Catarina, apresentando <i style="mso-bidi-font-style: normal;">A negação do Brasil</i> e debatendo com estudantes. Hoje, no Dia da
Consciência Negra, depara-se com um revés na programação do evento, e pouquíssima
divulgação da data entre os órgãos de imprensa da capital. A que atribui a
escassa importância conferida a uma data tão significativa ?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Joel Zito Araújo – Eu
quero crer que é irresponsabilidade mesmo. A melhor hipótese, e a mais otimista
das hipóteses para avaliar isso seria a irresponsabilidade.<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>Não só a imprensa, como o cancelamento dos
eventos pelo governo do estado, é sintomático. Eu poderia relevar isso seu eu
não soubesse que na Universidade de Santa Catarina existem grupos neonazistas
cada vez mais ativos, em cursos importantes como medicina. E não só entre
alunos, mas com professor também. Eu relevaria isso se eu não soubesse que no
interior do estado tem cidade que comemora o nascimento do Hitler. Eu relevaria
isso se eu não soubesse que Santa Catarina é o estado que<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>mais baixa conteúdos neonazistas na internet.
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Mas essa é a realidade.
Então porque que o governo do estado, porque que a prefeitura, porque a mídia
local<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>não entende que a importância de
comemorar um dia da consciência negra significa incluir Santa Catarina no
Brasil, incluir em um país onde os afrodescendentes são 52% da população. Há
que se entender isso tendo em vista que nas últimas eleições surgiu uma direita
retrógrada, propondo a separação do Brasil do norte e do sul. Por isso eu quero
crer que isso é apenas irresponsabilidade, que não existe por trás disso uma
intencionalidade perversa. Como sou um cara otimista eu aposto que é apenas
irresponsabilidade, imaturidade do governo municipal e estadual, da mídia
local, diante de uma questão grave que estamos vivendo. Porque, de fato, eles
estão alimentando no sul, na população de Santa Catarina, que é de maioria branca,
uma arrogância racista de superioridade. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Ao invés de alimentar um orgulho de
participar de um país que é da diversidade, composto por negros, índios,
brancos de Portugal, brancos da Alemanha, brancos da França, de vários locais
da europa, asiáticos. Então, ao invés de alimentar esse orgulho e fazer com
que no futuro a gente seja um exemplo de democracia racial, com esse tipo de
irresponsabilidade eles estão fomentando uma separação, no ódio, fomentando na
população de Santa Catarina uma sensação de ser superior ao resto do Brasil e
não integrada ao resto do Brasil. Então eu assisto tudo isso com uma sensação
muito ruim e com muita gravidade.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">JM - Você poderia
destacar quais foram os grandes momentos de empoderamento da população negra no
Brasil e como vivemos hoje a condição de inclusão social dessa população? <span style="mso-spacerun: yes;"> </span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Joel Zito Araújo - A
população negra, através de seus líderes, de seus intelectuais, de seus
artistas, tiveram momentos históricos, digamos, de pico, de afirmação, no
Brasil. Um momento histórico que agora estamos comemorando é a resistência, por
volta de um século, do Quilombo de Palmares, por Zumbi. Isso nos séculos 16 e
17. Depois nós tivemos outro movimento nacional, de muita magnitude, que foi o
movimento abolicionista. Entre as grandes lideranças, destaca-se José do
Patrocínio. Um negro nascido na cidade de Campos do Goytacazes, jornalista, mas
que junto com ele tinha outro negro, o André Rebouças. Os irmãos Rebouças, os
engenheiros irmãos Rebouças. Muita gente não sabe que os túneis Rebouças do Rio
e de São Paulo são homenagens a esses engenheiros negros, que eram engenheiros
de ponta naquela época, com cursos na Europa. Então o movimento abolicionista
teve essas grandes lideranças.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Depois, nos anos 30,
você vai ter um novo grande pico, que foi a Frente Negra Brasileira, que surgiu
em São Paulo, mas se espalhou pelo país inteiro, e que formou um partido negro.
Um partido de curta existência porque o Getúlio Vargas proibiu a existência.</span><span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;"> Por fim, nós tivemos
esse novo movimento, que nós vivemos até hoje, que é o Movimento Negro
Unificado, que surgiu no final dos anos 70, e embora ele tenha se desarticulado
como movimento único, é responsável pelas conquistas recentes, como cotas,
terra para quilombos e tudo isso.</span>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">JM - Se compararmos a
experiência do movimento negro brasileiro com o norte americano é possível
traçar similaridades e divergências?</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Joel Zito Araújo – Temos
em comum o fato de que ambas as sociedades foram escravocratas, e sua riqueza
baseada na exploração do homem negro e da mulher negra. E sociedades que até
hoje vivem o drama de não terem adotado no período de abolição, medidas de ascensão
social do negro. Então essas duas sociedades vivem o problema da extrema
desigualdade entre negros e brancos. Só que a colonização norte-americana foi
de origem inglesa, puritana, protestante. Que não acreditava e não queria a miscigenação
entre negros e brancos. Então é uma sociedade muito apartada até hoje, que não
acredita nessa possibilidade. E a dureza do apartheid norte-americano provocou um
movimento mais contundente do que o movimento brasileiro. Isso fez com que nos
anos 50 surgisse o movimento de direitos civis, que tem início no ato simbólico
daquela senhora, Rosa Parks, de se negar a sentar em um lugar segregado no
ônibus, e que teve o Martin Luther King, como a primeira grande liderança. Mas
depois veio o Malcom X, os Panteras Negras, entre outros. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Em minha opinião
esse profundo apartheid provocou conquistas muito mais rápidas do que no
Brasil. Os negros norte-americanos são 15% da população, mas se você olhar a
televisão e o cinema norte-americano você tem a impressão de que os Estados
Unidos tem os 52% de população negra brasileira, e se você olhar a televisão e
o cinema brasileiro parece que nós é que temos os 15% deles. Aqui a estratégia
de miscigenação como estratégia de poder desarticulou o movimento negro. E
provoca numa parcela ainda grande da população negra a baixa autoestima por ser
negro, ou um desejo de branqueamento, o que desarticula as conquistas sociais. Apesar
disso, nós temos cada vez mais conquistas. </span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Times New Roman","serif"; font-size: 14.0pt; line-height: 115%;">Eu acho que a maior conquista dos
últimos tempos foi quando nós começamos a adotar, por pressão do movimento
negro, as politicas afirmativas que beneficiaram não só os negros, mas a
população indígena e os brancos pobres também. As cotas são para escolas
públicas, portanto também beneficia o jovem branco pobre. Enfim, nós vivemos um
momento de conquistas, mas comparativo aos Estados Unidos eu diria que estamos
ainda a uns 20 anos de distância do nível de conquista de lá, comparando especialmente
naquilo que é minha especialidade, que é a leitura sobre a representação do
negro na mídia e na televisão.</span></div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-84989574550830576412014-11-12T04:35:00.000-08:002014-11-12T04:35:34.751-08:00Máscaras e lugares de Valda Costa<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4AgWydp56ntZPt6nshFBOPwt4TqSK88iG1ZkOQz1bSc2nAQJzXrWdAA30c_ESE_chUA4z5qYhu9cBq0jtegb55t92qyjMeDCY-3JARKk4I-NLRYUtqOxJVvy7TchOqU9Ro2f0PsYpcjA/s1600/foto+a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="271" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4AgWydp56ntZPt6nshFBOPwt4TqSK88iG1ZkOQz1bSc2nAQJzXrWdAA30c_ESE_chUA4z5qYhu9cBq0jtegb55t92qyjMeDCY-3JARKk4I-NLRYUtqOxJVvy7TchOqU9Ro2f0PsYpcjA/s400/foto+a.jpg" width="400" /></a></div>
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if !mso]><img src="//img2.blogblog.com/img/video_object.png" style="background-color: #b2b2b2; " class="BLOGGER-object-element tr_noresize tr_placeholder" id="ieooui" data-original-id="ieooui" />
<style>
st2\:*{behavior:url(#ieooui) }st1\:*{behavior:url(#ieooui) }st3\:*{behavior:url(#ieooui) }st4\:*{behavior:url(#ieooui) }
</style>
<![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
table.MsoTableGrid
{mso-style-name:"Tabela com grade";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-unhide:no;
border:solid windowtext 1.0pt;
mso-border-alt:solid windowtext .5pt;
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-border-insideh:.5pt solid windowtext;
mso-border-insidev:.5pt solid windowtext;
mso-tstyle-vert-align:middle;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:10.0pt;
font-family:"Times New Roman","serif";
mso-fareast-font-family:"Times New Roman";}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Diz-se
que os olhos
são os espelhos
da alma, pois
refletem e deixam refletir as sensações
e os desejos, como
aponta Chauí (1988). Segundo Leonardo da
Vinci, os olhos são
a janela do corpo,
“por onde
a alma especula e frui a beleza
do mundo, aceitando a prisão
do corpo que,
sem esse
poder, seria um
tormento” (CHAUÍ, 1988, p. 31). O poder dos olhos em
Valda Costa está na constância melancólica, é quase
uma marca registrada da artista. Para aqueles que a
conheceram, como Eliane Oliveira, os olhos
dos personagens de Valda são os olhos
dela própria, que
tais quais
os do seu pai,
“seu” Timóteo, tinham esse ar de tristeza e melancolia”<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn1" name="_ednref1" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[1]</span></span></span></span></a></span>
</span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">O
paradoxo é a marca. A obra está inserida em
muitos lugares
e, ao mesmo tempo,
em nenhum
lugar. Talvez
esteja num <i style="mso-bidi-font-style: normal;">entre-lugar</i>. Valda viveu
no limiar<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn2" name="_ednref2" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[2]</span></span></span></span></a></span>:
a exuberância das formas
e das cores é compartilhada com a tristeza e a melancolia fixada nos
traços e, muitas vezes,
no corpo de suas
figuras, que
são, provavelmente, desdobramentos da artista, já que possuem os mesmos
padrões visuais.
São esses
os vários duplos
de Valda Costa? Será uma tipologia (séries)
criada propositalmente pela artista, que, segundo
consta, foi a primeira<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn3" name="_ednref3" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[3]</span></span></span></span></a></span>
a pintar o cotidiano de negros e negras no Estado
de Santa Catarina? </span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> </span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">A
produção de Valda Costa
indica esse possível
caminho, já
que há repetição
de tipos ou
séries. A palavra
“série”, quando
aplicada à pintura, pode ser
descrita para as obras
encomendadas por um
patrono, cujo
tema dá unidade
ao grupo, e que
são expostas em
conjunto, ou
para as obras
realizadas ao mesmo tempo<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn4" name="_ednref4" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[4]</span></span></span></span></a></span>
com procedimentos técnicos
semelhantes a partir
de motivos idênticos
ou similares,
desde que
a série seja intencionada pelo
artista e exibida em
conjunto. </span>
</div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Em</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">
Valda Costa</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">, as séries
se referem<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn5" name="_ednref5" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[5]</span></span></span></span></a></span>
a uma ordenação do seu
mundo, na repetição
de tipos, na construção
de possíveis versões
de si. Segundo
Lacan (1998, p. 448-453), a repetição de
um mesmo,
ao ser repetido, inscreve-se como
distinto, já
que a repetição
possui o estatuto de uma “intrusão conceitual”, de uma insistência
significante. Os elementos
se repetem para fazer aparecer deliberadamente o que
não se mostra. Valda se repetiu, se
mostrou e se ocultou<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn6" name="_ednref6" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[6]</span></span></span></span></a></span> nas
suas telas,
pintou vida desejada e vivida, narrou através
das tintas. </span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCfLg9L481tZK9_9BUGuwEpZlDJCSr94fv-gccyCph6obad7sjs260JIqfpo-tvGM1E7SWm8UCREFECRe-ahr0MoLWup2GWD6O6e09ZAUAvOdVh1IWKu0hwfhnIgHAGkDg809_DLIIJe0/s1600/foto+b.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjCfLg9L481tZK9_9BUGuwEpZlDJCSr94fv-gccyCph6obad7sjs260JIqfpo-tvGM1E7SWm8UCREFECRe-ahr0MoLWup2GWD6O6e09ZAUAvOdVh1IWKu0hwfhnIgHAGkDg809_DLIIJe0/s320/foto+b.jpg" width="226" /></a></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"></span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Negros</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">, jovens, fortes, belos. Homens duplicados, homens
dos desejos de Valda: seus filhos, seus amores.
Valda amava os negros. Todo homem
afrodescendente, “de porte”, que chegava ou
passava por Florianópolis ela namorava. Eram modelos,
jogadores de futebol,
músicos, artistas.
Em depoimento,
o artista plástico
Décio David<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn7" name="_ednref7" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[7]</span></span></span></span></a></span>
disse que “Valda Costa
teve vários namorados,
mas nenhuma paixão
foi igual à que
ela teve pelo
Marcão<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn8" name="_ednref8" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[8]</span></span></span></span></a></span>”.
</span>
</div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Várias
vidas, várias faces,
várias telas (ou
seriam palcos?). Por
um lado,
como Nina, foi mãe,
filha, esposa.
Como Vivalda Teresinha da Costa trabalhou como
enfermeira<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn9" name="_ednref9" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[9]</span></span></span></span></a></span>
e cabeleireira, levando uma vida simples, sem brilho, sem <i style="mso-bidi-font-style: normal;">glamour</i>. Mas,
por outro,
também como
Valda Costa (como
passou a assinar o seu
nome nas telas),
conheceu o mundo da fama,
teve o respaldo de políticos, críticos e <i style="mso-bidi-font-style: normal;">marchands</i>, comprou carro e apartamento,
teve luxo e reconhecimento.
Pediu de tudo e para
todos, viveu de favores
e teve muitos amores.
Mas somente um a levou à loucura.
Qual dessas vidas
lhe pertencia?<span style="font-size: xx-small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn10" name="_ednref10" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;">[10]</span></span></span></span></a></span></span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicoiiaV0oWxXTymVHCk-4SJhy6Ic1074kXcpngYwE3ept59PRscbiPOWdmRqLeX1Z8yoj4ZtYmk1XCs_LbXaVnjl8jFpjNbvY38QP7Mq3JVOZb4Tf2cQX0idufRpAhvVKqgZ1aRqc89VI/s1600/foto+c.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEicoiiaV0oWxXTymVHCk-4SJhy6Ic1074kXcpngYwE3ept59PRscbiPOWdmRqLeX1Z8yoj4ZtYmk1XCs_LbXaVnjl8jFpjNbvY38QP7Mq3JVOZb4Tf2cQX0idufRpAhvVKqgZ1aRqc89VI/s400/foto+c.jpg" width="258" /></a></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="font-size: xx-small;"><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Arial","sans-serif"; line-height: 115%;"></span></span></span></span></span></span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Ninfas</span><span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"> negras, jovens,
belas e sensuais. Amantes
da música e das artes.
As faces retratadas são
a mesma face,
as máscaras são
diversas. O vestido listrado saiu muitas
vezes do guarda-roupa
da memória, assim
como os acessórios.
O retrato (ou
auto-retrato) é pintado
(na maioria das vezes
em primeiro plano) por baixo de uma camada de tinta (ou seria
pó-de-arroz?) que
mascara a face. O pincel
“é assim como
um bisturi.
Será também uma navalha,
um raspador, e por
que não,
uma picareta? Isto
é também um
trabalho de arqueologia”
(saramago, 1999). </span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;">Valda incansavelmente retirou e recolocou camadas de tintas,
se fez em arquivo
dando visibilidade às suas diversas faces.
Pintou tudo o que
pode e desejou ver e dizer
(ou mesmo
esconder) de si,
se construiu e reconstruiu na vida paralela que
criou (pintou) para si.</span>
</div>
<div class="TextoCharCharCharChar" style="text-indent: 36.0pt;">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%;"><span style="mso-spacerun: yes;"></span></span><i style="mso-bidi-font-style: normal;">Texto extraído da Tese “Para uma história das sensibilidades e das
percepções: Vida e Obra em Valda Costa”, de Jacqueline Wildi Lins. </i></div>
<div align="center">
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTableGrid" style="border-collapse: collapse; border: none; margin-left: 14.45pt; mso-border-insideh: none; mso-border-insidev: none; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 480;">
<tbody>
<tr style="mso-yfti-firstrow: yes; mso-yfti-irow: 0; mso-yfti-lastrow: yes;">
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 145.75pt;" width="194">
<div align="center" class="TextoCharCharCharChar" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
</td>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 145.75pt;" width="194">
<div align="center" class="TextoCharCharCharChar" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
</td>
<td style="padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 145.8pt;" width="194">
<div align="center" class="TextoCharCharCharChar" style="text-align: center; text-indent: 0cm;">
<br /></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div style="mso-element: endnote-list;">
<br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="edn1" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref1" name="_edn1" style="mso-endnote-id: edn1;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[1]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Eliane Oliveira, funcionária pública e amiga de Valda
Costa, freqüentou a casa da artista no Morro do Mocotó e depois dividiu com ela
um apartamento no bairro Itaguaçu durante dois anos, na década de 1980. Em
entrevista, disse que só deixou de morar com a amiga depois que Valda conheceu
Marco Antônio Riobranco dos Santos (OLIVEIRA, 2007).</span></div>
</div>
<div id="edn2" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref2" name="_edn2" style="mso-endnote-id: edn2;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[2]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Valda Costa sempre viveu no limiar, seja o da fama ou
o do total esquecimento, o da riqueza ou o da pobreza, o da alegria ou o da
tristeza, o do reconhecimento ou o da rejeição, entre outros.</span></div>
</div>
<div id="edn3" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref3" name="_edn3" style="mso-endnote-id: edn3;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[3]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Martinho de Haro, entre outros artistas de Santa
Catarina, já haviam inserido o morro e as mulatas em suas temáticas, mas com
uma conotação mais vinculada à exuberância, ao Carnaval e à sensualidade. </span></div>
</div>
<div id="edn4" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref4" name="_edn4" style="mso-endnote-id: edn4;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[4]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> No caso de Valda Costa, acredito que não houve
exposição em conjunto de séries. Todas as exposições elencadas em seu currículo
foram investigadas, e nenhum documento foi encontrado. Além do MASC, as demais
instituições pesquisadas não possuem registros anteriores à década de 1990.</span></div>
</div>
<div id="edn5" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref5" name="_edn5" style="mso-endnote-id: edn5;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[5]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Valda também realizava séries (ou, talvez, fosse mais
conveniente dizer repetições de temas) por encomendas.</span></div>
</div>
<div id="edn6" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref6" name="_edn6" style="mso-endnote-id: edn6;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[6]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Segundo o depoimento de José Ricardo Ramos de Souza,
proprietário da molduraria ARTCA (molduraria que emoldurou muitas obras de
Valda), Valda se escondia atrás de suas telas, criava outras Valdas, duplos
dela mesma.</span></div>
</div>
<div id="edn7" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref7" name="_edn7" style="mso-endnote-id: edn7;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[7]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Décio David, artista plástico, pintor autodidata,
amigo de Valda Costa, de quem possui grande influência estilística. É
coordenador do Núcleo de Estudos Negros (NEN). Segundo Décio, Marcão foi a
grande paixão de Valda Costa, negro bonito vindo do Rio Grande do Sul e pai de
cinco dos seis filhos da artista (DAVID, 2005). </span></div>
</div>
<div id="edn8" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref8" name="_edn8" style="mso-endnote-id: edn8;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[8]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Marco Antônio Riobranco dos Santos viveu muitos anos
com Valda Costa, e o casal teve cinco filhos, uma menina e quatro rapazes.
Marcão, como era conhecido, é gaúcho e chegou em Florianópolis para trabalhar como
modelo (manequim). Teve problemas com a Justiça e foi por diversas vezes preso.
Cursou, na Universidade Federal de Santa Catarina, Geografia e Filosofia, não
terminou nenhum dos dois cursos (abandonou o primeiro em 1996 e o segundo em
2002). Hoje é aposentado por invalidez pela Universidade Federal de Santa
Catarina, onde trabalhou como jardineiro alocado na Prefeitura do Campus.</span></div>
</div>
<div id="edn9" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref9" name="_edn9" style="mso-endnote-id: edn9;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[9]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Segundo depoimento do Dr. Gerent, médico do Hospital
de Caridade desde os anos 1970, Valda Costa trabalhava no setor de serviços
gerais daquela instituição (</span><span style="font-size: 12.0pt; mso-bidi-font-family: Arial;">GERENT, 2007)</span><span style="font-size: 12.0pt;">.</span></div>
</div>
<div id="edn10" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref10" name="_edn10" style="mso-endnote-id: edn10;" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-size: 12.0pt;"><span style="mso-special-character: footnote;"><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: "Times New Roman"; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">[10]</span></span></span></span></span></a><span style="font-size: 12.0pt;"> Talvez como o personagem Omar Kayan, de Fernando
Pessoa, Valda tivesse muitas e diferentes personalidades: “Omar tinha uma
personalidade; eu, feliz ou infelizmente, não tenho nenhuma. Do que sou numa
hora na hora seguinte me separo; do que fui num dia no dia seguinte me esqueci.
Quem, como Omar, é quem é, vive num só mundo, que é o externo, mas num
sucessivo e diverso mundo interno. A sua filosofia, ainda que queira ser a
mesma que a de Omar, forçosamente o não poderá ser. Assim, sem que deveras o
queira, tenho em mim, como se fossem almas, as filosofias que critique; Omar
podia rejeitar todas, pois lhes eram externas, não as posso eu rejeitar, porque
são eu” (PESSOA, 1999, p. 395).</span></div>
</div>
</div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4764782080483396830.post-79731627423758105002014-11-11T02:19:00.001-08:002014-11-11T02:19:54.566-08:00Encontro com Valda Costa<!--[if gte mso 9]><xml>
<o:OfficeDocumentSettings>
<o:AllowPNG/>
</o:OfficeDocumentSettings>
</xml><![endif]--><br />
<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if !mso]><img src="//img2.blogblog.com/img/video_object.png" style="background-color: #b2b2b2; " class="BLOGGER-object-element tr_noresize tr_placeholder" id="ieooui" data-original-id="ieooui" />
<style>
st2\:*{behavior:url(#ieooui) }st1\:*{behavior:url(#ieooui) }
</style>
<![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin-top:0cm;
mso-para-margin-right:0cm;
mso-para-margin-bottom:10.0pt;
mso-para-margin-left:0cm;
line-height:115%;
mso-pagination:widow-orphan;
font-size:11.0pt;
font-family:"Calibri","sans-serif";
mso-ascii-font-family:Calibri;
mso-ascii-theme-font:minor-latin;
mso-hansi-font-family:Calibri;
mso-hansi-theme-font:minor-latin;
mso-bidi-font-family:"Times New Roman";
mso-bidi-theme-font:minor-bidi;
mso-fareast-language:EN-US;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixu9kTfec3JSHv6qxIVRXcIff90BRetkJhwkqqqhhIBGzrn3h2ofHvqIAH-GBxN_Y-GSDvaZnKSRDY_B9LC35F6XoXOTmBrCVhH0c0GbqJeLp6Q6aNz0P7hdsk_rLb6HihltIzVqzZP1Q/s1600/foto+4.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixu9kTfec3JSHv6qxIVRXcIff90BRetkJhwkqqqhhIBGzrn3h2ofHvqIAH-GBxN_Y-GSDvaZnKSRDY_B9LC35F6XoXOTmBrCVhH0c0GbqJeLp6Q6aNz0P7hdsk_rLb6HihltIzVqzZP1Q/s1600/foto+4.jpg" height="345" width="400" /></a></div>
<div class="TextoCharCharCharChar" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Ao olhar um quadro de
Valda Costa no MASC, na década de 1980, fui capturada por
uma imagem que
me deteve por
alguns instantes:
uma ninfa negra
de cabelos loiros, tal
qual Afrodite, nascida
das espumas do mar,
que me
olhava com olhos
grandes, tristes
e penetrantes como
das estátuas votivas da antiga Mesopotâmia. A roupa
leve e transparente
confundia-se com as ondas
do mar e com
o corpo bem
torneado da deusa do amor, do sexo, da fecundidade, do casamento e da beleza corporal. De quem
era essa obra?
Quem era
essa deusa que se projetava no primeiro plano do quadro com leveza, sensualidade,
com ar
melancólico e brejeiro? Seria um auto-retrato
da artista que
pintou a tela? </span></span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">
</span></span><div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">No mesmo museu, descobri mais
quatro obras
da mesma artista.
Todas as quatro, diferentemente
da primeira, retratavam temas vinculados à cidade
de Florianópolis, nos seus aspectos urbanos e culturais. Outra
coisa me
intrigou, sobretudo na obra
intitulada <i>Morro</i>,
na qual também
projetados no primeiro plano
do quadro se encontram e desencontram “casebres” de madeiras
espremendo-se uns aos outros.</span></span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR__l68sWarfEPg26ZkhAeuE0VsX5aUH9T6SbE1rUZQyuvj-XiM7vwUw6sEmvlqnNMW2gOxijYNUTNUbGYTTwattVuuF07PgeAKKPy7LU8DgDrShBfDg9YLJdmq1YaZGW9gmnLd3GqcdQ/s1600/foto3.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgR__l68sWarfEPg26ZkhAeuE0VsX5aUH9T6SbE1rUZQyuvj-XiM7vwUw6sEmvlqnNMW2gOxijYNUTNUbGYTTwattVuuF07PgeAKKPy7LU8DgDrShBfDg9YLJdmq1YaZGW9gmnLd3GqcdQ/s1600/foto3.jpg" height="360" width="400" /></a></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"> O que se
destaca aos olhos do observador
são os telhados
que dão ritmo
e profundidade à composição.
Seria esse o quintal
da casa de Valda Costa?
O ângulo de visão
da artista é o de quem
tinha intimidade
com o local:
roupas penduradas nos
varais, portas
e janelas semi-abertas, simplicidade, frescor. A vida que passa de forma simples elaborada e vivida
na tela: poética
das imagens do dia-a-dia
da artista. Na introdução
do seu livro
<i>A Poética
do Espaço,</i> Bachelard (1993, p. 6)
diz que no “devaneio
poético a alma está em
vigília, [pois]
[...] para ter uma imagem poética não lhe é necessário mais do que um movimento da alma”.
O quadro da artista
retrata o movimento
do deslumbramento diante das imagens banais
do cotidiano.</span></span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">
</span></span><div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Com um olhar próprio
e peculiar sobre
os aspectos físicos
e culturais de Florianópolis, Valda Costa
tratou a temática da cidade, muito
difundida e apreciada pelos colecionadores e tão
presente na iconografia
artística local,
de forma inovadora: incorporou às suas telas o elemento “morro”
e os personagens afrodescendentes.
Seriam essas obras narrativas
biográficas? Seriam espelhos opacos de uma vida?
As superfícies das telas
de Valda Costa seriam espelhos de suas
várias imagens, dos seus
vários “eus”?
Seriam os espaços criados
para a reinvenção de outros
mundos, lugares,
vidas desejadas e, talvez,
jamais vividas, a não
ser pelo desejo?</span></span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">
</span></span><div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">Para compartilhar
o mundo de Valda Costa,
fez-se necessário penetrar
nas entranhas de sua
vasta produção,
pois muito pouco resta
documentado sobre a artista,
nada ou
quase nada
foi escrito sobre
ela: sobraram somente
alguns fragmentos
de jornais que
anunciam as suas exposições
e as narrativas orais
daqueles que a conheceram, além de algumas poucas entrevistas
concedidas pela própria
artista. </span></span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTL841Njvjv9uYUKnOsGY-Ie3dDpceQh_Yxfq-rMpDdlhOFfOGbCbJZKxZpTQW6EWoXU9iGaMOjmo0dqdGfLKYoKoh7iCIx4_6KMmahjG9HG_EhAxCFtMI396Wd84skVHFgwP_h0v2QW4/s1600/foto2.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgTL841Njvjv9uYUKnOsGY-Ie3dDpceQh_Yxfq-rMpDdlhOFfOGbCbJZKxZpTQW6EWoXU9iGaMOjmo0dqdGfLKYoKoh7iCIx4_6KMmahjG9HG_EhAxCFtMI396Wd84skVHFgwP_h0v2QW4/s1600/foto2.jpg" height="252" width="320" /></a></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">As imagens
ficaram retidas na minha memória como um enigma. Em 2004, quando
da elaboração do projeto
de doutorado, novamente
essas imagens povoaram os meus pensamentos.
Debruçando-me mais sobre
a obra de Valda Costa,
percebi o quanto está impregnada de vida. As referências
de vida estão na obra,
e vice-versa: o morro,
o negro, a negra,
o Hospital de Caridade, local
onde Valda trabalhou por muitos anos como atendente de enfermagem<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn1" name="_ednref1" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="line-height: 115%;">[1]</span></span></span></span></a>
e onde vendeu as suas
primeiras obras.</span></span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">
</span></span><div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">A Alfândega foi o espaço
que “a acolheu”. Foi por meio da Associação Catarinense de Artistas Plásticos
(ACAP), localizada na Alfândega, na figura
do seu presidente,
José Pedro Heil, que Valda conseguiu ser internada no Instituto
de Psiquiatria, em
1993. Além disso, foi nesse mesmo espaço que ela
produziu boa parte de sua obra nos momentos mais difíceis do final
de sua curta
vida. Seria a obra
de Valda Costa um
auto-retrato? Uma autobiografia? </span></span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVSnP10tdGJapbQkOW35DE5ZA-Zn-8A9q_02xHwVuvyKbjxKBaCDNskOho1Sf-6DxGOFllRpi7ChZBl8TnJt5tjyiNsv07W9tIwoSGGI2_LT5LAyKLPjAbviiUgoK9qcvjMBr2y4hIBsw/s1600/foto1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVSnP10tdGJapbQkOW35DE5ZA-Zn-8A9q_02xHwVuvyKbjxKBaCDNskOho1Sf-6DxGOFllRpi7ChZBl8TnJt5tjyiNsv07W9tIwoSGGI2_LT5LAyKLPjAbviiUgoK9qcvjMBr2y4hIBsw/s1600/foto1.jpg" height="330" width="400" /></a></div>
<div class="TextoCharCharCharChar">
<br /></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"></span></span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"> </span></span><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"></span><div class="TextoCharCharCharChar">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">O fenômeno, se assim pudermos descrever
Valda Costa, foi marcado pela fugacidade
e pelo paradoxo.
Sua vida
e sua obra
também estavam presas
pelo paradoxo,
talvez em
virtude da procura
por algo
que sempre
lhe tenha escapado pelos
dedos. Valda ficou presa
ao seu mundo,
avançou num lugar fixo,
viveu sem ter
sido capaz de juntar os seus
traços incompletos
de identidade, foi privada
de identidades construídas por ela mesma<a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_edn2" name="_ednref2" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="line-height: 115%;">[2]</span></span></span></span></a>.
Será essa a sua angústia
melancólica traduzida nos olhos dos personagens
pintados em
suas telas?
</span></span></div>
<div class="TextoCharCharCharChar" style="text-indent: 0cm;">
<br /></div>
<div class="TextoCharCharCharChar" style="text-indent: 0cm;">
<i style="mso-bidi-font-style: normal;">Texto extraído da Tese “Para uma história das sensibilidades e das
percepções: Vida e Obra em Valda Costa”, de Jacqueline Wildi Lins. </i></div>
<div style="mso-element: endnote-list;">
<br clear="all" />
<hr align="left" size="1" width="33%" />
<div id="edn1" style="mso-element: endnote;">
<div class="MsoEndnoteText">
<span style="font-size: small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref1" name="_edn1" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="font-family: "Calibri","sans-serif"; line-height: 115%;">[<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">1]</span></span></span></span></span></a><span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;">
Essa informação consta no currículo da artista, extraído da pasta encontrada no
acervo do Museu de Arte de Santa Catarina. Entretanto, alguns funcionários do
Hospital de Caridade (que trabalharam com Valda Costa) e os médicos Vilmar
Gerent e Hercílio Varela, ambos funcionários daquela instituição e também
colecionadores das obras da artista, afirmaram em depoimentos que ela atuou não
como enfermeira ou ajudante de enfermagem, e sim como servente ou serviços
gerais.</span></span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">
</span></span></div>
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">
</span></span><div id="edn2" style="mso-element: endnote;">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;">
</span></span><div class="MsoEndnoteText">
<span style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><span style="font-size: small;"><a href="https://www.blogger.com/blogger.g?blogID=4764782080483396830#_ednref2" name="_edn2" title=""><span class="MsoEndnoteReference"><span><span class="MsoEndnoteReference"><span style="line-height: 115%;">[2]</span></span></span></span></a>
Valda Costa, como veremos na seqüência desta pesquisa, circulou em diferentes
espaços de Florianópolis, conviveu com pessoas de diversas classes sociais,
morou em diversos locais da cidade: viveu várias vidas e incorporou várias personagens.
Entretanto, ficou presa ao seu mundo, terminando a sua trajetória de vida (ou
“das várias vidas”) num lugar de passagem, porém fixo, ou seja, do mesmo ponto
de onde partiu. Nesse sentido, utilizo o termo “lugar fixo” inspirada na metáfora
do barco utilizada por Foucault (2001, p. 421-22): “o barco é um pedaço de
espaço flutuante, um lugar sem lugar que vive por si mesmo, que é fechado em si
e ao mesmo tempo lançado ao infinito do mar e que, de porto em porto, de
escapada em escapada para a terra, de bordel a bordel, chega até as colônias
para procurar o que elas encerram de mais precioso em seus jardins”. Você
compreenderá por que o barco foi para a nossa civilização, do século XVI aos
nossos dias, ao mesmo tempo e não apenas, certamente, o maior instrumento de
desenvolvimento econômico (não é disso que falo hoje), mas a maior reserva de
imaginação. O navio é a heterotopia por excelência”. É importante não perder de
vista que, a partir de análises literárias, Foucault (1981) afirma que não
vivemos em espaços homogêneos: “o espaço no qual vivemos, pelo qual somos
atraídos para fora de nós mesmos, no qual decorre precisamente a erosão de
nossa vida, de nosso tempo, de nossa história, esse espaço que nos corrói e nos
sulca é também em si mesmo um espaço heterogêneo”. O autor nomeia os espaços,
ou seja, as <i>utopias, </i>que são os posicionamentos sem lugar real, espaços
essencialmente irreais que nos possibilitam as fábulas e as <span>heterotopias</span>: lugares reais,
delineados pela instituição sociedade, nos quais os posicionamentos reais estão
representados e invertidos. Esses lugares são utopias realizadas, lugares de
representações culturais. O lugar existe realmente, e nele há a representação
de posicionamentos culturais. <span>São
lugares que estão fora de todos os lugares (</span>FOUCAULT, 1981).</span></span></div>
</div>
</div>
jogos da memoriahttp://www.blogger.com/profile/14188957243862978889noreply@blogger.com1